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A maré negra de petróleo no golfo do México e a fraude ambientalista do governo Obama
por : Gilson Dantas

10 Jun 2010 | Nenhum setor do stablishment norte-americano tem saída para o problema. A solução só poderia vir do movimento dos trabalhadores que exigissem o confisco das gigantes do óleo e seu controle pelos operários detendo, dessa forma, a lógica empresarial do lucro, da extração mais rápida e a qualquer custo humano e (...)

O governo Obama foi eleito com a promessa de levar adiante uma política ambiental mais correta e para isso contou com apoio de setores da elite norte-americana anti-W Bush como Al Gore e também com as ilusões de setores ambientalistas de certa influência na opinião pública. Prometeu não liberar exploração de petróleo em águas profundas, promessa que só durou até março, quando Obama autorizou a exploração de óleo em águas profundas no golfo do México. A gigante do petróleo British Petroleum acionou suas plataformas na costa norte-americana e pouco depois, em 20 de abril, veio a explosão da plataforma submarina Deepwater Horizon na costa americana (região do golfo do México) com a morte oficialmente assumida de 11 operários, ferimentos graves em tantos outros e o desencadear do maior acidente da indústria petrolífera norte-americana de todos os tempos.

É também o maior acidente ambiental da história dos Estados Unidos. Até hoje jorra petróleo nos mares da região, na base de 20 mil barris por dia, sendo que o total jorrado já ultrapassa os 100 milhões de litros lançados a partir de um vazamento a quase dois mil quilômetros de profundidade. A pesca foi proibida em quase metade das águas do golfo. A maré negra vem destruindo em grande escala formas de vida nas praias, nas águas e nas profundezas. A imagem do pelicano coberto de petróleo corre mundo. O crime ambiental e humano é absoluto.

A mancha de óleo (maré negra) já é mais de duas vezes maior que a Jamaica e três tentativas de deter o vazamento já fracassaram. Em todo esse processo, os Al Gore não têm o que dizer e o governo Obama é a cara da impotência e, evidentemente, o sistema que ele encabeça é o verdadeiro problema. No melhor cenário serão derramados nos mares pouco mais de 100 milhões de litros, no pior, mais de 400 milhões. Para se ter uma idéia, o naufrágio do navio Exxon Valdez, em 1989, no Alasca, o pior acidente com petróleo até então, jorrou no mar 40 milhões de litros de óleo.

Em primeiro lugar essa situação, que impacta de forma dramática toda aquela região que vai desde o estado do Alabama, Missouri, Louisiana, chegando até a Flórida e estendendo-se para as profundezas do mar e em direção aos países do Caribe mais próximos, situação que se agravará desde já com o início da temporada de furacões que vai até novembro, tem menos de acidente e mais de tragédia anunciada, previsível. Estão saindo ã tona, junto com o vazamento das toneladas de petróleo, documentos que denunciam a British Petroleum como sabedora desde o ano passado que os revestimentos metálicos poderiam ceder em águas profundas e que os mecanismos de prevenção de explosões tinham possibilidade de falhar naquelas condições.

O mesmo lobby imperialista que era a cara do governo W Bush integra o governo Obama e vem pressionando pela extração e controle mundial das reservas de óleo em meio a uma crise mundial do setor e das reservas estratégicas disponíveis para os Estados Unidos. Nos mares do golfo do México o governo autorizou a que explorassem petróleo mais rápido e mais profundamente como parte da mesma crise de demanda de combustível fóssil, matéria-prima essencial para o funcionamento de sua máquina de guerra e de sua estratégia econômica. Essa mesma dinâmica tem a ver com a invasão do Iraque, do Afeganistão e a pressão que exercem sobre os países que controlam reservas, como México, Venezuela, e incluindo a Petrobrás brasileira na qual a parte do leão, dos lucros, já vai correntemente para o capital imperialista. Não por acaso a reação de Obama foi débil (não foi além da multa de 69 milhões de dólares contra a BP) e por mais que tenha elevado o tom não foge dos limites de uma reação impotente, contra a empresa que possui vínculos com a famigerada Halliburton, de Chenney, vice de W Bush. Obama chegou a denunciar a relação “corrupta” da agência reguladora com a indústria do óleo, mas não foi além disso mesmo sob forte crítica de setores estratégicos do próprio partido, que falam em “estupidez política” de Obama nessa questão do desastre ambiental, questão hoje comentada como o “Katrina de Obama”.

Mas a verdade é que nenhum setor do stablishment norte-americano tem saída para o problema. A solução só poderia vir do movimento dos trabalhadores que exigissem o confisco das gigantes do óleo e seu controle pelos operários detendo, dessa forma, a lógica empresarial do lucro, da extração mais rápida e a qualquer custo humano e ambiental.

Esse mesmo debate precisa ser lançado aqui no nosso país, onde a Petrobrás, em estreita aliança com o capital imperialista, se lança a profundidades ainda maiores no fundo do mar (o pré-sal está a quase dois km de profundidade, semelhante ao golfo do México, e ainda tem pela frente quilômetros de rocha), se lança a desafios e dificuldades de extração maiores portanto, e não há controle operário da produção, prevalece a mesma pressão política por buscar óleo a qualquer custo e, além disso, temos antecedentes de acidentes provocados pela empresa e que respondeu de forma ridícula a eles. Este foi o caso do derramamento de óleo em 2000, no rio Iguaçu e também na baía da Guanabara, além do afundamento da plataforma P-36 em 2001. No caso do derramamento de petróleo, até hoje as populações daquelas regiões assim como o meio ambiente, as plantas e animais, amargam as piores condições sem qualquer solução eficaz e urgente por parte da Petrobrás.

Temos um debate atualíssimo para ser levado adiante nos sindicatos ligados ao petróleo, através de comitês de trabalhadores combativos e nas entidades de classe em geral na perspectiva revolucionária de deter a maré negra do capitalismo.

 

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