Depois de 18 dias de mobilizações de massas nas principais cidades do Egito e a realização de diversas greves em todo o país, o ditador Hosni Mubarak foi deposto pela força dos trabalhadores e da população egípcia. Mubarak é o segundo ditador árabe a cair após o processo revolucionário ter sido iniciado contra as ditaduras sustentadas pelos EUA na Tunísia com a queda de Bem Ali em janeiro. O processo revolucionário que não está fechado no Egito e Tunísia segue se aproximando de diversos países da África e Oriente Médio, como Argélia, Jordânia e Iêmen. A queda de Mubarak significa uma derrota profunda para o imperialismo estadunidense de Obama, para o Estado de Israel e Arábia Saudita, uma vez que o Egito se transformou no principal parceiro econômico e político dos EUA desde 1972 tendo uma importância geopolítica estratégica para o comércio internacional e o transporte de petróleo de toda a região. O Egito também foi o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com o Estado racista de Israel.
É uma vitória inestimável para toda a classe trabalhadora e especialmente para todo o povo árabe. A queda revolucionária de Mubarak significa também um tapa na cara de todos os céticos, o processo revolucionário mostra a capacidade de todo o povo explorado e oprimido contra os autocratas assassinos do capitalismo e revela a importância decisiva da classe trabalhadora. Mesmo com passeatas e mobilizações de milhões nas ruas do Cairo, foi a entrada decisiva dos trabalhadores de Suez em greve e das diversas outras categorias que os seguiram nacionalmente iniciando uma greve geral que mostrou a Mubarak e ao mundo quem determina a produção. Temendo que o movimento operário entrasse como principal força protagonista, a burguesia egípcia teve que ceder ã pressão das greves e das mobilizações das massas. A classe trabalhadora egípcia e sua vitória diante de Mubarak também é uma lição ás direções islà¢micas burguesas, revelando a completa incapacidade destas direções em conduzir o povo egípcio ã mínima conquista democrática. O representante da Autoridade Nacional Palestina Mahmoud Abbas já havia declarado apoio ã Mubarak desde o início das mobilizações populares, e El Baradei sustentado pela oposição da Irmandade Muçulmana, saiu em declaração solicitando socorro para as forças armadas intervirem dizendo que “o Egito vai explodir”, logo após as greves se iniciarem em Suez. É um processo revolucionário árabe onde a espontaneidade da classe trabalhadora prima contra os interesses das direções nacionais burguesas ã revelia do fundamentalismo islà¢mico.
Alertamos que a passagem do poder ao exército egípcio é uma manobra para a manutenção do regime subserviente ao imperialismo estadunidense e ao estado terrorista de Israel. Não podemos esquecer que os EUA financiam o exército egípcio com 1,5 bilhões de dólares todos os anos para reprimir o povo egípcio. A junta militar que assume o poder estava ligada por mil e um laços a Mubarak. O comandante do exército, líder desta junta, era descrita pelo embaixador norte-americano no Wikileaks, como o “poodle de Mubarak”. Não será de suas mãos ou de torturadores e assassinos como Suleiman, ex-chefe da polícia secreta e atual vice-presidente, que o povo egípcio se livrará deste regime opressor e pró-imperialista.
Portanto a queda de Mubarak não significa uma vitória definitiva ao povo egípcio caso o processo revolucionário não avance para destruir o atual regime e para a destruição do capitalismo egípcio.Os trabalhadores devem seguir em luta através do aprofundamento da greve geral política iniciada desde 10 de fevereiro e da consolidação de comitês de auto defesa que encampem a construção de uma Assembléia Constituinte Revolucionária, onde, desde os sindicatos e organizações populares sejam os trabalhadores e o povo quem determine a transformação do país conforme suas necessidades de forma independente da burguesia e da oficialidade egípcia. Esta é a única forma de que se quebre o cerco ã Faixa de Gaza, para terminar com a opressão que sofre o povo palestino e dar uma solução verdadeira ás necessidades dos explorados e oprimidos de toda a região. Ontem foi a Tunísia, hoje o Egito e amanhã será a Argélia, Jordânia e todos os regimes pró-imperialistas do Oriente Médio.
Fora Suleiman! Fora junta militar! Não ã falácia da transição democrática!
Por uma greve geral política que coloque a classe trabalhadora no centro da cena!
Pela ampliação dos comitês populares para dar o golpe decisivo ao regime!
Pela constituição de milícias operárias e populares para a auto-defesa das massas!
Por uma Assembléia Constituinte Revolucionária!
Contra a intervenção do imperialismo e as negociações com Obama!
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