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Ante o estado de emergência pela epidemia da gripe suína
por : LTS-CC, México

28 Apr 2009 |
Ante o estado de emergência pela epidemia da gripe suína

A epidemia da gripe suína, cujos primeiros casos foram detectados em 13 de abril sendo confirmada como um risco apenas em 23 de abril, se estende pelo território nacional e pelos EUA, tendo provocado a morte de 103 pessoas e 1614 internações, e já é uma ameaça de alcance internacional. O governo de Calderón e a Secretaria de Saúde (assim como o governo do DF) depois de negar de forma irresponsável que existisse algum surto epidêmico, deu um giro de 180 graus e anunciou o fechamento de escolas e a proibição de reuniões massivas. Esta brusca mudança que tomou de surpresa a milhões de habitantes da cidade do México e dos estados afetados gerou uma verdadeira psicose na população, temerosa dos efeitos desta doença.

Um sistema de saúde pública golpeado pelos governos a serviço da patronal e das transnacionais

Para além de que não fosse possível prever as características precisas do vírus (por se tratar de uma mutação supostamente desconhecida) , o forte índice de mutação do vírus da gripe suína nos últimos anos, colocava sem dúvidas a possibilidade de uma potencial situação de emergência. Ante isso, resultou criminosa a carência quase absoluta das vacinas tradicionais (que sem imunizar o novo vírus podem proporcionar uma limitada resistência) e o número limitado de tratamentos anti-virais. Isso é o resultado da dependência e subordinação do México ao imperialismo e aos organismos financeiros internacionais, como o Banco Mundial e o FMI, sob cujos ditames a saúde pública foi atacada, uma vez que as grandes transnacionais farmacêuticas monopolizam os medicamentos e os distintos tratamentos: isso se vê hoje em dia na dependência dos EUA ou Canadá para fazer frente ã epidemia.

Ainda que agora o governo se veja obrigado – para evitar o desenvolvimento de uma epidemia que lançaria sua escassa popularidade por terra próximo as eleições de julho – a abrir o IMSS ã população em geral, serão os trabalhadores e as grandes maiorias populares os que sofreremos os efeitos da persistente política privatizadora sobre a saúde pública. Isso se vê na redução de pessoal no sistema de saúde pública, redução de materiais e macas, no carregado ritmo de trabalho (com o conseguinte aumento dos acidentes de trabalho provocados pela reacionária política trabalhista do governo) ligado ã falta de investimento em investigação em torno a medicamentos e tratamentos que permitam enfrentar uma situação como esta. E, enquanto os trabalhadores e o povo estaremos – especialmente no caso de “massificar” a pandemia – sujeitos ã escassez dos tratamentos, aqueles que podem ter acesso ã clínicas privadas serão os que terão a segurança de receber um tratamento adequado. Tudo isso é conseqüência das políticas de redução do estado mexicano impulsionadas pelos distintos governos federais, e impostos com a cumplicidade dos burocratas sindicais e contrários as necessidades das bases trabalhadoras.

Mas além do temor do contágio, os trabalhadores não podem faltar no trabalho, pois os patrões os despediriam; aos capitalistas lhes interessa que a cadeia produtiva não se detenha. Ante esta emergência o pró-patronal secretário do Trabalho, Javier Lozano, apelou ã “sensibilidade e sentido social” dos patrões, para que não apliquem os descontos salariais aos trabalhadores que chegarem tarde ou faltarem.

Aproveitando esta situação de emergência, o governo federal aproveita para por o exército nas ruas e decretar seu direito a entrar em qualquer casa e tomar medidas para “isolar os afetados”, limitando a liberdade de ir e vir e de reunião. Estas são medidas próprias de um estado de exceção, que busca prevenir possíveis estouros de raiva da população descontente (como ocorreu nos surtos de 1985), e lavar a cara do exército e da polícia. Ao mesmo tempo, como se denunciou em distintos meios, o governo está maquiando as cifras, para evitar que se veja sua irresponsabilidade e sua falta de recursos para manejar esta situação.

