Para preparar a grande paralisação dos dias 24 e 25 de agosto, os estudantes, trabalhadores e a população começaram já hoje a organizar os "panelaços" que, desde a década de 1980 se converteram em símbolo da luta contra a ditadura no Chile. Na Universidade Nacional do Chile, na Faculdade de Filosofia, os estudantes têm organizado assembléias e votado ações e participação ativa nas lutas, propondo organismos de auto-defesa e o chamado ativo pela unidade operária e estudantil. Estiveram com uma importante delegação no panelaço e agora organizam uma ocupação na Faculdade para preparar a lutas nas ruas que enfrentarão amanha.
Em todo país ocorreram mais de 50 panelaços, muitos deles reprimidos pela polícia de Piñera. Estas manifestações demonstram o grande apoio que têm a luta dos estudantes que culminará amanhã e quinta no chamado a greve geral pela CUT. A reivindicação dos estudantes coloca em xeque não só o governo do bilionário Piñera e a direita mas também a Concertación que governou por mais de 20 anos vendendo-se como suposta “amiga do povo”. Tanto com a direita como com a Concertación a educação seguiu brutalmente elitista e privatizada, como um pilar do “modelo chileno” de neoliberalismo. O modelo vigente é basicamente o mesmo desde Pinochet. A reivindicação dos estudantes tem esta força não só de colocar nas cordas este governo como de questionar este pilar do regime e os dois principais pólos políticos do regime. A partir deste questionamento se intensificam as possibilidades de entrada em cena do movimento operário não só em apoio aos estudantes mas com suas reivindicações contra outros aspectos do “modelo chileno”.
Como dirigente da LER-QI e diretora do Sintusp levei a solidariedade desde o Brasil aos estudantes chilenos, e também aos trabalhadores que começam a entrar nesta luta. Chegam momentos históricos no Chile, que são, sem dúvida alguma, um exemplo para a juventude e a classe trabalhadora da América Latina e de todo o mundo. A luta pela educação pública e gratuita é uma luta urgente, e por isso os estudantes têm que vencer ! Sua vitória ruirá parte do regime chileno mas também seu exemplo para atacar os trabalhadores e a juventude em cada país da América Latina !
Este é mais um motivo para que todas organizações políticas que se reivindicam de esquerda, sindicais, da juventude no Brasil precisam fazer do apoio à luta no Chile um grande eixo político. A luta no Chile também é um exemplo para o Brasil que, apesar da demagogia de Lula e Dilma, segue tendo uma educação elitista, privatizada onde as grandes massas da população não tem acesso ã educação superior. Viva a luta dos estudantes chilenos !
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