As novas lutas que resistem os planos do governo -a partir da resistência de mais de dois meses dos mineiro-metalúrgicos de Lázaro Cárdenas- como as greves em Zacatecas, Taxco e Sonora, demonstram as possibilidades de canalizar o descontentamento operário e popular frente a um possível enfrentamento com o governo. É a classe operária que começa a vir ã tona com seus irmãos latino-americanos. Estas mobilizações - sob a direção do magistério mobilizado em vários estados e com mais força e radicalização em Oaxaca - realizam suas ocupações, paralisações, ocupações de edifícios do governo, enfrentamentos com as forças repressoras e bloqueios de estradas. A ofensiva anti-operária também levou os sindicatos que se colocam em oposição ao Congresso do Trabalho saíram massivamente no 1° de maio em protesto contra o governo de Vicente Fox, onde se expressou incipientemente a potencialidade da classe operária. Estamos entrando em uma nova situação no movimento operário, onde a disposição para enfrentar a política anti-operária do governo e dos patrões, pode ser um salto no nível de consciência e na reorganização da classe trabalhadora.
Construamos uma Corrente classista
A vanguarda trabalhadora deve lutar nos sindicatos para que os mesmos impulsionem um programa de luta contra a exploração e a miséria. Ou seja, converter os sindicatos em organismos de frente única de combate. Lamentavelmente, muitos dos sindicatos que fazem o chamado ã mobilização (como os mineiros do IMSS, do Telmex e da CROC) são dirigidos por aqueles que permitiram a perda de conquistas de milhões de trabalhadores. Por isso, os trabalhadores não podem confiar na "combatividade" de dirigentes como o Napoleón Gómez Urrutia, que aceitam a contratação de trabalhadores não sindicalizados (sem prestações), como os mineiros presos na repressão de “Pasta de Conchos” em Coahuila. Como Hernández Juárez que negocia salários que enchem os bolsos de Carlos Slim (um dos empresários mais ricos da América Latina). Nesse sentido, a participação de dirigentes do SME como candidatos de um partido burguês como o PRD, não só é contrária à luta pela independência política das organizações operárias, mas tende a subordinar a base eletricista a uma direção política inimiga da expropriação dos meios de produção e da independência dos sindicatos do Estado.
As lutas operárias anunciadas pelo despertar do proletariado exigem uma política de independência de classe, que os trabalhadores se livrem de suas direções burocráticas, lutando por romper com a histórica subordinação dos sindicatos ao regime. Soma-se a isto a luta por novos organismos com democracia operária, que possibilitem a mais livre discussão para fortalecer a organização dos explorados.
Urge a necessidade da construção de uma corrente classista e antiburocrática, que impulsione as medidas dos sindicatos como ferramenta de luta contra os planos do regime e da patronal. Que lute pelos trabalhadores precarizados e por incorporar os trabalhadores desempregados em suas lutas. Uma corrente que brigue pela democracia sindical e por romper com a subordinação dos sindicatos ao Estado. Com uma corrente assim, podemos fortalecer a luta por recuperar os sindicatos das mãos da burocracia.
Chamamos ao POS [1], ã LUS [2], e aos trabalhadores classistas e combativos, a construir esta corrente antipatronal e antiburocrática.
Momentos Chave
Abril: Os trabalhadores mineiro-metalúrgicos de Sicartsa resistem a uma tentativa de desalojamento e se enfrentam com as forças policiais. Dois operários acabaram mortos.
Maio: Milhares de policiais reprimem brutalmente os trabalhadores e o povo de Atenco. Com o saldo de dois mortos, mais de 200 detidos, violência e abuso policial.
Junho: Milhares de efetivos da polícia tentaram desalojar em Oaxaca os heróicos professores, que resistiram o desalojamento e voltaram a se instalar em seu acampamento.
2 de Julho: Ocorrem as próximas eleições presidenciais. As últimas pesquisas apontam uma leve vantagem para López Obrador (candidato do centro-esquerdista PRD) sobre o candidato oficialista Felipe Calderón (do PAN).
Pela libertação dos presos
A resposta do regime a estas ações operárias foi de maior repressão para buscar frear as lutas, prendendo a dezenas de dirigentes. É preciso impulsionar a mobilização nacional das organizações operárias e “a outra campanha”, para liberar os presos políticos e levar as lutas ao triunfo. Hoje há presos por todas as partes; ontem foram os companheiros de Atenco, hoje são os professores de Oaxaca, amanhã podem prender os trabalhadores eletricistas, os universitários, etc. É necessária a mais ampla unidade, sem sectarismos, para liberar os companheiros que o regime mantém como reféns.
[1] Partido Obrero Socialista.
[2] Liga de Unidad Socialista.
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