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Christian Castillo :"Todo triunfo parcial, por mais importante que seja, deve ser considerado como parte de uma guerra permanente contra o capital"
02 Sep 2010 |

Companheiras e companheiros:

Hoje neste ato estamos homenajeando quem foi um dos mais grandes dirigentes da clase operária mundial.

Faz 70 anos Leon Trotsky era assassinado por um capanga enviado por Stalin. Com ele se ia uma imensa personalidade revolucionária , que foi junto a Lenin o mais importante teórico e estrategista marxista mais importante do século XX. O que soube manter a fimerza quando outros fraquejavam, e que ainda na situação mais hostil, estaba convencido que o futuro comunista era o único destino progressivo que poderia aspirar a humanidade.

Seu assassinato foi um ponto culminante de uma política de perseguição, terror e norte que a burocracia havia lançado sobre Trotsky e seus seguidores. Esta incluiu não somente a morte de seus quatro filhos e o assassinato de vários de seus mais íntimos colaboradores, mas também o fusilamento em massa de seus companheiros de luta que heroicamente resistiam ao stalinismo nos campos de deportação e nas prisões da União Soviética que haviam transformado-se na escola de uma nova geração revolucionária que somente pôde ser reduzida a partir de uma matança generalizada.

A morte de Trotsky não foi um ato irracional, foi um frio cálculo político, baseado na previsão de que a segunda guerra produziria novamente a revolução, tal como havia ocorrido na guerra anterior com a revolução russa. E que nessa perspectiva, Trotsky, que encarnava a experiencia viva da revolução de outubro, seguía sendo de temer. Não casualmente, pouco tempo antes de sua morte, o embaixador francés Coulondre em uma entrevista com Hitler traçava que o beneficiário da guerra ia ser Trotsky, usando seu nome como sinônimo da revolução. Por isso a fúria de Stalin em terminar com sua vida, já que novos triunfos revolucionários poderiam não somente questionar a dominação imperialista mas também o dominio da própria burocracia.

Companheiras e companheiros, nestes dias, muitos artigos e até programas especiais de televisão tem destacado que não há biografia revolucionária igual a de Trotsky. Seu biógrafo Isaac Deutscher dizia com razão que: "Tão farta e esplendida foi a carreira de Trotsky, que qualquer parte ou fração dela haveria bastado para encher a vida de uma personalidade histórica sobressalente.

Antes de 1917 ele já havia pasado por dois exílios logo após fugir das cadeias e campos de deportação do czarismo. Havia sido presidente do soviete de Petrogrado na revolução de 1905, agitador contra a guerra imperialista e um dos teóricos marxistas mais brilhantes da época, prevendo doze anos antes qual seria a dinámica da revolução russa.
Se Trotsky houvesse sido morto no começo dos anos 20 do século pasado, mais ou menos no momento em que Lenin morreu, seria recordado com um dos dois grandes líderes da revolução de outubro, como o fundador do exército vermelho e seu caudilho na guerra civil, e como o mentor da Terceira Internacional, que antes de sua burocratização, em seus quatro primeiros congressos, constituiu o escalào mais alto que encontrou a construção de um estado maior da classe operária internacional.

E após tudo isso, começa sua luta contra o stalinismo, primeiro dentro da União Soviética e em seguida no exílio, a batalha na que Trotsky considerava-se cada vez mais indispensável a medida que ia sendo eliminada toda a geração que havia dirigido da revolução de outubro.
A disputa contra o stalinismo foi muito além do que se imaginava, concentrou os grandes problemas estratégicos que enfrentava e enfrenta a classe operária mundial.

Porque esta luta foi em primeiro lugar por manter vivas as conquistas programáticas e estratégicas que naquele momento já representavam mais de 100 anos de história do movimiento operário, conquistas que o stalinismo buscava liquidar, e que se haviam enriquecido com as batalhas dadas pela Oposição de Esquerda tanto no interior da União Soviética como no terreno internacional, como a política de frente-única operária para enfrentar o nazismo e a defesa da independência de classe em relação a frente popular.

A coerência dessa luta tem se mostrado cada vez mais importante com o passar do tempo, depois das diversas derrotas que o stalinismo provocou aos trabalhadores de todo o mundo.

Enquanto a grande maioria de todos que naquele momento se diziam progresistas justificavam a Stalin, e inclusive os processos de Moscou, a voz de Trotsky emergia para dizer que se uma revolução política liderada pela classe operária não terminava como o poder da burocracia, ela mesma era a que iria encabeçar a restauração capitalista.

