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Chile: Eleições presidenciais

O triunfo de Bachelet e a situação política no Chile

14/02/2006

O triunfo de Bachelet e a situação política no Chile

Por: Classe contra Classe (Chile)

Fonte: La Verdade Obrera N° 179.

O triunfo de Michelle Bachelet, a candidata do atual governo sobre Sebastián Piñera [1]atingiu uma inesperada distância de 7%, e transforma a este no quarto governo contínuo da Concertación desde o fim da ditadura. Sem contar a ditadura de Pinochet, a direita não atinge o governo por meio de eleições há 48 anos. A surpresa esteve em que as tendências ao declínio da Concertación possibilitaram prever um possível triunfo da direita. O principal papel da Concertación no Chile todos estes anos foi o de conter e canalizar as demandas e aspirações da classe trabalhadora e do povo pobre, assegurando a estabilidade da democracia para os ricos.

Com a chantagem da Concertación vs. os autoritários funcionários e filhos da ditadura da direita, durante estes últimos anos, o oficialismo avançou em aprofundar a herança da ditadura: ainda que a principal empresa de cobre (“o salário do Chile”, sua principal riqueza, que representa 50% das exportações) Codelco, continua nas mãos do Estado, 70% do cobre são explorados por empresas privadas nacionais e estrangeiras, privatizaram-se empresas de serviços públicos (como a água e a eletricidade), fecharam-se as minas de carvão afundando povoados inteiros, manteve-se no essencial a legislação anti- operária [2].

Não só o peso da ditadura e sua herança acabou produzindo uma nova derrota na direita (vários integrantes da direitista Aliança pelo Chile foram marcantes funcionários na ditadura). Outro ponto na contramão foi que seu candidato, Piñera, é um poderoso empresário com uma das maiores fortunas do Chile, dono, entre outras, da empresa de aviação LAN, acusada de perseguir dirigentes sindicais e de aplicar péssimas condições de trabalho.

Mais uma vez, esta oposição contribuiu para dar fôlego ã Concertación que vem em declínio, reestabilizando, ainda que mais fragilmente, ã democracia para os ricos até agora se sustentava principalmente na Concertación. Mas não foi só isto.

Apoiados em seu flanco esquerdo

Não só a ameaça de direita, nem tampouco as tendências ao declive da Concertación (visível na muito significativa perda de votos e de parlamentares de seu partido eixo, a Democracia Cristã), senão que também fatos da luta de classes, deram o tom a estas eleições.

As tendências a uma recomposição -lenta mas sustentada- da classe trabalhadora chilena durante os dois últimos anos, expressou-se em que, ineditamente, desatou-se uma greve no poderoso setor mineiro do Chile, protagonizada por um dos setores mais explorados da classe operária, o trabalhador precarizado. As eleições se realizaram sob a pressão da justa luta deste setor de trabalhadores do cobre.

Para manter-se no governo, a Concertación se apoiou em seu flanco esquerdo. A CUT [3] lançou uma declaração chamando a não votar pelo “candidato patronal” Piñera, e apoiando a Bachelet. Sindicatos que foram protagonistas de lutas combativas e greves nos últimos anos também se pronunciaram e fizeram atos públicos de apoio a Bachelet, a mudança da assinatura de compromissos.

O Partido Comunista do Chile, um partido que subordina os interesses da classe trabalhadora ã burguesia e seus políticos, chamou voto em Bachelet, reivindincando a aceitação pública de cinco demandas do PC, que esta não duvidou em aceitar. E uma semana depois mantêm seu apoio [4]ainda quando a Concertación se nega a satisfazer as demandas dos trabalhadores terceirizados da Codelco.

A abertura de um período preparatório

O novo ar da Concertácion permite estender e aprofundar as políticas iniciadas durante o pinochetismo. Ao mesmo tempo vemos elementos como a greve dos trabalhadores terceirizados da Codelco, bem como vários atos de repúdio ã direita e seus agentes, que indicam uma mudança de ânimo popular e deixam ver as primeiras filtragens de demandas da classe trabalhadora e do povo pobre longamente postergadas e recusadas. Parecem anunciar o desenvolvimento incipiente de maiores e crescentes lutas sociais e reivindicativas, começando a avançar, com ritmos mais lentos que ainda não se podem determinar, para uma convergência do Chile com a América Latina.

[1] Candidato da opositora coligação de direita Aliança pelo Chile.
[2] Aos 15 dias de declarada uma greve pode-se contratar substituintes, ou uma vez concluída, pode-se recorrer ã demissão com somente a justificativa de necessidade “da empresa”.
[3] Central Única dos Trabalhadores
[4] O dirigente do PC Guillermo Teillier declarou: “quero assinalar que nosso apelo teve sucesso. Praticamente todo o eleitorado do Juntos Podemos Mais (conglomerado de partidos impulsionados pelo PC e o Partido Humanista) votou por M. Bachelet (...) vamos fazer tudo o possível para que M. Bachelet cumpra com o compromisso adquirido publicamente” (El Siglo, 20 ao 26/1/06).

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