FT-CI

Terremoto no Peru

As duas caras da barbárie

22/08/2007

As duas caras da barbárie

O terremoto em cifras

500 mortos

1.500 feridos

45.000 moradias
afetadas

250.000
prejudicados

O Peru dos capitalistas

70 meses ininterruptos de crescimento econômico.
8% em 2006

20% anual é o que crescem as exportações da mineração
(coração da economia)

21.000 milhões de dólares as reservas alcançam

32% é o que cresceu a rentabilidade das empresas
neste ano de 2007

O Peru operário e popular

50% da população vive na pobreza

50 crianças morrem de fome a cada dia

5 millones de pessoas vivem na pobreza extrema

75% da População Economicamente Ativa não tem
trabalho estável

2 millones de crianças se vem obrigadas a trabalhar

4% foi a queda do salário entre 2006 e 2007

 

A opinião pública mundial e os povos da América Latina voltaram sua atenção aos trabalhadores e habitantes do sul do Peru, os quais na quarta-feira, 15 de agosto, ás 18:41h, se viram surpresamente flagelados pela fúria de um terremoto que alcançou os 7,9 graus na escala Richter, ficando presos a tragédia , o caos e o desespero dos setores populares mais excluídos e ás margens, estes são a maioria, que não só se viram afetados pelo desastre natural mas também pela a incompetência e negligência do Governo Central reacionário e anti-popular do APRA, cuja resposta ao ocorrido tem sido tão catastrófica como o próprio terremoto, tal é a arrogância de Alan Garcia que há alguns minutos do terremoto se aventurou numa improvisada e demagógica Mensagem ã Nação a minimizar os reais danos sociais e humanos; referindo-se ao terremoto, as palavras imediatas deste meticuloso e nefasto governante peruano foram: “...por sorte não trouxe como conseqüência uma catástrofe com um imenso número de vítimas como seria previsível...”.

A realidade não pôde ser maquilada e o desastre natural deixou descoberto o desastre social de todas as gestões governamentais instaladas a cada 5 anos, assim por exemplo o atual governo se encarregou de sustentar anti-democraticamente a mesma política entreguista de concessão, de contratos firmados de baixo da mesa que a ditadura fujimorista estabeleceu com as transnacionais no marco da primeira onda neoliberal dos anos 90. O epicentro do terremoto se localizou a 114 km. da cidade de Ica, a mesma que se encontra ao Sudeste de Lima (capital peruana), os efeitos e conseqüências se sentiram em maior magnitude sobre as províncias de Pisco, Chincha e demais povos de Ica, deixando materializados os danos e prejuízos nas remediações dos cascos urbanos, isto é, nos Povos Jovens, também chamados Assentamentos Humanos (Vilas de Emergência) onde mais da metade dos que lá residem vive em extrema pobreza, até o momento se contabilizou aproximadamente a destruição de mais de 35.214 moradias; isto reflete o carente plano nacional de moradia sujeito ã situação laboral do proletário peruano que com um salário que nem sequer se iguala ao salário mínimo vital, aprisionado em leis de flexibilização trabalhista de acordo com a constituição fujimorista golpista de 93 e condicionado ao sistema de SERVICES (empresas de subemprego) se vê obrigado a subsistir sob o teto de moradias precárias.

O terremoto que durou 3 minutos, com 30 segundos afligiu milhares de famílias pobres, nestas situações os ricos são os que estão em melhores cuidados, até do dia de hoje foram registrados 540 mortos, mais de 1040 feridos junto a 33.939 famílias prejudicadas num total de 176.000 pessoas, enquanto que em Huancavelica, outra região afetada o número chega ã 25.000 pessoas prejudicadas.
O Fenômeno natural deixou destampado o caráter burocrático e parasitário de um Estado ã serviço do grande capital e das classes dominantes, o qual se viu incapacitado neste momento de socialmente dar assistência ã população do Sul e que ensaiando fórmulas misericordiosas e através do jargão patriótico pretende forrar as necessidades de alimentação, abrigo e água potável e com certeza até conseguir a “normalização” da zona de emergência, está claro que também aspira a assinalar inimigos invisíveis, culpar mais uma vez da miserável condição social do povo a “impaciência da natureza ou algum desígnio divino”.
Os mais beneficiados a origem do terremoto têm sido os que por décadas detêm os meios de produção e comunicação, o capital e a especulação burlaram tremenda dor humana, assim ocorreu quando a segundos, minutos e horas depois do terremoto, no momento que mais se necessitava da comunicação telefônica, as linhas telefônicas entraram em colapso e caíram as redes de telefonia fixa e celular, sem que as principais torres e antenas sofressem danos de gravidade, isto só confirma o que é o pão de cada dia no Peru , esta empresa que cobra as tarifas mais altas da América do Sul presta um serviço depreciado de última qualidade ao povo peruano, nesta situação a TELEFONICA espanhola deixou milhares de pessoas isoladas que urgiam ajuda encontrando-se sob escombros igualmente por quererem tomar conhecimento e contato com seus familiares, frente a isso a Empresa Espanhola Telefônica que tem o monopólio do sistema telefônico no Peru se desprendeu de toda a responsabilidade e o certo é que em nenhum momento o Estado Peruano firmou um contrato de prevenção para emergências naturais e tampouco esperemos que o faça, este governo que até o dia de hoje somente soube se colocar de joelhos frente a ela, pese ás promessas de García na etapa eleitoral de combater seus abusos.