E o que foi que vimos ocorrer na ex-União Soviética, aonde os velhos dirigentes do Partido se transformaram nos burocratas que ficaram com as empresas privatizadas e restauraram o capitalismo? O una China, em que mantendo-se no poder o Partido Comunista restaurou o capitalismo e transformou o país mais populoso da terra no pulmão do capitalismo mundial nas últimas duas décadas?

Ou na Iugoslavia e nos países da Europa Oriental, em que o capitalismo foi expropriado depois da segunda guerra mundial e aonde havia sido implantado regimes burocráticos baseados no stalinismo e aonde também o capitalismo também foi restaurado depois de 1989.

Trotsky, longe de fazer o jogo dos capitalistas, como diziam os amigos da burocracia, jamais deixou de considerar que a União Soviética era uma conquista da classe operária que deveria ser defendida não somente contra os ataques da burguesia mundial mas também contra a política da própria burocracia. Dizia com clareza que a única maneira de preservar as bases econômicas conquistadas com a revolução era varrer
a burocracia e implantar um regime baseado na democracia dos trabalhadores, que permitiría transformar a estes estados em trincheiras da revolução socialista internacional. Um programa que em certa medida foi apropriado por quem se levantou contra a burocracia em Berlin em 1953, na revolução dos conselhos operários da Hungria em 1956, na Tchecoslováquia em 1968 ou na Polônia em 1970 e 1980, levantamentos que foram esmagados com sangue pela burocracia, que sujou as bandeiras do marxismo e do socialismo. Como aproveitou-se o imperialismo mundial identificando-se o comunismo com o stalinismo, o governo dos trabalhadores com o despotismo da burocracia!
E esta questão, companheiros, segue sendo atual como vemos no caso de Cuba, ameaçada pela restauração capitalista não somente pela agressão criminosa do imperialismo com seu bloqueio, senão também pela própria ação da burocracia governante que se prepara para seguir o caminho de seus amigos da China, Vietnã ou da União Soviética.

Por isso neste ato queremos dizer: Abaixo o bloqueio imperialista ã Cuba! Fora ianques de Guantanamo! Defender as conqusitas da revolução cubana! Abaixo as medidas pró-capitalisas e os privilégios da burocracia governante! Pelo triunfo da revolução política para que Cuba se converta impulsionando a revolução socialista em toda a América Latina!

Porém camaradas, Trotsky não era somente um anti-stalinista, para ele a luta contra a burocracia era parte inseparável da luta para que a classe operária derrotasse a burguesia em todos os país e para terminar com a dominação do imperialismo a nível mundial. Por isso neste ato, também queremos gritar: Fora imperialismo do Oriente Médio! Fora do Iraque! Fora do Afeganistão!

Trotsky enfrentou a definição dos partidos comunistas e dos nacionalistas burgueses que diziam que nos países capitalistas atrasados, nas colonias e nas semi-colônias, a classe operária não tinha que lutar pelo poder, mas subordinar-se políticamente ás burguesias nacionais.

Uma política que teve consequencias nefastas para diversos processos revolucionários, em que mesmo com levantamentos da envergadura da revolução boliviana de 1952 ou o ascenso revolucionário no Chile, Bolívia e Argentina nos anos 70, a classe operária não pode tomar o poder. E isso é algo que volta a estar vigente na América Latina, quando somos os trotskistas que sustentamos que a liberação da dominação e opressão imperialista não virá das mãos das burguesias locais, que uma e mil vezes já mostraram ser sócias menores do imperialismo, mas sim que é uma tarefa que somente pode ser realizada pela classe operária encabeçando o campesinato e a todos os setores explorados.

E também então queremos gritar:

Viva a independência política da classe operária!

E se Trotsky, companheiros, foi o primeiro que disse com clareza que a classe operária nos países atrasados não teria que esperar passivamente o triunfo da revolução nos principais países capitalistas, foi também quem enfrentou a teoria de que era possível construir o socialismo em um só país, como sustentava a burocracia stalinista. A construção do socialismo, a sociedade por qual lutamos, a sociedade em que terminaremos para sempre com toda a exploração e opressão, somente poderá consumar-se quando a classe operária dispor dos principais recursos da economía mundial, quando os mesmos meios que hoje são empregados para enriquecer a uns poucos monopólios sejam postos a serviço de satisfacer as necesidades das massas exploradas de todo mundo,acabando com a fome, miseria, as guerras e todos os flagelos que dia-a-dia produz o capitalismo.

