por Santiago Lupe, de Clase contra Clase
(organização irmã da LER-QI no Estado Espanhol)
Nas importantes assembléias que se seguem realizando é crescente a inquietude de muitos dos jovens acerca de como seguir. O peso de algumas correntes autonomistas e anarquistas dificulta que esta discussão possa realizar-se de maneira mais clara e frutífera. Apoiando-se no sentimento de rechaço aos partidos do Regime e ã burocracia sindical, fomentam que este se transforme em um rechaço a toda organização de trabalhadores e grupo político. Assim, justificam a negação do direito a que diferentes tendências, nas quais muitos lutadores nos organizamos, possam expresar suas diferentes estratégias para submetê-las ã discussão do conjunto dos lutadores. Isto também afeta muitos independentes que tampouco podem agrupar-se com aqueles com os quais compartilham uma determinada orientação para tratar de defendê-la e lutar por ela. Trata-se de um método, que ademais de não respeitar um direito democrático de que as organizações que apóiam a luta possam expressar-se, supõe um empecilho para que o conjunto do movimento possa avançar.
Distinguem-se duas estratégias fundamentais. Por um lado, os mesmos setores que batalham contra a liberdade de tendências, tratam de converter os acampamentos em um fim em si mesmo. Sua máxima implicação se encontra em desenvolver os acampamentos, em construir “aqui e agora” um “espaço de autonomia”, onde os que participam dele possam resolver por seus próprios meios – ainda que de forma muito parcial e precária – alguns de seus problemas da vida cotidiana. Tratam de construir “uma cidade dentro da cidade”, um mundo “paralelo” ao existente. Tudo isto leva por um lado a desprezar a luta política contra o Governo, o Regime e a patronal, resistindo ao sentimento majoritário de ir conformando reivindicações concretas. Ademais se auto-impõe ao movimento uma barreira para tratar de ligar-se a outros setores em luta que são alheios a estas saídas individualistas e utópicas, o que – contraditoriamente – joga contra manter a sua “sociedade paralela”, pois o isolamento só favorece a que o Governo opte por eliminar essa distorção do espaço público.
Contra esta orientação levantada pelos setores autonomistas e anarquistas, outros setores compreendemos que o movimento tem de atacar o Regime e o Governo, lutando por derrubar em primeiro lugar todos os ajustes em curso e apontando a terminar com instituições tão reacionárias como a Monarquia. Aspira-se a transformar o mundo radicalmente, não a construir um precário mundo “alternativo”. Trata-se de “sair da praça” – como repetem muitas intervenções – ou seja, converter os acampamentos em centros de organização e coordenação para ligar-se e confluir com outros setores em luta, sem o qual, corre-se o risco de nos convertermos em um protesto simbólico e isolado, muito pouco lesivo. Para os companheiros do Clase contra Clase, o mais estratégico é buscar a confluência privilegiada com a classe trabalhadora para que se some desde os centros de trabalho com seus próprios métodos de luta, passar do estágio de ocupação das ruas, a paralisar por completo o país.
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