1) O ataque do Estado de Israel ao Líbano, com bombardeios e mísseis e a imposição de um bloqueio aéreo e marítimo, que já dura uma semana e já matou 320 libaneses, constitui a segunda frente aberta pelo governo israelense, com total apoio de Washington para redefinir o Oriente Médio em função de seus interesses reacionários. A primeira frente havia sido aberta quatro semanas atrás com a invasão da Faixa de Gaza, na qual um milhão e meio de palestinos sofrem um virtual cerco, sem eletricidade e com baixíssimas reservas de alimentos.
O governo de Olmert tem utilizado os seqüestros dos soldados israelenses, primeiro em Gaza no dia 25 de junho e em seguida em 12 de julho na fronteira libanesa, como desculpa para uma operação militar em grande escala, que estava claramente preparada antecipadamente, para levar a cabo seus objetivos estratégicos que não têm relação direta com os incidentes que supostamente a provocaram.
2) Estas ações militares do Exército sionista constituem a ofensiva reacionária mais importante no Oriente Médio desde a invasão ao Iraque, realizada pela administração Bush em 2003. Entretanto, ao contrário desta operação contra-revolucionária a atual ofensiva israelense se dá num marco de relativa (ainda que precária) unidade imperialista, e na ausência de um movimento de massas que se oponha nas ruas, como foi o fabuloso movimento anti-guerra que alcançou os cinco continentes.
3) Em certa medida a ofensiva israelense é uma resposta reacionária ao resultado provisório da invasão do Iraque, que levou o imperialismo norte-americano ao pântano militar - e ao avanço - parcial, em desenvolvimento e ainda não consolidado - do Irã como potência regional. Estes acontecimentos, junto ao triunfo do Hamas nos territórios ocupados, abrem as portas para uma potencial radicalização das massas dos países árabes, onde muitas das oposições a seus governos conservadores e pró-imperialistas são encabeçadas por grupos próximos a esta organização (como a Irmandade Muçulmana), e ameaçam inaugurar uma mudança na relação de forças regional, contrária aos interesses dos Estados Unidos, Israel e das burguesias árabes conservadoras, para além do fato de que desde o prisma do programa da revolução proletária as direções que se fortalecem não têm um caráter operário, nem sejam consequentemente antiimperialistas, e muito menos anti-capitalistas.
É por isso que os EUA, ainda que não possam intervir diretamente, apóiam e vêem com bons olhos o êxito da operação israelense, tal como os governos do Egito e a monarquia da Arábia Saudita, que estão aterrorizados frente ao avanço do Irã. Atitudes similares adotam o governo da Jordânia, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Abbas, nos territórios ocupados um agente direto da ocupação sionista, que temem que o exemplo do Hamas incite a maioria da população de origem palestina.
Por tudo isso, estamos diante de um acontecimento reacionário que junto ã situação do Iraque e a pressão imperialista contra o armamento nuclear iraniano irá moldar - por sua importância - o caráter do Oriente Médio, e em certa medida da política mundial, nos próximos meses e anos.
4) Os objetivos do governo israelense em suas duas frentes militares são cada vez mais evidentes. Em Gaza o Estado de Israel não oculta seu desejo de destruir o governo da ANP, encabeçado pelo Hamas. O bloqueio econômico imposto em janeiro, depois que o Hamas ganhou as eleições parlamentares, foi avançando para um bloqueio militar em grande escala de Gaza, onde o Hamas tem suas principais bases de apoio. No Líbano o objetivo de Israel é debilitar significativamente o aparato militar do Hizbollah, movimento xiita islà¢mico que domina o sul do país, incluindo se for possível a liquidação física de toda sua cúpula, em particular de seu principal dirigente Hassan Nasrallah.
5) Contrariamente ao esperado por Washington, a retirada militar síria do Líbano no ano passado como produto da “revolução dos cedros”, orquestrada pelos EUA e a União Européia depois do assassinato do homem forte deste país, Rafik al-Hariri, que instalou um regime mais pró norte-americano deixou o Hizbollah com mais campo de manobra militar frente ao Estado sionista, como demonstram as surpreendentes tomadas de reféns - a segunda em menos de um mês que sofrem as forças de segurança sionistas, tomando em conta a de Gaza. Junto a isto, e sobretudo, com a provável ajuda material do Irã ao Hizbollah, o lançamento de mísseis em Haifa (a terceira cidade israelense) que no domingo passado custou a vida de oito residentes e a ameaça de chegar a Tel Aviv (a principal cidade israelense), o orgulho do Exército de Israel foi afetado, já que ficou demonstrada a vulnerabilidade do Estado sionista, questão que o governo israelense não pode tolerar.