Esta é a base de nosso internacionalismo, já proposto por Marx no Manifesto Comunista. O caráter mundial do sistema capitalista que enfrentamos aponta para a classe operária a necessidade de sua organização política não somente a escala nacional, para lutar pelo poder em cada país, mas também internacionalmente, para enterrar para sempre o imperialismo, recorrendo a luta conjunta dos trabalhadores de todos países.

Por isso hoje nossa luta por construir na Argentina um grande partido revolucionário, que acabe com a burguesia que fez o golpe genocida e que hoje segue tendo o poder económico e político, a classe a qual respondem tanto os Kirchner como seus opositores patronais, é parte do combate por reconstruir a Quarta Internacional, o Partido Mundial da Revolução Social, cuja construção dedicou Trotsky os últimos anos de sua vida.

Também nesse ato vamos voltar a gritar bem forte:

Viva a luta pela reconstrução da Quarta Internacional!

Camaradas:

Ao contrario do que Trotsky havia previsto, o stalinismo saiu fortalecido da segunda guerra mundial. Porém Stalin pactuou com as potencias vencedoras a divisão do mundo em zonas de influencia e os partidos comunistas, como o italiano, o francês e o grego, foram centrais para evitar que a revolução social triunfasse na Europa ocidental frente a derrota do nazismo. Isto permitiu ao imperialismo estabilizar a situação do capitalismo nos principais países imperialistas, ainda que não pode evitar que no pós-guerra se desenvolvessem numerosos processos revolucionários nos países coloniais e semi-coloniais, guerras de libertação nacional e até revoluções triunfantes que levaram ã expropriação dos capitalistas, em países como Iugoslávia, China, Coréia do Norte, Cuba ou Vietnã.

Porém estas revoluções não tiveram o proletariado como sujeito central os partidos que encabeçaram-nas, quando chegaram ao poder, estabeleceram regimes de partidos únicos copiados do stalinismo de Moscou, inimigos da democracia operária e do internacionalismo.
Estas vitórias criaram um sentido comum que dominou o mundo do pós-guerra, ao qual também se adaptaram muitos companheiros que se reivindicavam trotskistas, que consideravam que o mundo avançava passo- a-passo até o socialismo. Uma crença que deixava de lado a contradição que significava para a classe operária que os triunfos obtidos haviam fortalecido as direções burocráticas e nacionalistas, opostas a estratégia de lutar pela revolução socialista internacional. O preço desta ilusão foi muito alto. Estas mesmas direções stalinistas, social-democratas e nacionalistas burguesas prepararam as derrotas dos anos posteriores, das que falava Raul Godoy em seu discurso. Os trinta anos de retrocesso que viemos sofrendo desde o começo da ofensiva neoliberal , quando estes dirigentes se entregaram de mala e cuia ã ofensiva capitalista. E esta é uma conclusão central que temos discutido na Conferência Internacional que acabamos de finalizar: a classe trabalhadora, sobretudo seus setores mais conscientes e combativos, necessitam uma clara estratégia que considere que TODO TRIUNFO PARCIAL, POR MAIS IMPORTANTE QUE SEJA COMO FORAM AS REVOLUÇÕES QUE EXPROPRIARAM AOS CAPITALISTAS, DEVE SER CONSIDERADO COMO PARTE DE UMA GUERRA PERMANENTE QUE A CLASSE OPERáRIA DEVE DESENVOLVER COMO PARTE DE UMA GUERRA PERMANENTE QUE A CLASSE OPERáRIA DEVE DESENVOLVER PARA TERMINAR COM A EXPLORAÇÃO CAPITALISTA IMPERIALISTA. Os capitalistas sempre pretenderão arrancar as conquistas que obtenhamos. Por isso necesitamos de um programa e uma estratégia internacionalista para terminar com eles, e por isso lutamos por construir partidos revolucionários da vanguarda operária, estudantil e juvenil e por reconstruir a Internacional fundada por Trtosky.

Faz três anos que a emergencia da crise capitalista mais profunda desde os anos 30 tem mostrado os limites dessas vitórias do capital. Os principais estados imperialistas estão fortemente endividados e crescem as advertencias sobre que o pior da crise está por chegar. Ainda que em algumas regiões do mundo, como aquí na América Latina, a economía se recuperou logo do primeiro chacoalhão, a situação geral é precária. Quando são os centros do capitalismo mundial os que estão afetados, não se pode pensar seriamente que é possível sair imune da crise.

