A subida nos preços do petróleo tem provocado nas últimas semanas uma onda de protestos pelo velho continente protagonizadas por setores de pescadores, agricultores e de transportes.
Na França, onde o combustível para barcos pesqueiros aumentou de 0,45 para 0,70 euros em seis meses, foram bloqueados todos os portos durante duas semanas pelos pescadores, que depois se estendeu a outros portos do Mediterrâneo. Os agricultores, por sua vez, estão a várias semanas em mobilização.
Na Espanha, Itália e Portugal, os pescadores também saíram ã greve reivindicando de seus governos que reduzam o preço do petróleo e que outorguem subsídios para cobrir a brecha entre o alto preço do petróleo e o baixo preço dos pescados. Na Espanha, que possui a maior frota pesqueira da Europa, os setores em conflito convocaram um protesto em 30 de maio que reuniu 10.000 manifestantes na qual deram 20.000 kilos de pescado para indicar que a pesca não representa nenhum lucro, denunciar que o combustível supõe mais de 40% dos custos de exploração de um barco, e que seu preço tem crescido 300% nos últimos quatro anos enquanto a vantagem tem diminuído.
Muitos destes protestos têm sido convocados por organizações patronais como a Confederação Espanhola de Pesca (Cepesca), Fenadismar (transportistas), NFFO e SFF (pesca) que se vêem pressionados pelo preço do combustível, pela baixa da vantagem e pelas quotas impostas pela União Européia. Entre suas reivindicações, reclamam medidas de choque como o pagamento dos 30.000 euros de ajuda de minimis (que os Estados podem conceder sem autorização de Bruxelas), refinanciamento das dívidas, cortes nos pagamentos ã Seguridade Social, entre outras medidas.
Desde segunda 9 a situação se agudizou no Estado Espanhol com o início de uma greve dos transportistas autônomos que fizeram colapsar a rede de transporte rodoviário e as rotas de acesso ás grandes cidades deste país. Os transportistas têm organizado piquetes nos mercados de majoritários afetando a entrada dos produtos nos pontos de venda, provocando o desabastecimento de alimentos e produtos sanitários nas principais cidades.
A falta de combustível tem obrigado em algumas províncias a fechar estações de serviço. Frente ao desabastecimento, o governo tem organizado um operativo militar para garantir a distribuição com caminhões cisternas protegidos pela Política Nacional e a guarda civil.
O impacto da greve começou a ser sentido em algumas indústrias, por exemplo, a fábrica SEAT tem deixado de fabricar 1.400 automóveis pela escassez de peças, chegando algumas plantas a suprimir turnos de trabalho.
Na terça 10 a greve cobrou sua primeira vitima espanhola quando um trabalhador transportista faleceu quando tratava de impedir a circulação de um caminhão em Granada, e ao final desta edição a Federação Nacional de Associações de Transportes de Mercadorias (Fenadismer) e Confedetrans, as duas associações convocantes abandonaram a negociação com o governo e continuam com os protestos.
Traduzido por Felipe Lomonaco
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