Como declarou o ministro de Defesa de Israel, o trabalhista Amir Peretz: “Se o governo do Líbano fracassa em lançar suas tropas, como é de esperar de um governo soberano, não permitiremos que as forças do Hizbollah permaneçam muito mais nas fronteiras do Estado de Israel”, questão que reafirmou ao dizer que o objetivo de Israel é: “criar uma zona de isolamento despovoada entre o Líbano e Israel para evitar o regresso das milícias do Hizbollah”. Em outras palavras, se o exército do Líbano não desarmar o Hizbollah - e ninguém espera que o faça - as Forças Armadas israelenses o fariam por conta própria. Isto pese as declarações desesperadas do primeiro-ministro libanês no sábado passado a seus cidadãos, nas quais falou pela primeira vez de “trabalhar para estender a autoridade estatal sobre o conjunto de seu território, em cooperação com as Nações Unidas no sul do Líbano”. Entretanto, todos duvidam que este frágil governo atravessado por disputas internas entre o Hizbollah xiita, apoiado pelo eixo Síria-Irã frente a aliança anti-síria de sunitas, drusos e cristãos cujos dirigentes respectivamente são o trio Hariri-Jumblat-Geagea, possa se manter unido ante uma medida deste tipo, que poderia reiniciar a guerra civil neste país, além de que teria problemas para controlar o Exército, que está composto por muitos setores xiitas e tem um comando pró-sírio.
6) Durante os últimos dias o governo de Israel intensificou ainda mais sua ofensiva. Na noite do domingo passado a aviação israelense se lançou contra as cidades de Trípoli e Baalbeck. Durante o dia lançou demolidores ataques contra Beirute, onde ruas inteiras foram reduzidas a escombros. Grande parte desta capital ficou sem luz. Os subúrbios do sul de Beirute foram destruídos. O edifício do canal de TV do Hizbollah, Al Manar, foi bombardeado e “não restou pedra sobre pedra”. Também foram alvos as cidades portuárias de Sidón e Tiro. O aeroporto de Beirute foi bombardeado, além das linhas de comunicações, ainda que estas não tenham sido destruídas totalmente, e o sistema de estradas que une Beirute a Damasco, capital síria. Além de seguir atacando a infra-estrutura do Hizbollah.
Estas ações punitivas têm como objetivo castigar a população do Líbano e seu governo, tornando-os responsáveis por alojar em seu território um grupo “terrorista” como o Hizbollah, com o propósito de voltar os setores da população contra o Hizbollah (em especial os cristãos maronitas que, pese toda a fachada de unidade que reina no Líbano de hoje, não são muito chegados a seus compatriotas xiitas, a maioria trabalhadores, camponeses ou cidadãos comuns com limitada mobilidade social), ao mesmo tempo em que respondem ao objetivo militar de prevenir que novas provisões entrem no Líbano. Por isso têm atacado as instalações costeiras além de destruir a indústria do turismo. Conjuntamente, está degradando as estradas do Líbano com o objetivo de prevenir que os reforços possam alcançar os lutadores do Hizbollah no sul, e o mais importante, evitar uma retirada ou deslocamento da artilharia pesada que o Hizbollah dispõe no sul, particularmente seus lança-foguetes e mísseis. Os israelenses estão preparando o campo de batalha para “quebrar” o Hizbollah - esta é a rara expressão utilizada por um de seus altos mandos militares - e destruir seu “câncer terrorista”.
Enquanto isso, Tel Aviv deixa correr certas iniciativas diplomáticas que lhe permitem se reposicionar no sistema internacional, mostrando sua boa vontade de chegar a um compromisso, colocando demandas que o façam parecer como extremamente razoável, mas que por sua vez são completamente inaceitáveis para esta organização, como o demonstra o terceiro ponto das condições para um cessar fogo defendido pelo primeiro-ministro Olmert condicionado ã retirada do Hizbollah ao norte do rio Litano e a entrega de seus arsenais de lança - mísseis ao exército libanês. Enquanto este jogo segue, também continuam os bombardeios aéreos buscando minar as principais fortalezas do Hizbollah.
