Lula governa o país de braços dados com senhores como José Sarney, Renan Calheiros e Michel Temer e através do PAC despeja centenas de milhões de reais em empresas como a Camargo Correia, que via Fiesp pagam caro pelos votos de deputados e senadores para que as medidas que lhes são favoraveis sejam aprovadas. Como se não bastasse, Lula, perante a crise, enquanto despeja centenas de bilhões de reais nas mãos de banqueiros e empresários, diz que os trabalhadores não podem lutar por aumento de salário nesse momento e que se não ajudam as empresas a aumentar suas vendas será impossivel “segurar os trabalhadores”. Com seus pacotes, como o pacote habitacional, faz demogagia lançando a sua candidata (Dilma) para as eleições de 2010, mas não oferece nenhuma alternativa ás medidas de desemprego e redução salarial aplicadas pela patronal.
Na última semana os petroleiros, com uma forte greve nacional que durou cinco dias, mostraram que ao contrário de Lula não estão dispostos a aceitar as medidas patronais. Entraram em greve pedindo uma maior participação nos lucros, garantia de emprego para os terceirizados, pagamento integral das horas extras, maior segurança no trabalho, entre outras reivindicações. No momento em que fechávamos esse jornal, a FUP (Federação Única dos Petroleiros, da CUT), havia fechado um acordo com a direção da empresa, mas as assembléias locais ainda não haviam se pronunciado e não se conhece exatamente os termos desse acordo. Apesar do entrave que significou a direção governista da CUT, que utilizou as demandas dos terceirizados para negociar apenas os interesses dos efetivos, os petroleiros indicaram a todos os trabalhadores do país o caminho a seguir para enfrentar a crise capitalista.
No dia 30 de março, levantar uma política independente dos patrões e dos governos
Apenas dois dias depois do fim da greve petroleira, as principais centrais sindicais do país estarão realizando um dia de mobilização contra a crise capitalista. No entanto, ao contrário do que fizeram os petroleiros que questionaram na prática os enormes lucros da Petrobras, a CUT, a CTB e a Força Sindical, entre outras centrais menores, não vão levantar nesse dia 30 de março uma política que confronte a verdadeira raiz dos problemas: os lucros capitalistas. Ao contrário disso, a convocatória para o dia 30, segundo a CUT, “sublinha a necessidade da redução dos juros para fortalecer os investimentos públicos e impulsionar o desenvolvimento do mercado interno.” Não a toa a concentração do ato em São Paulo vai ser na Fiesp, pois a política de redução de juros e forte investimento estatal para fortalecer o mercado interno é a mesma que a patronal paulista está exigindo do governo Lula, ao mesmo tempo em que ataca os trabalhadores.
A unidade das centrais sindicais e de todos os trabalhadores é uma necessidade vital para que a crise não seja descarregada em nossas costas. Os intereses dos patrões e dos trabalhadores são antagónicos, não podem ser conciliados. Somos nós ou eles. Para não pagar os custos da crise precisamos atacar os lucros dos patrões, lutar pela manutenção dos empregos, pela efetivação dos terceirizados e temporários (sempre os primeiros a serem demitidos), exigir salários dignos e rechaçar as medidas de Lula que depositam centenas de bilhões de reais nas mãos dos banqueiros e da patronal que demite.
Nesse sentido, defendemos nas reuniões da Conlutas e insistimos até o último momento na necessidade desta central organizar um bloco independente da CUT e demais centrais sindicais neste dia 30 de março. Um bloco que levante um programa alternativo, que reivindique o exemplo dos petroleiros, que coloque no centro nas mobilizações a luta para barrar as 4.270 demissões na Embraer e exija sua estatização sob controle dos trabalhadores. Um bloco que denuncie a política de conciliação de classes da CUT, CTB, Força Sindical e Cia. e exija dessas centrais um verdadeiro plano de lutas em nível nacional no caminho da preparação de uma greve geral que barre todos os ataques capitalistas. Insistimos: não vai ser apenas com atos de pressão, como esse do dia 30, que iremos derrotar a patronal. Os dias de mobilização unificada devem estar a serviço de preparar um plano de lutas que seja levado adiante em cada local de trabalho, para unificar e coordenar todas as lutas. Por isso propomos ã Conlutas que, como parte desse plano encabece um encontro nacional de delegados de base que possa votar e implementar todas as medidas de luta de que se necessita neste momento.
Infelizmente, a direção do PSTU continua com uma orientação política que deixa a Conlutas impotente para combater os ataques da patronal e desmascarar a burocracia sindical governista. Colocar, como faz a direção da Conlutas, no centro das reivindicações a exigência a Lula de uma medida provisória (MP) que garanta a estabilidade no emprego é um verdadeiro crime num momento em que Lula se alia com senhores como Fernando Collor e já colocou claramente que não vai fazer nada para evitar as demissões na Embraer ou em qualquer outra empresa. E, além disso, é completamente equivocado exigir de um governo burguês uma medida autoritária (bonapartista) que em seguida pode se voltar contra os próprios trabalhadores. Por exemplo, Lula utilizou para favorecer os capitalistas a edição de uma MP de redução dos impostos (IPI) enquanto essas empressas continuavam demitindo.
Por isso, é completamente impotente as exigências a Lula, pois se trata, em última instância, de unificar a classe operária na estratégia de impor um governo dos trabalhadores e do povo pobre como única saída de fundo para atacar a raiz dos problemas: o sistema capitalista.
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