Por Diana Assunção, diretora do Sintusp e dirigente da LER-QI
Em abril deste ano lutavamos com mais de 400 trabalhadoras da empresa União, contra a terceirização, pelo pagamento do salário e efetivação das mesmas. Naquele momento explicavamos para as companheiras que o processo de terceirização é um ataque profundo ã classe trabalhadora, pois divide suas forças, precariza as relações de trabalho e impede a organização política dos trabalhadores. Mesmo assim, as trabalhadoras da União passaram por cima da burocracia sindical e se auto-organizaram, junto ao Sintusp, para exigir seus direitos. Com o apoio de centenas de estudantes, professores e juristas impuseram uma derrota ã Reitoria: de que fosse ela, apesar de "teoricamente" não ser responsável pelo pagamento direto dos funcionários terceirizados, a que pagasse todos os atrasos arcando com a responsabilidade de ter contratado estas empresas. Depois desta luta, a USP não poderia ser mais a mesma, e nenhuma luta de trabalhadores terceirizados poderia começar do zero. Para auto-organizar-se, já havia a referência à luta da Dima, em 2005, quando os trabalhadores se organizaram em comitês e linhas de frente. Em 2011, com a União, avançaram para tornar-se pauta nacional colocando como centro a luta pela efetivação dos terceirizados, conseguindo que intelectuais renomados e juristas assinassem um manifesto apoiando este programa.
Então, o que dissemos em 2005, durante todos esses anos e confirmou-se esse ano é que a terceirização, um dos pilares do "Brasil que avança", sustentado por condições precárias e semi-escravas de trabalho, deve ser atacada em sua raiz, portanto deve ser combatida em toda a linha. Neste sentido, lutamos ao lado dos trabalhadores por seus direitos mais elementares, como o pagamento de salários e benefícios, mas exigimos a efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público, como parte da luta contra a exploração capitalista. Desde segunda-feira os 20 trabalhadores terceirizados da BKM, que fazem serviço de jardinagem na USP, estão paralisados por conta de salários atrasados, demonstrando que a terceirização é um "círculo vicioso" de super-exploração, onde a USP continua contratando as empresas mesmo sabendo que, em algum momento, estas vão "sumir" com o dinheiro dos trabalhadores. Estes jovens trabalhadores da BKM que estão expostos ã péssimas condições de trabalho, como contato direto com cobras sem ter proteção, ou exposição a ferramentas cortantes, mostraram toda sua combatividade ao ocupar a sala administrativa da Prefeitura do Campus, junto com diretores do Sintusp e estudantes que apóiam sua luta. A Guarda Universitária, como já vem fazendo há algum tempo, cumprindo papel de "polícia da Reitoria" agrediu diretores sindicais que estavam ali para apoiar a luta.
Também como na luta da União, foi fundamental a presença massiva de estudantes, que organizaram um ato que emocionou todos os trabalhadores terceirizados. A ocupação se mantém firme até o pagamento dos salários, que a Reitoria anunciou que faria hoje. Seguiremos organizando esta luta para levá-la até a vitória, assim como uma enorme campanha contra a terceirização e pela efetivação dos terceirizados, coordenadando-se com as outras lutas que estão em curso em todo o país. Hoje ás 12h haverá um importante ato em solidariedade aos terceirizados, em frente a Reitoria da USP, convocamos a todos e todas.
Visite: www.ler-qi.org
|