FT-CI

Rio de Janeiro

Rio de Janeiro de greves, mobilizações e prisões políticas

09/09/2013

Na madrugada de 03/09 o Estado do Rio de Janeiro prendeu 5 jovens acusando-nos de serem organizadores da página do Black Bloc nas redes sociais. Sobre eles recai a sanha repressiva não só do governo Cabral e suas polícias como de órgãos do Estado independentes do governo como o Ministério Público (MP). Acusam estes jovens de uma longa lista de crimes inafiançáveis. Esta ação alardeada contra o “vandalismo” é só a primeira mostra do que a Comissão Especial de Investigação de atos de Vandalismo (CEIV) veio para fazer. Com a reformulação da comissão ela passou a ser aceita (pela OAB e outros críticos como a ministra de direitos humanos de Dilma, que agora se calam) e segue em seu trabalho de prender quem o governo identificar como inimigo para reprimir. Os cinco jovens seguem presos. É preciso colocar de pé uma intensa campanha pela liberdade imediata destes presos políticos e pela extinção da CEIV!

Hoje atacam supostos administradores de perfil em rede social dos Black Bloc amanhã atacarão outras organizações políticas, movimentos sociais, trabalhadores em greve. Não podemos deixar que passe nenhum ataque a nenhum setor!

Esta ação é só um começo que pode se generalizar com outras que já estão sendo implementadas ou estão para ser votadas na ALERJ. A CEIV autorizou a polícia a levar para delegacia, “para identificação”, qualquer pessoa que estiver mascarada. Outro projeto prevê não só a proibição de máscaras como enquadrá-las como crime, um segundo projeto prevê que manifestações sem aviso prévio de 15 (!!) dias serão proibidas, entre outras. Todas estas ações advém dos governos Cabral e Paes ou de seus aliados e são recebidas bem pela mídia que começa a clamar por algo de “ordem” na cidade maravilhosa.

O mesmo Estado que demorou semanas para afastar da UPP da Rocinha os policiais e os comandantes envolvidos no desaparecimento de Amarildo, e ainda mantém outros responsáveis como Beltrame e o próprio Cabral intactos agora busca mostrar serviço para prender quem eles acusam de quebrar alguma vidraça. Esta desproporção escancara a quem serve este Estado e serve mais uma vez de lição a numerosos ativistas que nutriam ilusões no MP de qual é seu verdadeiro papel: mostrar-se independente do governo para junto a este garantir o Estado (capitalista).

Não estamos diante de uma conjuntura desfavorável

Frente ã diminuição da frequência e tamanho das manifestações de juventude, a estas prisões e ás ameaças que milicianos têm feito a manifestantes, alguns setores têm começado a formular uma ideia que estaríamos diante de uma conjuntura desfavorável. Há uma impaciência e certo desespero no ar. Ainda que uma das marcas da conjuntura seja esta ofensiva do governo, há grandes continuidades com o “longo junho carioca”. Os questionamentos ao governo e ã polícia sobre Amarildo estão longe de refluir. Pelo contrário, têm servido de impulso a certa reorganização do movimento negro e de favelas e mesmo para denunciar outros massacres. E mais marcante ainda: há várias lutas de trabalhadores atravessando o Estado e uma grande luta dos professores municipais do Rio marcando o terreno contra Eduardo Paes.

Diversas greves e mobilizações populares

Em meio a esta situação algumas greves têm marcado a situação política do Estado. São elas as greves da educação (professores e funcionários) do Estado e, sobretudo, do município do Rio, mas também de algumas outras categorias.

Na capital, os professores e funcionários da educação estão em greve a quase um mês depois de 19 anos sem greves. Enfrentam uma campanha da mídia para desfazer sua greve, desde falsas notícias de imensos aumentos na capa de jornais a declarações do governo e da mídia de medidas judiciais não comprovadas sobre a ilegalidade da greve e multas. Mesmo sob este cerco e com a ameaça (derrotada na justiça) de corte de ponto vão levando adiante uma greve muito massiva que afeta quase toda escola da cidade.

Outros municípios têm ou tiveram seus professores em greve ou paralisações como é o caso de Petrópolis, Valença, Nova Friburgo e Niterói. Hospitais têm feito greves e paralisações em todo o Estado, seja contra a privatização via EBERSH, por salário e condições como no HFGB ou por salários atrasados em hospital privado de Niterói, e uma paralisação de assistentes sociais de diversas categorias no dia 04/09.