A presença desta empresa é indignante, o contínuo aumento das tarifas afeta o bem-estar dos consumidores; em especial, o daqueles que pertencem aos extratos de menores receitas, a renda básica se mantém no mesmo nível de custo e porcentagem, para conhecimento dos irmãos proletários do exterior esta empresa, a Telefônica Perú Holding S.A.C., liderada pela Telefônica Internacional S.A. da Espanha (TISA), ingressa ao país no ano de 1994, quando o sábio Fujimori em uma sabasta pública lhes entrega a preço de banana a Companhia Peruana de Telefones (CPT) e a Empresa Nacional de Telecomunicações S.A. (ENTEL - Peru), além de Convênios de Estabilidade Jurídica por 10 anos e o monopólio na telefonia fixa, este último totalmente anticonstitucional. Fica claro que o plano regularizador do governo frente a estas empresas e seu papel fiscalizador, é só uma estafa, a estafa do capital, dos contratos em quatro paredes, muitas vidas poderiam ser salvas entretanto esta grave negligência, produto da corrupção estatal causou uma intensa consternação nos lugares mais humildes e pobres do Peru.

Os fornecedores de primeira necessidade entraram em escasez e seu custo triplicou, assim por exemplo um pote de leite cujo custo convencional é de 2 Novos Soles (moeda nacional) gira agora em torno de 5 novos Soles. Por outro lado as linhas de transporte interestadual dispararam o preço de suas passagens frente os estáticos olhos de um governo que atua em omissão total frente ã especulação inescrupulosa dos empresários e capitalistas dos transportes,Não estava ali o Presidente Garcia! Que impor o plano “Tolerância Zero”, o qual você mesmo impulsionou para demagogicamente salvaguardar a vida dos passageiros nas estradas. Nos últimos dias os saques se desenvolveram em maior intensidade, grupos humanos por bairros, familiares golpeados pela barbárie da natureza e do estado, se lançaram ás ações de saque para cobrir suas mínimas e mais elementares necessidades biológicas, já que as supostas doações acaba sendo retidas e presos no recorrido e burocrático trâmite das instituições do Estado como o “Instituto Nacional de Defesa Civil”, onde publicamente já veio ã tona mais de um caso de corrupção por funcionários altos e médios.

O saque é a expressão social e o sintoma de uma população excluída e abandonada, é um fato de caráter social que como tal deve ser solucionado num marco de ações e ajuda social concreta não através de métodos policialescos ou militarizando a zona como o governo já vem fazendo.
Vem se produzindo contínuas réplicas, 23 delas sentidas pela população em um número total de 600 contabilizadas pelo Instituto Geofísico do Peru, registrando no dia 20 de Agosto dois intensos terremotos, um deles com movimentos de até 5,7 graus na escala de Richter, entre o polvoeiro, as destruições e o frio se presume mais de 1 000 casos de pessoas com problemas respiratórios.

Junto ao Ica, o Departamento de Huancavelica localizado em plena serra sul-central do Peru vem mostrando alarmantes danos conforme se acede os povos que em sua maioria se encontram isolados, inclusive até a data de comunicação telefônica, as perdas humanas são grandiosas e habitantes em sua maioria camponeses pobres sobrevivem ingerindo caldo de ossos de burro.

Sem dúvida este desastre natural não poderia ser interrompido mas o que sim é inegável são os métodos de prevenção e ajuda imediata que poderiam ter minimizado radicalmente os danos e perdas humanas assim como as materiais, mas que jamais foram colocados em efeito pelo Estado, a negligência reinou como sempre em todas as instituições burguesas.

Os fenômenos ou embates da natureza podem ser resistidos desde a técnica, a ciência e o conhecimento humano, ainda que para isso necessariamente o proletariado tenha que estar sobre seu domínio, o proletariado deve travar uma luta irreconciliável contra a burguesia e empresários oportunistas de brandos corações filantrópicos, estes lobos disfarçados de cordeiros que não têm dúvida em tirar vantagem mercantilista da ao difícil para o povo pobre e ás margens do Peru, o proletariado é a única classe capaz de proteger a humanidade de toda forma de barbárie.

Por: Ariel Machuca, militante Trotskista peruano

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