Mas o governo de Calderón ao não contar com uma política preventiva para setores majoritários da população trabalhadora, dificilmente pode impedir que se estendam os surtos da epidemia. E se epidemia paralisar a Cidade do México e outras do interior do país, como se garantirá o fornecimento de alimentos e água potável? Quem verificará que a água que compramos (de qualidade duvidosa) não estará contaminada? E aos trabalhadores que se vejam obrigados a faltar ao trabalho, como serão retribuídos seus dias não trabalhados ou como se evitará que os demitam?

Uma política para que as maiorias populares enfrentemos a emergência de saúde

Ante esta crise, sem dúvida todos os habitantes temos que preservar nossa saúde, tomando as medidas elementares para isso. Mas ao mesmo tempo, para atacar de fundo o problema e preservar a saúde e a vida de milhões de trabalhadores, camponeses e do povo em geral, temos que levantar uma série de demandas que apontem a obter um nível de vida digno, pois a maioria da população trabalhadora está sub-alimentada e, um setor importante padece de desnutrição, fatores que permitem a pronta contaminação de doenças e contágios. Demandas que devem ser reivindicadas pelas organizações sindicais, políticas, democráticas e de direitos humanos.

Em primeiro lugar devem estar a disposição de todos os trabalhadores, suas famílias e o conjunto dos setores populares, serviços médicos, medidas de prevenção e medicamentos completamente gratuitos. Frente aos fechamentos ou suspensões nas empresas e centros de trabalhos, se devem impor o pagamento de 100% do salário.

Há que exigir que todos os recursos orçamentários (começando pelos vultosos pagamentos destinados ã dívida externa) se ponham a serviço de enfrentar o surto atual e seu impacto sobre as massas trabalhadoras e populares, e para isso também há que impor impostos progressivos ás grandes fortunas. Isso não pode ser deixado nas mãos da corrupta secretaria de Saúde, cujo único interesse, além de impulsionar a privatização, é preservar a boa imagem do governo e os interesses da “iniciativa privada”. Deve ser organizado por comitês conjuntos dos trabalhadores da saúde e pelos usuários, os verdadeiros interessados em evitar que a epidemia se estenda e sigam tirando vidas humanas.

Junto a isso e como parte de uma política radical para enfrentar a situação, há que nacionalizar todos os hospitais privados, os laboratórios e as grandes transnacionais farmacêuticas, as quais só buscam lucrar com a atual crise da saúde, e colocá-los sob controle dos seus trabalhadores para abri-los ao público em geral, avançando assim em direção ã criação de um sistema de saúde público e gratuito.

Há que repudiar a militarização impulsionada por Calderón e seu “estado de exceção” que aproveita a crise atual para por os militares nas ruas contra os interesses da população e inibir as concentrações da população trabalhadora (como a mobilização de 1 de maio).

Junto a isso, as organizações de direitos humanos e os sindicatos tem que impulsionar de imediato uma rede solidária orientada, em primeiro lugar, para os idosos e as dezenas de milhares de pessoas que vivem na rua ou em condições subumanas, e que são os que sentirão o impacto mais forte desta enfermidade, apelando para garantir a utilização de todos os recursos dos grupos hoteleiros e supermercados para atender os que precisam.

É necessário que os sindicatos junto ás organizações sociais e camponesas impulsionem uma coordenação nacional, para acordar como garantir as medidas necessárias para, em primeiro lugar, evitar que se propague mais a epidemia e que se garanta o abastecimento de água e alimentos.

Abaixo a suspensão de garantias individuais, fora o exército das ruas

Por comitês de trabalhadores da saúde e usuários para enfrentar a crise epidemiológica

Medicamentos gratuitos para todos os trabalhadores e os sectores populares. Requisição de medicamentos ás grandes corporações farmacêuticas e nacionalização dos hospitais privados. Pela criação de um sistema de saúde único, público e gratuito.

27/4/09

 

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