Oriente Médio
Ruídos de guerra e rumores de “paz”
15/04/2008
O ministro das Relações Exteriores do Irã anunciou segunda-feira 7/4 que recebeu um pedido oficial dos EUA para a realização da quarta roda de negociações sobre a seguridade iraquiana. Esta informação não foi desmentida por Washington, ainda a horas do testemunho do General Petraus e do embaixador Ryan Crocker diante do Congresso sobre o progresso da campanha norte-americana no Iraque. Enquanto isso, Mugtada al-Sadr sugeriu que poderia desmantelar sua milícia se as autoridades religiosas xiitas o pedissem. Esta é uma enorme concessão de al-Sadr, depois que sua milícia manteve frente aos ataques das forças militares iraquianas na cidade de Basora, que segundo todos os testemunhos foram pobremente planejados e executados. Não há duvidas que a mão do Irã está por trás disso. Este prefere a unidade das distintas agrupações xiitas e a incorporação de al-Sadr ao governo, o que fortaleceria sua posição nos assuntos que se mantém ligado. Washington aparentemente estaria disposto a aceitar este aumento da influência iraniana em troca de alcançar um apaziguamento ou "détente" com Irã sobre Iraque.
Por sua parte, no Levante as tensões entre o Estado de Israel, Síria e Hezbollah estão crescendo. Israel está realizando seu maior exercício de defesa civil de sua história, as reservas da Síria e Israel tem sido mobilizadas e há rumores de um ataque em represália pelo assassinato sionista do capa militar do Hezbollah, Imad Mughniyah, nos meses passados. Na região, cresce a preocupação de que Israel esteja buscando uma desculpa para lançar uma nova guerra contra a organização militante libanesa, tratando de apagar a imagem de humilhação que teve há dois anos. Esta ação de Israel poderia desestabilizar os esforços norte-americanos no Iraque, já que Irã não poderia manter-se ã margem de que um agente seu seja atacado pelo exército sionista sem brindar-lhe seu apoio (recentemente, o assassinato de Mughniyah, na Síria, impediu que se concretizasse a quarta roda de negociações Irã-norte-americanas quando tudo estava planejado). Não se pode descartar que os EUA consigam apaziguar seu aliado sionista, mas tampouco seria a primeira vez que este agiria por conta própria, pondo em risco os interesses mais gerais dos EUA na região. Ruídos de guerra e rumores de “paz” se misturam de forma confusa no Oriente Médio estes dias.
Traduzido por: Felipe Lomonaco