Tudo isto ocorre ao mesmo tempo em que trabalhadores da construção civil da CSN em Volta Redonda cruzaram os braços, que terceirizados da REDUC fecharam a Washington Luís vários dias seguidos, e terceirizados da TQM em outra unidade da Petrobras, o Terminal de Campos Elíseos, também cruzaram os braços.

De forma espontânea cada atraso ou problema nos trens e ônibus tem despertado a fúria popular. Em vários dias seguidos, como vimos nos dias 02 e 03/09 em mais de um bairro do Rio, houveram mobilizações e mesmo destruição de trens e estações.

O “espírito de junho” não sumiu. Muito pelo contrário, parece cada vez tocar mais fundo nos trabalhadores e setores populares.

Coordenar as lutas para sua generalização e vitória

Em uma situação como esta, os governos e as patronais deveriam estar temerosos. O que tem impedido isto de acontecer é a falta de coordenação das lutas. Em primeiro lugar é preciso colocar de pé uma outra tradição no importante sindicato de profissionais da educação do Rio de Janeiro. Este sindicato, dirigido por diversos setores do PSOL e minoritariamente pelo PSTU, dirige todos os setores da educação pública estadual e municipal e não tem promovido a unificação sequer dos comandos de greve contra os governos do mesmo partido (PMDB). Há resistências da categoria para fazê-lo, e também de setores dirigidos pela CUT em professores municipais. Mas o histórico de falta de coordenação cobra hoje seu preço quando esta coordenação poderia ajudar a despertar uma greve geral da educação no estado ao coordenar-se com os hospitais das universidades e com a FAETEC também em greve e desde aí servir como polo a todas outras mobilizações operárias, juvenis e populares.

Esta fratura é mais aguda se pensarmos na separação entre esta importante luta de trabalhadores da educação e setores de juventude que seguem se mobilizando em pequenos atos quase diários. Nenhuma das correntes que influem no sindicato – seja de dentro ou mesmo de fora – têm buscado fazer confluir a juventude com esta greve, com quase nula mobilização de jovens por parte do PSTU e correntes estudantis ligadas ao PSOL ou o “Levante!” em apoio ã greve. Sem sequer estes partidos mobilizarem todas suas forças para o triunfo da greve dos professores, o sectarismo e completo abstencionismo em relação ás lutas dos trabalhadores por parte da Frente Independente e Popular (que organiza diversos grupos anarquistas, o Black Bloc, o MEPR e outros grupos menores que rompeu com o Fórum de Lutas do Rio) fica ainda mais fortalecido.

O movimento de juventude do Rio está um tanto “ensimesmado”, seja em suas vertentes que nas palavras apoiam a luta dos trabalhadores ou naquelas que se recusam a participar de qualquer ação dirigida por pelegos ou por setores que eles qualifiquem assim. A FIP não participou do ato do dia 30/08, mesmo ele sendo claramente antigovernista. Também não buscou realizar qualquer ação de apoio aos trabalhadores prévia ou no dia, contentando-se com suas folclóricas marchas com roupas pretas.

Nós da LER-QI, junto aos companheiros da Juventude ás Ruas e companheiros de outras agrupações, temos dedicado nossas pequenas forças a levar solidariedade a diversos setores dos trabalhadores em luta. Atuamos nos fóruns do movimento, nas universidades e locais de trabalho onde estamos buscando construir uma juventude que seja efetivamente pró-operária, batalhando para que os trabalhadores e a juventude coordenem cada luta. Será a partir da coordenação das lutas que poderemos derrubar o CEIV de Cabral, libertar os presos políticos, conseguir a punição dos responsáveis pelo sumiço de Amarildo, conquistar cada reivindicação dos setores em greve ou em luta, bem como colocar de pé uma efetiva luta pela estatização sem indenização e sob controle dos trabalhadores de todo o transporte público, único programa que pode dar uma resposta ao descontentamento que vem percorrendo os trens e ônibus da cidade e região metropolitana.

O passo inicial para qualquer coordenação como no momento atual quando há companheiros presos é colocar de pé uma grande campanha pela liberdade imediata dos presos políticos e a partir dela coordenar o conjunto das lutas.

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