por Christian Castillo e José Montes, pela Direção Nacional do PTS
O governo obteve uma importante vitória eleitoral com quase 54% dos votos para a fórmula dirigida por Cristina Kirchner. Foi um voto de setores sociais heterogêneos, que conquistou o apoio da maioria da classe trabalhadora com a ilusão de preservar, nas condições da crise capitalista internacional, a recuperação de certas condições do nível de vida em relação ã crise de 2001 obtidas nestes anos de crescimento econômico excepcional. Expressou uma tendência conformista em “manter o que está”, que havia se demonstrado também nas distintas eleições estaduais. Mas apesar da sua indiscutível fortaleza tática o governo terá que lidar com uma crise capitalista mundial que já afetando a economia local, ainda que todavia de forma gradual. O voto que Cristina recebeu dos trabalhadores não será utilizado para dar uma saída ás suas demandas, mas para gerir a crise em benefício do capital. A oposição patronal, por sua vez, saiu completamente desagregada do processo eleitoral, com as distintas variantes do “peronismo federal”, o radicalismo e Carrió como grandes perdedores. A Frente Ampla Progressista de Binner que saiu relativamente bem da eleição, expressa um amontoado de setores que há que ver o quanto será capaz de se manter, já que o governador de Santa Fé expressou sua vontade de recriar a aliança com o radicalismo.
A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, que a partir do PTS integramos junto ao PO e ã Izquierda Socialista realizou uma muito boa eleição, com meio milhão de votos para a candidatura presidencial, e quase 600 mil votos para deputados nacionais. Ainda que resta ver os resultados definitivos, ficamos ã beira de obter um deputado nacional na Província de Buenos Aires e Córdoba, entre outras. Nos constituímos como um pólo de referência política nacional de independência de classe, recebendo o voto de uma faixa significativa dos trabalhadores e da juventude, que nos ouviram com atenção e respeito, além de muitos outros que votaram em nós.
A repetição dos 500 mil votos obtidos na eleição primária deixa sem sustentação as explicações superficiais que atribuíam um caráter ocasional de nosso resultado de 14 de agosto. Votaram novamente em nós a grande maioria daqueles que naquela ocasião o haviam feito em apoio político a nosso programa e perspectiva. Este voto expressa o reconhecimento obtido pela esquerda operária e socialista por sua intervenção militante em acontecimentos significativos da luta de classes neste anos, como em Kraft, em ferroviários, no metrô, em 10 anos de gestão operária de Zanon ou nas lutas estudantis secundaristas e universitárias. E também por ter sustentado uma posição de independência política de classe em relação ao governo e as distintas variantes patronais, aos quais se amoldaram outros setores da esquerda local.
Temos agora o desafio de utilizar o capital político obtido pela FIT a serviço das lutas operárias e populares, da retirada dos processos de 5000 companheiros perseguidos por lutar, de seguir recuperando as comissões internas e corpos de delegados, e, sobretudo, de avançar na organização política independente da classe operária.
Saudamos aos companheiros do PO, Izquierda Socialista e aos militantes e simpatizantes de nosso partido e a todos os lutadores independentes que fizeram possível esta grande intervenção política da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores.
27-10-2011
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