Entretanto, o fundamental do conflito ainda não começou. Com as ofensivas aéreas, Israel quer rodear e isolar o Hizbollah, para que no caso de ter que realizar uma operação terrestre em grande escala no sul do Líbano, fazer com que esta seja rápida e profunda (sobretudo mais devastadora, para reduzir significativamente o poder de fogo desta organização), e não como a longa e custosa ocupação do Líbano de 1982. O Hizbollah por sua vez aposta, no caso de se efetivar esta incursão, em levar o exército israelense a uma guerra de guerrilhas que lhe imponha fortes baixas e um alto custo econômico e moral. Se este evita ser dizimado por um inimigo infinitamente superior como Israel pode se apresentar como um grupo combatente que não teme Israel, ao contrário das covardes árabes, o que elevaria ainda mais seu prestígio ao ser considerada a força beligerante que ajudou no passado a retirada de Israel do Líbano.
A interrogante é a Síria. Israel não tem por ora muito interesse em abrir uma terceira frente, além de que Washington não veria isto com bons olhos, no meio das negociações atrás das cortinas que tem com o Irã sobre o futuro do Iraque, que se tocam o seu principal aliado na região (Síria) poderia usar seus recursos neste país para desestabilizar o frágil governo iraquiano e entorpecer e desequilibrar de forma calamitosa os planos de retirada ordenada por Washington. O problema é que se descarta a opção de bombardear a Síria este país, como o que aconteceu durante a guerra do Iraque, se poderia converter em um santuário que permita o reposicionamento dos combatentes do Hizbollah ao longo de sua fronteira, impedindo em grande medida o brutal golpe que Israel pretende lhe dar.
Mas o elemento que pode alterar significativamente a relação de forças e fazer fracassar os planos do Estado Maior mais poderoso, como é o Exército sionista, é o fato de que uma intensificação ainda maior de sua ofensiva no Líbano pode incitar ã mobilização das massas do Oriente Médio, que durante semanas vem sofrendo os bombardeios, o cerco e o castigo coletivo a que são submetidas as massas palestinas em Gaza, o que incrementou o ódio e a vontade de vingança em relação ao Estado sionista. Também, ainda que de maneira muito minoritária, começa a despertar o movimento pacifista israelense, questão que pode aumentar se seguem os custos sofridos não só por seu exército (formado em boa medida por soldados conscritos), senão também pela população civil, se o governo israelense não consegue deter rapidamente os bombardeios de mísseis sobre seus populosos centros.
7) A atitude criminosa do governo sionista por mais de seis dias no Líbano e quase três semanas em Gaza, conta com o apoio descarado da administração Bush, que se negou reiteradamente aos pedidos de um cessar fogo e declarou uma infinidade de vezes que avaliza o supremo e legítimo direito de Israel a sua autodefesa, agregando no dia de hoje que “Temos pedido que ao fazer isso se tenha em mente o governo (do primeiro-ministro libanês, Fuad Saniora). É muito importante que este governo no Líbano tenha êxito e sobreviva”, frente ao perigo de que a “Síria está tentando retornar ao Líbano”. Por sua vez, o Grupo dos Oito, reunido em Moscou se alinhou com Washington e Tel Aviv, com um comunicado no domingo que acusa o Hizbollah e o Hamas pelo conflito no Oriente Médio. Em suas próprias palavras: “Não se pode permitir que estes elementos extremistas e aqueles que os apóiam levem o Oriente Médio ao caos”, afirmando o direito de Israel a se defender e fazendo só um sumário chamado a Tel Aviv a exercer uma “maior contenção”. Este comunicado é uma bofetada a todos os chamados a um cessar-fogo, e dá sinal verde para Israel realizar sua agressão tanto no Líbano como em Gaza.
É de destacar o total alinhamento com a posição norte-americana do outrora opositor ã guerra do Iraque, o presidente da França Jaques Chirac, que na Rússia declarou: “Estou totalmente de acordo com a opinião de George Bush de que é essencial por em prática a resolução 1559 (do Conselho de Segurança da ONU). Todas as forças que ameaçam e põem em perigo a segurança, estabilidade e a soberania do Líbano devem cessar”, em clara referência ao Hizbollah, ainda que no outro dia tenha mandado seu desgastado primeiro-ministro para buscar uma fútil saída negociada.