É no marco deste período marcado pela crise capitalista, que o legado de Trotsky ganha mais atualidade que nunca. Do stalinismo, companheiros, praticamente não sobrou nada de pé. Onde estão no governo aplicam planos de ajuste iguais ao dos governos conservadores, como fazem os social-democratas. Por sua vez, os governos e movimentos populistas, mais além da retórica de ocasião, não oferecem mais que retoques ao sistema. Ainda que falem do “socialismo do século XXI” como Hugo Chávez, nenhum deles se propõe abolir o domínio da propriedade privada e organizar a economia em base a um plano democrático para satisfacer as necesidades dos trabalhadores e as massas exploradas. Menos ainda levantam uma estratégia para terminar com a dominação do imperialismo a nível mundial.

Sabemos que este período de crise capitalista vai multiplicar convulsões políticas, econômicas e sociais em todo mundo. Trata-se então que multipliquemos os esforços para agrupar a vanguarda operária e juvenil com um programa, uma estratégia e uma organização revolucionária. A classe operária, longe de haver desaparecido como nos diziam nos anos 90, se reconfigurou e expandiu geográficamente, como expressam o despertar da classe operária chinesa e de outros países da região. A experiência histórica nos mostra como a classe operária não vai deixar passar sem luta os novos ataques do capital para fazer pagar a crise a classe operária. Porém também nos mostra que se os trabalhadores não contarem com uma direção revolucionária, com um verdadeiro estado maior, a energía das massas vai se evaporar se os que dirigem são os que buscam a conciliação com o capital. E sabemos que vamos ter que enfrentar a todo seu arsenal de métodos contra-revolucionários e reacionários para que a crise seja paga pela classe operária. Em nosso país, como disseram os que me antecederam, estamos vendo os primeiros passos de uma classe operária que começa a se levantar e a recuperar suas organizações. Em Kraft, em Zanon, os companheiros que estiveram do metrô, nos terceirizados dos ferroviários e em tantos outros, está se expresando um desenvolvimento de uma corrente classista que dá conta da potencialidade da classe operária. Desde o PTS estamos pondo todos nossos esforços e energia no desenvolvimento desta perspectiva, assim como no desenvolvimento de um movimiento estudantil militante e pró-operário, como o que expressam nossos companheiros do ´´En Clave Roja´´ procesados na justiça por apoiar a luta da classe operária.
Nosso partido está comprometido, junto com os companheiros que hoje estiveram aquí presentes na luta por reconstruir a Quarta Internacional. É um proceso que não vai se dar pelo crescimento evolutivo de nossa corrente, mas a partir de que os novos contingentes da vanguarda operária e juvenil que entrem em combate neste período de crise mundial tomem como próprio o programa e a estratégia para levá-los a vitória, e isto, estamos seguros, nos levará a convergência com outros setores que reivindiquem o programa socialista, operário e revolucionário.

Trotsky, companheiros, terminava seu testamento afirmando:

Fui revolucionário durante meus quarenta e três anos de vida consciente e durante quarente e dois lutei sob as bandeiras do marxismo. Se tivesse que começar tudo de novo teria, talvez, evitado tal ou qual erro, porém no fundamental minha vida seria a mesma. Morrerei sendo um revolucionário proletário, um marxista, um materialista dialético e, em consequencia, um ateu irreconciliável. Minha fé no futuro comunista da humanidade não é hoje menos ardente, mas sim mais firme, que na minha juventude.
Natasha(sua companheira) acabou de chegar pelo pátio até a janela e abriu-a completamente para que o ar possa entrar mais libremente em meu quarto. Posso ver a larga faixa de verde sob o muro, sobre ele, o claro céu azul, e por todos os lados, a luz solar. A VIDA É BELA. QUE AS GERAÇÕES FUTURAS A LIMPEM DE TODO O MAL, DE TODA A OPRESSÃO, DE TODA A VIOlàŠNCIA E POSSAM GOZá-LA PLENAMENTE.

Companheiras e companheiros, nossa melhor homenagem a 70 anos de seu assassinato é redobrar nossas energias para que a perspectiva pela qual Trotsky lutava quando foi assassinado por um capanga de Stalin siga viva e se materialize. Porque estamos convencidos que se o movimento operário vai voltar a ser alternativa para milhões neste século será sob as bandeiras do programa de trotskismo.

VIVA A CLASSE OPERáRIA MUNDIAL!

VIVA A LUTA PELA RECONSTRUÇÃO DA QUARTA INTERNACIONAL!

VIVA O SOCIALISMO!

 
 
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