Na sexta-feira 18/11, dezenas de milhares de pessoas voltaram a encher a emblemática praça Tahrir contra a tentativa do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) de reservar para sí o direito a revisar qualquer artigo da nova Constituição que, segundo seus critérios, contradiga os "principios básicos do Estado" bem como o controle de tudo o que esteja relacionado com as forças armadas, como o orçamento. Esta nova Constituição deveria ser redatada pelos legistladores que forem elegidos nas eleições do próximo 28 de novembro. A brutal repressão lançada pelo governo militar, que cobrou nestes quatro dias a vida de mais de 30 manifestantes e deixou a centenas de feridos, não fez mais que aprofundar a mobilização. Diante da aguda crise renunciou a totalidade do governo encabeçado pelo primeiro ministro Essam Sharaf e o Exército anunciou que se retirará antes do poder (em julio de 2012) mas a situação segue aberta e continua a mobilização pupular.

As organizações que integramos a Fração Trotskista - Quarta Internacional, saludamos a massiva e renovada mobilização dos trabalhadores, jovens e o povo pobre do Egito, e chamamos a cercá-la de solidariedade internacionalista.

A caída do ditador Hosni Mubarak, velho sócio do imperialismo norteamericano e garante de seus interesses na região, representou o ponto máximo das jornadas de janeiro-fevereiro de 2011 com greves, protestos e passeatas, que em de jeito nenhum marcou o final do processo revolucionário. Ao contrário, as mobilizações e lutas operárias que tem se mantido durante este ano demonstram que o derrocamento do ditador foi apenas um primeiro passo e que as demandas que motorizaram a mobilização operária e popular continuam vigentes.

O Conselho Supremo das Forças Armadas, no poder a partir da caída de Mubarak, se propõe desviar o processo revolucionário aberto, chamando a confiar no governo da Junta Militar que não passa de uma continuidade do velho regime, recortando liberdades básicas como o direito a greve, e tem mantido parte essencial do aparelho de segurança e a justiça militar. Amostra disto são os mais de 12.000 inquéritos em tribunais militares a ativistas, militantes e jornalistas; a dura repressão contra aqueles que criticam o governo e saem à luta, as torturas denunciadas por ativistas e organizações sociais e políticas e os assassinatos contra o povo em luta nas ruas. Além de respeitar os tratados de paz com o Estado de Israel e a aliança com o imperialismo.

Nos solidarizamos com as e os trabalhadores que tem continuado lutando contra o goberno militar e seus agentes, não somente a través de greves e mobilizações, mas enfrentando a burocracía sindical e buscando colocar de pé novas organizações como a Federação de Sindicatos Independentes.

Nos solidarizamos com a juventude, as trabalhadoras e os trabalhadores que voltaram ã Praça Tahrir, especialmente com aqueles que tem sofrido a repressão e a perseguição em carne própria. Exigimos castigo aos responsáveis desta nova onda repressiva que já levou a vida de mais de 30 pessoas nestes últimos dias.

Diante dos chamados do Conselho Supremo a estabelecer uma saída negociada, ou um goberno de "salvação nacional", cremos que os trabalhadores e a juventude mobilizada, que vem fazendo uma experiência durante todo este ano, não podem confiar nesta nova armadilha que se prepara.

Na nossa perspectiva, somente a mobilização independente de jovens, trabalhadoras e trabalhadores da cidade e do campo podem garantir o cumprimento de suas demandas, na perspectiva da greve geral insurreicional que derrube o regime ditatorial do Conselho Supremo das Forças Armadas e instale um governo operário e popular.

– Basta de repressão, perseguições e assassinatos.

– Castigo aos culpados pela repressão.

– Viva a mobilização dos trabalhadores, a juventude e o povo do Egito.

22/11/2011

PTS (Partido de los Trabajadores Socialistas) da Argentina, a LTS-CC (Liga de Trabajadores por el Socialismo - Contracorriente) do México, a LOR-CI (Liga Obrera Revolucionaria por la Cuarta Internacional) da Bolívia, a LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária) do Brasil, o PTR-CcC (Partido de Trabajadores Revolucionarios) do Chile, a LTS (Liga de Trabajadores por el Socialismo) da Venezuela, a LRS (Liga de la Revolución Socialista) da Costa Rica, Clase Contra Clase do Estado Espanhol, simpatizantes da FT no Uruguai, Grupo RIO, seção simpatizante na Alemanha e Militantes da FT na CCR/Plataforma 4 do NPA da França.