Entre as tentativas de setores da direção magisterial de entregar a luta e a chantagem repressivo do governo, em Oaxaca se mantém as barricadas e segue o plantão da APPO na capital mexicana. A luta se encontra em um momento decisivo.
Os trabalhadores e o povo de Oaxaca nos estão dando um grande exemplo de como lutar contra os governos dos capitalistas: com as barricadas e a greve sustentada pelas bases do magistério contra as ameaças do governo e a campanha de difamação dos meios de comunicação, enquanto mantém, apesar da chuva e do frio, um combativo plantão em torno do Senado (no Distrito Federal - DF) e uma greve de fome sustentada heroicamente por 21 companheiros e companheiras.
A combativa luta da Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO) está em um momento decisivo. O governo, o PAN, o PRI, o PRD e as instituições do regime querem acabar de qualquer maneira com a heróica Comuna oaxaquenha, já que é um exemplo de luta para milhões de trabalhadores, camponeses e jovens em todo o país. Um exemplo que mostra o caminho para construir um poder alternativo ao poder dos patrões e seus políticos. Apostam que a APPO não triunfe em sua luta. Por isso é que até agora estão contra a saída do governador de Oaxaca, Ulises Ruiz Ortiz (URO) (como quando o Senado se negou a resolver a “desaparição de poderes”), sabendo que sua renúncia poderia ser um exemplo para as massas do México. Por isso mantém a ameaça da repressão, mediante o exército e a PFP, enquanto os paramilitares vinculados ã polícia e ao PRI atacam e assassinam companheiros nas barricadas, para amedrontar e fazer retroceder essa valente luta. Se Fox e a Secretaría de Gobernación ainda não se decidiram a reprimir é porque sabem que enfrentarão uma grande resistência, que poderia despertar uma verdadeira insurreição com repercussões em Oaxaca e outros estados, e incentivar o resurgimento de um movimento nacional de solidariedade. Buscam acabar com o movimento mediante a chantagem e a divisão interna entre o magistério e a APPO, com manobras que não resolvem as demandas comuns e só buscam destruir o movimento. Não passarão!
Frente a isso, impulsionar o retorno ás aulas sem que nem sequer caia URO, como está fazendo um setor da direção da Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) encabeçada por Rueda Pacheco, é uma traição aberta a esta heróica luta.
Fortalecer e estender a luta da APPO para que caia URO
As bases combativas do magistério e o povo de Oaxaca sabem que se as aulas voltarem sob essas condições, não conseguirão sua demanda básica e unificadora: a renúncia de Ulises Ruiz. O magistério sabe bem que as “promessas” da Gobernación nunca são mais que isso: “promessas” para dividir, desmobilizar e evitar que se radicalize a luta.
Da mesma forma, impulsionar uma “trégua” entregando a cidade com uma licenca de URO por 100 dias (como sugeriu SERAPAZ - organismo de DDHH-), somente desmobilizará aos milhares que estão sustentando as barricadas e o plantão do Distrito Federal, e deixará aberta a possibilidade de que URO retorne posteriormente ao governo. Sob essa saída, Fox e o regime poderão também pactuar entre “os de cima” uma substituição por outro político burguês que continuará com os mesmos planos contra os trabalhadores e o povo de Oaxaca.
Certamente, as bases magisteriais e os que sustentam as barricadas em Oaxaca e no plantão do Distrito Federal repudiam a proposta de Rueda Pacheco, considerando-a uma traição à luta. Este setor da direção da CNTE primeiro impulsionou uma consulta por fora dos resolutivos prévios, que colocava a necessidade da renúncia de URO para discutir o retorno ás aulas. Tentou dividir o movimento, aceitando uma proposta que somente promete resolver as demandas setoriais do magistério. E agora quer levantar a greve passando por cima da vontade das bases da Seção 22, como mostram as irregularidades na consulta. A direção de Rueda Pacheco, pactista e conciliadora com o governo, está indo contra o movimento e a resistência das bases, que nas barricadas e no plantão são quem sustentam a luta.
Frente a isto, seria muito importante que a APPO e suas bases magisteriais votem uma nova direção alternativa a de Rueda Pacheco e seus maniobras. Não podemos esquecer nossos companheiros presos e assassinados, nem os grevistas de fome! Que se discuta nas assembléias e em seu próximo congresso uma política para que a luta se fortaleça e triunfe sem abaixar a guarda, uma política que seja oposto a toda tentativa de se entregar.
Mobilização nacional em solidariedade
Desde a LTS-CC, acreditamos que é urgente superar o isolamento e rodear de solidariedade nacional a APPO. Os sindicatos e as organizações da “Outra Campanha” devem convocar uma paralisação nacional em solidariedade e uma grande mobilização. É necessário exigir o fim da repressão, a solução ás demandas da APPO e impulsionar uma coordenação nacional em apoio ã Oaxaca. A paralisação da CNTE de 27 de outubro é uma oportunidade para isso.
Há que impulsionar a solidariedade concreta com o plantão e com a greve de fome, colocando de pé comitês de solidariedade em todos os centros de trabalho, faculdades, escola e bairros. Há que chamar a construir um fundo de luta juntando recursos, fortalecendo o acampamento e fazendo todos os esforços para difundir a luta, assim como chamando a solidariedade internacional.
Em Oaxaca, frente a ameaça repressiva, seria fundamental uma nova megamarcha que mostra a disposição popular a defender sua Comuna. E organizar uma grande greve geral no Estado, para que sejam todos os trabalhadores, junto ao magistério, a ponta de lança para dar o golpe de misericórdia ao governo de URO. Se triunfa a APPO, ganhamos todos! Há que rechaçar todas as manobras da mesa de negociação. O Senado revelou seu verdadeiro caráter de classe contras as massas oaxaquenhas, mostrando uma vez mais que todas as instituições e seus políticos estão contrários ás demandas dos trabalhadores: por isso, há que insistir pela queda de URO e lutar por um Governo Provisório da APPO e das demais organizaçoes operárias, camponesas e populares em luta, que resolva as demandas de todo o povo de Oaxaca, e de onde os trabalhadores e seus aliados da cidade e do campo, reafirmem e estendam o poder que sustentam há 5 meses.
Em Oaxaca (como em todo o país), ou se é arrancado o poder dos capitalistas e conquistado para os trabalhadores e o povo ou se deixa o poder a nossos opressores. Este governo operário e popular encabeçado pela APPO poderia convocar uma Assembléia Constituinte Revolucionária no estado, onde as grandes maiorias discutam suas reivindicações mais sentidas.
Para isso, a APPO - que hoje agrupa distintas tendências e organizações sociais e política -, teria que transformar-se em um organismo baseado em delegados eleitos nas comunidades, bairros e centros de trabalho de todo o estado, com mandato de base e revogáveis, onde se informe e se decida de forma democrática os passos a seguir. Que se expressem com voz e voto os que são a primeira linha que evitou a ocupação policial-militar: as barricadas e os corpos de autodefesa. Frente a nova onda de assassinatos, provocações e ataques, se torna muito importante que se centralizem e coordenem todos os destacamentos de autodefesa (como as barricadas, os topiles e a Policial Magisterial), onde se definam as medicas democraticamente.
Frente a ação entreguista de setores da direção, colocamos estas propostas ás considerações dos trabalhadores, jovens e mulheres combativas da APPO e o magistério de Oaxaca, para defender a Comuna diante dos ataques do governo e das instituições e apontar a que triunfe esta heróica luta.
VIVA A COMUNA DE OAXACA!
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