Um milhão de estudantes e trabalhadores se mobilizam na França
Por: Andrea D’Atri
especial de Paris (*)
Um milhão de estudantes e trabalhadores se mobilizaram no dia 07 de março nas principais cidades da França contra o CPE (lei de Contrato de Primeiro Emprego). No marco de um ataque geral do governo que pretende impor a precarização trabalhista, enquanto criminializa o protesti e endurece as medidas repressivas, operários e estudantes disseram Não a uma reforma que deve ser aprovada definitivamente pelo Parlamento no dia 09 deste mês.
Em Paris cerca de 200.000 manifestantes cruzaram as ruas do centro sob uma intensa chuva e suportando uma temperatura de 3 graus. Demonstraram assim seu repúdio e descontentamento com uma lei que possibilitaria contratar menores de 26 anos por um período de prova de até dois anos, durante os quais o patrão pode despedir os trabalhadores sem justificativa.
Segundo o governo esta reforma do contrato trabalhista tenta “gerar emprego”, eximindo aos empresários dos encargos sociais e convertendo-se, portanto, em um “aliciador” para a incorporação de jovens ao mercado de trabalho, sob a modalidade dos contratos precarizados. Com a demagogia de acabar com a desocupação, o CPE integra uma lei denominada, cinicamente de Igualdade de Oportunidades.
Ainda que a CGT não tenha convocado a greve nacional, os transportes se viram afetados durante a jornada de repúdio ã reforma, nas cidades de Lyon, Marselha e Nantes. Em Poitiers, Rennes e Calais os manifestantes bloquearam as vias e impediram a circulação de trens até que foram desalojados pela polícia. Em Toulouse a coordenadora surgida na assembléia estudantil exigiu, entre outras coisas, “parar a repressão contra os movimentos sociais, anistia para os estudantes secundários que participaram na luta contra a lei Filon e as pessoas perseguidas durante a revolta nos bairros populares em novembro de 2005”.
Desafiando a medida que pretende implementar De Villepin, uma das bandeiras da manifestação dizia: “Aos que querem precarizar os jovens, estes respondem: resistência”. Depois do que consideram um primeiro triunfo pela ampla convocatória, a Confederação de Estudantes da França exigiu retirar urgentemente a reforma do CPE, agregando que em caso contrário o governo “deverá se ater ã continuidade da mobilização dos jovens em solidariedade com os assalariados”. Enquanto isso, as organizações sindicais estão considerando as próximas medidas a tomar.
Como me comentou uma jovem estudante e trabalhadora precarizada, quando estávamos sob a intensa chuva gelada frente ã Bastilha: “Há aqueles que pensaram que a luta contra o CPE culminava nesta mobilização.; entretanto, somos muitos os que cremos que com esta demonstração a luta recém se inicia”.
(*) Nossa companheira Andrea D’Atri se encontra realizando uma viagem por distintas cidades da Europa, convidada pelas universidades de zaragoza, Málaga e Barcelona e outras organizações do Estado Espanhol, França e Inglaterra para dar seminários, conferências e debates sobre os temas de sua especialidade.
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