Na terça-feira, dia 21/10, se desenvolveu uma greve geral de 24 horas na Grécia, na qual participaram milhões de trabalhadores e trabalhadoras do setor público e privado contra o milionário resgate anunciado para os bancos, a privatização da empresa aérea estatal Olympic Airlines e demandando aumento de salários.
A maioria das atividades econômicas e o transporte do país foram paralisados pela ação de trabalhadores e trabalhadoras, que responderam de uma forma unânime ã convocatória da Confederação Geral de Trabalhadores e a União de Empregados Civis, que representam ambos cerca de 2.500.000 trabalhadores e trabalhadoras, a metade da força de trabalho do país.
A greve afetou tanto o transporte público das cidades, como o tráfico aéreo, o que provocou o cancelamento de 200 vôos nacionais e internacionais em somente um dia. Não houve atividades nos portos e a empresa estatal de ferrovias suspendeu quase todos os serviços, também não funcionaram os trens elétricos, ônibus nem o metrô. Foram fechados os escritórios públicos, correios, escolas, universidades e hospitais, este último só manteve abertas as portas para casos de emergência. Segundo os sindicatos, a adesão foi massiva: 90% de trabalhadores e trabalhadoras participaram da medida.
Em Atenas, 15.000 pessoas marcharam ao palácio do governo para se opor aos planos privatizantes do primeiro ministro conservador Costas Karamanlis. A polícia impediu a passagem dos manifestantes e aconteceram enfretamentos. Participaram da marcha milhares de jovens e trabalhadores com cartazes que mostraram o descontentamento do povo grego que vê como o governo resgata os bancos enquanto grande parte da população sobre as conseqüências da crise econômica.
A greve exigiu o aumento de salários, ao mesmo tempo em que reivindicou que o governo aumente o gasto social para ajudar as famílias trabalhadoras que já estão sofrendo as conseqüências da crise econômica. Outras consignas foram o rechaço ã privatização da empresa aérea estatal Olympic Airlines e os já impopulares planos de reforma do sistema de aposentadoria. Os protestos continuaram na quarta-feira, 22/10, e os sindicatos e organizações anunciaram que vão intensificar as medidas se o governo não retroceder.
Esta semana, o Parlamento grego deveria discutir o orçamento para 2009 e buscar medidas para diminuir o déficit que a já colocou a Grécia sobre a mira da EU, por superar o déficit permitido aos países da zona da UE. Para isto, o governo planeja uma série de privatizações, entre elas a da empresa aérea estatal, redução de investimento para programas sociais e a reforma das aposentadorias e pensões.
Frente os protestos e a impopularidade do governo, Costas Karamalis prometeu compensações salariais e medidas para atenuar os aumentos dos preços. Até o momento, o principal gasto anunciado pelo governo foi a promessa do ministro das Finanças, George Alogoskoufis: desembolsar 28 bilhões de euros para dar respaldo aos bancos da Grécia. Enquanto isso, 1 a cada 5 gregos já vive abaixo da linha da pobreza segundo os dados oficiais. As primeiras conseqüências da crise e seu impacto na vida cotidiana de milhões de trabalhadores e trabalhadoras poderia levar mais milhões ã pobreza.
A recente greve geral e as lutas que vêm se desenvolvendo no país durante os últimos anos (que incluíram a greve geral de março de 2006 e as importantes mobilizações estudantis de março de 2007), mostram que os trabalhadores e o povo grego não estão disposto a pagar pela crise dos capitalistas.
Traduzido por Clarissa Lemos
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