No momento em que escrevemos este artigo, os trabalhadores de Sidor novamente se encontram em paralisação por 72 horas, iniciado no dia 25/3 as 11 da noite até as 7 da manhã de 29, depois de haver realizado uma paralisação por 24 horas no dia 24/3. A semana Santa significou apenas uma pequena trégua, já que junto ás paralisações, se organizam jornadas de protestos na cidade de Puerto Ordaz para esta semana, onde se encontra a fábrica. Mas a novidade também é que a luta dos trabalhadores sidoristas tem contagiado a outros setores operários das industrias básicas da região: os trabalhadores de alumínio das plantas da Alcasa Venalun e Carbonorca tem iniciado jornadas de luta com paralisações inclusive.
O que mostraram as últimas paralisações em Sidor é que a forte mobilização que se vem desenvolvendo pela base entre os trabalhadores, que inclusive em diversas situações tem ultrapassado ã direção do próprio sindicato sidorista. Assim ocorreu a recente paralisação do 24/3, quando numa massiva assembléia resolveram ir ã greve com a presença apenas de quatro delegados sindicais e sem nenhum diretor do sindicato, que não pode mais que acatar o votado pelos trabalhadores. O mesmo aconteceu com a greve do 13/3, por trás do fracasso das reuniões do dia anterior entre a empresa Ternium Sidor (do gupo argentino Techint) e o Sutiss (Sindicato dos trabalhadores), quando os operários resolveram paralisar toda a fábrica, antes de que o próprio Sindicato a indicasse formalmente.
A atual paralisação de 72hs teve também como motivo de fundo a morte de um operário de 51 anos. Este lamentável ocorrido aconteceu por cerca das 6 da tarde de terça dia 25, quando o companheiro trabalhava e foi vitima de um infarto fulminante e não pode ser atendido, já que a ambulà¢ncia da transnacional não contava com os elementos necessários. Quando souberam da noticia, os trabalhadores paralisaram a fábrica em protesto, ação ratificada por uma assembléia ás 11 da noite no portão 3 da empresa. Não há que se esquecer a selvagem repressão que sofreram os trabalhadores sidoristas no dia 13/3 passado, com dezenas de feridos, inclusive alguns ã bala, e foram detidos mais de 50 trabalhadores. Uma repressão como não se havia visto em décadas na fábrica. A responsabilidade desta repressão não recai somente no governador do estado Bolívar ou do Comandante da Guarda Nacional, mas também sob o próprio Chavez, e seu antioperário ministro do trabalho, Jose Ramon Rivero. O governo nacional, com esta selvagem repressão, como o fez - em menor escala - com os trabalhadores de Sanitários do Marcay, busca disciplinar aos trabalhadores e se põem abertamente do lado da transnacional Techint contra os operários, mostrando a verdadeiro face do “socialismo com empresários”.
Frente a isso, a raiva dos trabalhadores se fez sentir novamente ao ver como seus companheiros detidos eram transfreridos em algemas como se fossem criminosos e alta periculosidade. Mas graças a mobilização dos sidoristas, trabalhadores de outras fábricas e familiares, e da grande solidariedade a sua justa luta, todos os operários de Sidor detidos foram libertados em 16/3.
Enquanto transcorre esta paralisação, novas jornadas de protestos estão se organização, desde marchas por Puerto Ordas, festivais culturais com renomados artistas nacional, até um encontro nacional de sindicatos e de organizações operárias e populares para discutir o apoio ativo a esta importante luta. Nesse sentido, os trabalhadores sidoristas não descartam a greve indefinida frente ã negativa da transnacional Ternium-SIDOR, que se nega a melhorar substancialmente as condições salariais, a segurança laboral na empresa, o passe na fábrica permanente dos terceirizados e uma convenção coletiva justa. Ao mesmo tempo, que tem resolvido continuar exigindo a re-estatização da fábrica sob controle dos trabalhadores.
A solidariedade com os trabalhadores sidoristas deve passar de palavras a atos, começando por respaldar os operários que enfrentam o regimaede escravidão de Sidor, a quem o governo de Chávez tem dado as costas, inclusive reprimindo eles, se colocando ao lado da transnacional Techint que tem como advogados o governo dos Kirchner da Argentina.
É necessário convocar com urgência uma paralisação ativa regional de todas as fábricas, empresas e oficinas do estado Bolívar em apoio as demandas dos trabalhadores sidoristas e contra a selvagem repressão que sofreram, ao mesmo tempo que se redobra a solidariedade internacional e nacional com os operários de Sidor.
O encontro nacional de trabalhadores, setores populares, campesinos e estudantes, que está sendo organizado desde CCURA para abril, deve servir para unificar e estender as lutas, organizar a mobilização nacional para conquistar nossas demandas, que nestes nove anos de governo de Chávez se têm visto postergadas. Não há tempo a perder!
Traduzido por Felipe Lomonaco
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