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A luta dos operários siderúrgicos
por : Milton D’León

16 Apr 2008 | Depois de 9 paralisações no decorrer de 2008 e de sofrer a dura repressão da Guarda Nacional, os operários venezuelanos conseguem um primeiro triunfo.
A luta dos operários siderúrgicos

Depois de 9 paralisações no decorrer de 2008 e de sofrer a dura repressão da Guarda Nacional, os operários venezuelanos conseguem um primeiro triunfo.

Na madrugada de quarta 9/4, o vice-presidente da Venezuela, Rámon Carrizales, depois das frustradas discussões sobre as reivindicações dos trabalhadores por um convênio coletivo justo, anunciou frente aos representantes de Ternium Sidor (do grupo argentino Techint) e do Sindicato dos trabalhadores da Fábrica, que a empresa seria nacionalizada. Ainda que não se tenha especificado a modalidade mediante a qual Sidor (privatizada em 1997) passará para o controle do Estado, o feito parece indicar que se tratava já de uma decisão tomada por parte do governo de assumir as rendas da empresa. Mas do que não há dúvida é que esta medida é produto e conseqüência direta da luta que vinham dando os trabalhadores sidoristas nos últimos meses por melhores condições de trabalho e salariais, entre as quais destacava-se a re-estatização da empresa. Ou seja, um triunfo dos trabalhadores e uma medida que eles arrancaram do governo.

Acontece que a luta dos trabalhadores de Sidor vinha sendo o centro de um conjunto de conflitos operários na Venezuela. Entre as mais importantes empresas privadas e estatais, somam mais de 55.000 trabalhadores e trabalhadoras que realizam greves, protestos e outros tipos de manifestações operárias do setor industrial. Trata-se de lutas em empresas privadas como Bridgestone Firestone, Mitsubishi Automotriz, Toyota, Coca-Cola Femsa, ou em empresas estatais como Cadafe (eletricidade) e a Corporação Venezuelana de Guayana (alumínio), entre outras. E é justamente com este pano de fundo que Chávez decide intervir diretamente no conflito, dizendo que Sidor deveria respeitar os direitos dos trabalhadores, depois de fracassar no trabalho sujo que vinha desenvolvendo através do ministro do Trabalho. Depois de vir atuando claramente do lado da transnacional e de 23 dias de silêncio cúmplice com a repressão contra os operários no 14/3 passado, por parte de sua própria Guarda Nacional. A luta dos sidoristas vinha se transformando em uma luta emblemática, e a solidariedade nacional vinha crescendo, como se demonstrou na importante mobilização de 27/3 com mais de 5.000 pessoas e um importante festival solidário com mais de 1.000 assistentes. Assim como se demonstrou também no Encontro Intersindical de 29/3, em que representantes de quase uma centena de sindicatos e organizações operárias e políticas se fizeram presentes. No referido encontro votaram-se importantes resoluções: uma mobilização nacional e o indicativo de proposta de uma paralisação de atividades a nível nacional em solidariedade.

No decorrer do ano, os trabalhadores de SIDOR realizaram 9 paralisações, frente a negativa da transnacional ã exigência dos operários de uma convenção coletiva justa, depois de mais de 15 meses de discussões prolatadas pela patronal. Em toda esta luta, os trabalhadores sempre demonstraram uma impressionante disposição que em muitos casos passaram por cima da direção do sindicato. E o mais importante foi o recente referendo consultivo organizado pelo Sindicato SUTISS em que os trabalhadores que participaram foram 83,8% dos sidoristas e resultou em um contundente apoio a suas medidas de força. Desnudou-se assim a manobra orquestrada pela empresa e pelo Ministro do Trabalho de Chávez, de realizar um referendo, como uma nova manobra para desmontar o conflito pelas costas do sindicato. E é esta luta e as mobilizações de apoio o que começou a romper o cerco midiático contra os sidoristas nos meios do próprio Estado para isolar a luta, enquanto se difundia a política da patronal sem nenhum tipo de limitações. E foi esta luta também a que terminou obrigando Chávez a responder ás reivindicações dos trabalhadores.

O governo de Chávez até o momento, quando teve que retomar o controle de empresas privatizadas na década dos ’90, o fez com indenizações milionárias, inclusive pagando o valor das ações da bolsa no caso da CANTV ou ELENCAR. Também estabeleceu empresas mistas com as transnacionais como na indústria petroleira da Faixa do Orinoco. Ou como pretende fazer agora com setores da industria privatizada cementera, propondo a eles associação mista ás transnacionais como CEMEX do México ou a LAFARGE da França, adquirindo as ações a preços exorbitantes, quando foram rematadas a “preço de banana”.

O governo ainda não estabeleceu o mecanismo para Sidor, ainda que tudo indique que se irá propor a Techint uma sociedade mista, com maioria acionaria do Estado, pagando a Paolo Rocca as ações a preço de mercado (os donos de Sidor mantêm atualmente 59,7% das ações, 20,3% o Estado e 20,1% entre trabalhadores e aposentados). Se assim for, não se trataria de nada mais do que uma “pseudo-nacionalização” como nos tem acostumado Chávez.

Os trabalhadores de Sidor devem exigir de Chávez, de maneira imediata, que aprove o contrato coletivo, assumindo suas exigências salariais e socioeconômicas, assim como a incorporação imediata de todos os trabalhadores terceirizados no quadro permanente.

Desde a Juventud de Izquierda Revolucionária sempre estivemos na primeira linha na solidariedade ativa para o triunfo dos trabalhadores sidoristas. Por isso, hoje sustentamos que a luta não pode parar, e se trata de exigir a re-estatização 100% de Ternium Sidor sem indenização alguma, e sob gestão operária direta.

Traduzido por: Felipe Lomonaco

 

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