Mais constrangedor, por sua suposta neutralidade, é o papel da ONU. No sábado seu Conselho de Segurança rechaçou o pedido de cessar-fogo reivindicado pelo governo do Líbano e apresentado pelo Qatar, enquanto apoiava uma resolução promovida pelos EUA, que impõe sanções ã Coréia do Norte e demandava a suspensão de seu programa de mísseis nucleares. O apoio quase aberto ã ofensiva sionista foi remarcado por um veterano diplomático ocidental citado pelo jornal israelense Haaretz, que afirmou: “Não seria um exagero dizer que o Conselho de Segurança deu sinal verde a Israel para continuar suas atividades”. Exultante depois da sessão, na qual segundo suas próprias palavras muitos de seus colegas lhe saudavam, o ministro das Relações Exteriores de Israel sustentou que: “Israel e a comunidade internacional compartilham um mesmo problema - a presença dos extremistas terroristas”. Por sua vez, os regimes árabes demonstraram uma vez mais sua impotência e aberta cumplicidade com a agressão israelense apoiada pelos EUA. Depois de uma reunião de emergência celebrada no Cairo, tudo a Liga Árabe acordou foi um chamado ao Conselho de Segurança da ONU para intervir.
Na América do Sul os governos “progressistas” da região mantêm um silêncio cúmplice diante da escalada israelense. Pior ainda no caso dos países do Mercosul que se dispõem a firmar um Tratado de Livre Comércio com Israel, quando este está executando semelhantes massacres, o que desmascara seu suposto “anti norte-americanismo”.
8) O apoio explícito dos EUA e dos órgãos dominados pelo imperialismo, como o G8 e a ONU, a agressão israelense e a aberta cumplicidade das burguesias árabes do Egito, Jordânia e Arábia Saudita mostram que estamos frente a um verdadeiro complô internacional para derrubar as massas palestinas e as massas resistentes do Líbano. Ante esta frente-única reacionária é necessários que as organizações operárias, estudantis e populares, os partidos que se reclamam democráticos, as organizações de esquerda, em especial as que se reclamam trotskistas, façamos todos os esforços para por nas ruas milhares de trabalhadores, camponeses e estudantes para deter a ofensiva israelense em Gaza e no Líbano, e como parte da luta para impedir que o exército sionista e as forças imperialistas que o apóiam possam destruir a resistência das massas da região, enquanto redobramos os esforços para expulsar o exército norte-americano e seu sócio britânico do Iraque e de todo Oriente Médio, a verdadeira força contra-revolucionária que direta ou indiretamente está por trás de todos os governos e planos reacionários desta região de importância estratégica, já que controla as principais fontes de petróleo em nível mundial.
Estamos diante de um salto qualitativo do governo sionista de impor uma solução unilateral ao problema palestino, e ante uma escalada em toda linha contra os grupos que resistem a seu domínio em todo o Oriente Médio. Em setembro de 2000 o presidente norte-americano Clinton e o primeiro-ministro Ehud Barak fracassaram em obter uma total capitulação de Arafat nas negociações de Camp David. Isto foi utilizado pelo “falcão” Sharon para armar sua infame provocação na mesquita Al Aqsa em Jerusalém, que desatou na segunda intifada. Esta ação daquele que depois seria primeiro ministro de Israel até sua paralisia cerebral em fins do ano passado, e cujo atual governo de Olmert segue, assinalou um decisivo giro de Israel: da busca de um acordo negociado com os palestinos (Acordos de Oslo) a uma política que foi debilitando a Autoridade Nacional Palestina, primeiro nos últimos anos de vida de Arafat e agora mais decisivamente frente ao governo do Hamas, conjuntamente com a política deliberada de debilitar os grupos da região como o Hizbollah, que são declarados inimigos do Estado sionista.
Esta verdadeira cara do Estado sionista mostra que é uma utopia reacionária e uma máscara para desviar as energias da luta das massas em direção a “solução de dois Estados”, solução enganosa que sempre teve como premissa a renúncia do povo palestino a seus direitos democráticos mais elementares, como o direito de retorno dos milhares de refugiados palestinos, expulsos de suas terras pelo Estado sionista e o direito a ter seu próprio Estado em todo seu território histórico. O suposto “Estado palestino” mão seria mais que uma série de cidades isoladas cercadas pelo muro de segurança, sem continuidade territorial nem viabilidade econômica, sem a possibilidade de controlar suas fronteiras nem recursos escassos como a água. A conclusão evidente é que os direitos democráticos do povo palestino são incompatíveis com a existência do Estado sionista, um enclave racista e colonial, fundado em 1948 sobre a base da expulsão e da limpeza étnica da população árabe que habitava a Palestina. Como resultado de distintas guerras - como a chamada “guerra da independência” em 1949 ou a guerra dos seis dias em 1967 - e de sua política de ocupação de territórios com colonos da extrema direita religiosa, estendeu suas fronteiras, incorporando cada vez mais porções dos chamados territórios ocupados.
