No dia 29 de junho, data em que se dava o início do debate parlamentar ao redor dos ataques e medidas impostas pelos organismos internacionais, FMI e a UE, os trabalhadores dos setores público e privado protagonizaram uma greve de 24 horas. A jornada de protesto, que teve um alto grau de adesão, paralisou a atividade do país, e foi convocada pelos sindicatos do setor público (ADEDY), os dois sindicatos de trabalhadores do setor marítimo e portuário – que são do Partido Comunista grego – o sindicato dos ferroviários (OSE) e de outras categorias do setor privado, como os jornalistas e trabalhadores dos meios.
Os prédios públicos, escolas e colégios fecharam suas portas e os trabalhadores dos hospitais só atenderam casos de emergência. A media afetou o transporte público: o serviço ferroviário não funcionou e os vôos foram cancelados, enquanto que os serviços de metrô, e transporte rodoviário e os ônibus tiveram paralisações parciais. Sem transmissão televisiva, nem jornais, a quinta greve geral no ano mostra a raiva contra as medidas de austeridade do governo socialista do PASOK.
Cerca de meio-dia mais de 20.000 manifestantes se concentraram no centro de Atenas e ao redor da praça Sintagma, onde foram reprimidos pela polícia que queria impedir o avanço da marcha. Como resultado das ações milhares de turistas ficaram presos no Pirineus, o principal porto do país (perto de Atenas) de onde partem a maioria dos barcos para as ilhas gregas – destino popular do turismo europeu. O setor da indústria turística representa cerca de 20% da renda do país e nesta época do ano (verão) é chave para seus lucros, motivo pelo qual os empresários do setor turístico e de navegação vinham exercendo grande pressão sobre o governo e a justiça para que a greve fosse declarada ilegal. Os trabalhadores portuários – apesar da greve ter sido declarada ilegal pelas autoridades – montaram colunas sólidas para levar adiante seu protesto e as forças da ordem não puderam romper sua vontade de luta.
As medidas mais drásticas são o corte das pensões, o aumento da idade para se aposentar, o aumento do IVA de 16% para 23% e uma mudança na legislação do trabalho para facilitar as demissões. Apesar destas medidas tão impopulares, o governo do PASOK se mantém, mas está cada vez mais questionado, em particular pelos setores sindicais que são dirigidos por eles, e muitos dos seus porta-vozes e deputados foram rechaçados em várias reuniões públicas. Estima-se que as deliberações sobre o pacote de medidas exigido para receber uma ajuda de 11 bi de euros durarão toda a semana. Portanto, não podemos descartar que os trabalhadores protagonizem novas jornadas, ações e protestos.
|