Entre os dias 5 e 11 de dezembro, os trabalhadores da Republic Doors & Windows, fábrica de portas e janelas de Chicago nos EUA, ocuparam a planta ao tomarem conhecimento que a fábrica seria fechada e não receberiam seus direitos assegurados por lei. Os trabalhadores argumentavam que não existia uma crise na fábrica, mas os empresários diziam que faltava crédito para o seu funcionamento depois do corte feito pelo (anti-spam-(anti-spam-Bank)) of América. No mesmo dia que iniciavam a ocupação, o governo anunciou o fechamento de 533.000 postos de trabalho no mês de novembro (2 milhões em 2008). A ocupação terminou depois que o (anti-spam-(anti-spam-Bank)) of América e outros bancos anunciaram financiar os cerca de 2 milhões de dólares necessários ao pagamento de indenizações, férias e seguros de saúde.
Com uma enorme crise social de fundo, um desemprego de 6,7% (ou 12,3% considerando a quem já não busca trabalho e os subempregados), a luta da Republic expressou um primeiro passo da resistência dos trabalhadores norteamericanos frente as demissões e a crise, tornando-se uma referencia nacional.
“A vocês os salvaram, a nós nos demitem”
Um dos fatores mais irritantes e que provocou a onda de adesões à luta dos operários, foi que o banco que retirou o crédito que financiava os salários e outros gastos era nada menos que o (anti-spam-(anti-spam-Bank)) of America, que recebeu 25 bilhões de dólares como parte do gigantesco resgate que realizou o governo com dinheiro público. A luta nesta fábrica ganhou apoio em todo país, sendo visitada por políticos e dirigentes sindicais, além da grande solidariedade da comunidade latina, trabalhadores, sindicatos, estudantes e moradores de Chicago. No dia 10 de dezembro, a manifestação em frente ao banco chamada pelo Sindicato contou com 1000 pessoas. Em várias outras cidades ocorreram pequenas manifestações frente a grandes bancos, onde se viam palavras de ordem do tipo: “os trabalhadores pedem dinheiro, os bancos dizem não. Apoiamos os trabalhadores que ocupam a fábrica!”.
O escandaloso resgate aos bancos e instituições financeiras, denunciado na época por algumas manifestações, hoje é questionado novamente e explica a ampla cobertura nacional do conflito e as pressões que recebeu o banco para reabrir o crédito. Isso porque as empresas médias como Republic (hoje com cerca de 300 trabalhadores, mas no pico da bolha imobiliária chegou a 700) representam um setor particularmente sensível ã crise em curso, já que dependem estritamente de créditos bancários. Além disso, segundo o senso oficial (Burreau Labour Stadistics), em empresas como Republic é onde trabalham 80% dos trabalhadores (empresas com menos de 1000 operários). A margem desta realidade, estes empresários “médios” tem respondido ás crises como os capitalistas de todo tamanho: descarregando os custos sobre as costas dos trabalhadores. E os empresários temem que a luta de Republic se transforme num exemplo para as fábricas que enfrentam similares dificuldades com o crédito.
Uma luta exemplar
O método de luta que elegeram estes trabalhadores da Republic, a ocupação e a “sit-in” como é chamada nos EUA (sentados dentro da fábrica), não era utilizado desde a década de 1930, quando ocorreram grandes greves que desafiaram a patronal quando esta intensificava os ritmos da produção nas fábricas para recuperar-se da crise de 1929. Destas greves surgiram os grandes sindicatos da região do Noroeste dos EUA e as importantes conquistas salariais e trabalhistas, que depois seriam estendidas para todo país. Nunca desde essa época os trabalhadores ocuparam os lugares de trabalho, método que pode se ampliar numa situação onde se multiplicam as demissões e há menos possibilidade de conseguir emprego.
A luta dos trabalhadores da Republica coloca, mais do que seu peso na economia, um importante precedente para a luta da classe operária. Apesar de apresentar limites e contradições, como o apoio a Obama e a reivindicação restrita aos direitos trabalhistas e não ao controle operário da produção, a ação dos trabalhadores de Chicago tem um enorme peso simbólico, já que a ocupação e a ação direta são algo pouco comum nas medidas de pressão impulsionada pela burocracia sindical, e por isso ganhou enorme simpatia entre os trabalhadores.
Burocratas sindicais, deputados, o governador e até mesmo Obama saíram rapidamente a dizer que os operários “têm razão” em pedir o que lhes é direito. Espantam-se com a ação direta dos trabalhadores e querem assim evitar a todo custo que esta luta se transforme num exemplo em meio a uma onda de demissões. Por isso não questionam que os empresários descarreguem a crise sobre os trabalhadores. Nem os burocratas nem os políticos burgueses exigem que se reabra a empresa ou se investiguem seus livros de contabilidade, nem sequer quando há rumores de que os patrões estariam abrindo uma fábrica similar em outro estado. É vital que os trabalhadores não se deixem chantagear pela “falta de créditos” ou os resultados dos maus negócios dos patrões. Ante os fechamentos e demissões é necessário lutar pela nacionalização sem indenização destas empresas sobre controle operário.
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