A política agressiva de Israel tem prestigiado enormemente grupos como o Hamas que, frente ã posição vergonhosa das burguesias árabes aparecem como heróis, sobretudo para as massas palestinas. Mas o Hizbollah, pese o seu caráter combativo e o fato de estar hoje enfrentando o exército sionista, é uma organização islà¢mica radical e, portanto, que sustenta a conciliação de classes, como o demonstra sendo parte do governo de “unidade nacional” reacionário no Líbano junto aos setores da burguesia maronita e sunita, como o filho do ex-premiê Hariri, enquanto mantém relações clientelares com a Síria e em maior medida com o Irã, país que fundou, financiou e organizou este grupo depois da revolução iraniana de 1979, para seus objetivos de política exterior, constituindo hoje uma das principais peças do regime teocrático do Irã em suas aspirações regionais. Por isso os revolucionários, enquanto defendemos ante a agressão do estado sionista e consideramos legítimos seus atos de resistência contra o Estado terrorista de Israel, mantemos total independência política deste grupo islà¢mico radical.
Por outro lado, estamos pela derrota da agressão (e provável invasão) israelense contra o Líbano, que se tiver êxito estabelecerá um governo mais pró-imperialista que provavelmente aceite uma considerável força de interposição da ONU, uma vez que o exército israelense tenha limpado o terreno. Só uma direção operária revolucionária, independente de todos os governos burgueses da região, não só dos amigos de Israel senão também dos que hoje aparecem como inimigos, como é o caso da Síria e Irã, pode ser uma alternativa para as justas aspirações das massas na região. Não nos esqueçamos que o regime sírio não hesitou no passado em invadir o Líbano para conter a radicalização dos refugiados palestinos (como foi no caso de 1976 com o aval de Israel, França e dos EUA) e que hoje aposta no caos neste país para voltar a ocupar as posições perdidas no ano passado, ou que poderia se vender ao campo sionista se Israel estiver disposto a pagar um alto preço, como poderia ser a reabertura de negociações pelas alturas do Golan (uma porção de território sírio que Israel arrematou deste país na guerra dos Seis Dias de 1967).
O mesmo com respeito ao Irã, país que levou uma guerra fratricida contra o Iraque nos anos 80, que desviou a energia revolucionária de milhões de trabalhadores, estudantes, camponeses e pobres urbanos que tinham confiado na revolução islà¢mica, processo qye ajudou a liquidar este ascenso revolucionário e consolidar a teocracia iraniana, e que mais recentemente tolerou a ocupação estadunidense do Iraque apostando que os ianques fizessem o trabalho sujo com os sunitas para que depois ficasse em melhor posição para avançar em sua influência no Iraque, frente ao desgaste e o pântano militar norte-americano.
Com respeito ã Palestina os revolucionários defendemos os militantes da resistência palestina frente ao Estado sionista, e também o direito do povo palestino a eleger seu próprio governo, mas defendemos claramente que a estratégia das direções islà¢micas como o Hamas de transformar a Palestina em um Estado teocrático é totalmente reacionária. Esta estratégia não só liquida liberdades democráticas básicas, como propaga a ilusória idéia de uma “comunidade de crentes”, ocultando as obscenas divisões de classe das sociedades islà¢micas, e é inimiga de que a classe operária ã frente das massas oprimidas da região enfrente ao imperialismo e a seus submissos governos locais, com uma política independente. Frente a esta política que leva a luta pela libertação nacional a um beco sem saída, os marxistas revolucionários estamos pela destruição do Estado sionista reacionário de Israel, e sustentamos que um estado palestino laico, democrático e não racista só é possível com uma Palestina operária e socialista, onde possam conviver em paz árabes e judeus, em todo o território da Palestina histórica (que inclui tanto o que ocupa atualmente Israel, como Gaza e Cisjordânia) na perspectiva de uma Federação de Repúblicas Socialistas do Oriente Médio.
Fração Trotskista pela Quarta Internacional
PTS (Partido de Trabajadores por el Socialismo) da Argentina,
LTS - CC (Liga de Trabajadores por el Socialismo- Contracorriente) do México,
LOR-CI (Liga Obrera Revolucionaria por la Cuarta Internacional) da Bolívia,
LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária) do Brasil,
Clase contra Clase de Chile,
JIR (Juventud de Izquierda Revolucionaria) da Venezuela,
Clase Contra Clase do Estado Espanhol e FT Europa
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