ABAIXO O ESTADO DE EXCEÇÃO EM CAJAMARCA! ABAIXO A REPRESSÃO! NACIONALIZAÇÃO Já DAS MINAS E DO GáS!
Por Pity Ezra, LOR-CI
Nos poucos meses que vem governando Ollanta Humala no Peru, tem se dado uma série de lutas: Em agosto, 1.134 operários mineiros da empresa Shougang Hierro Peru, iniciaram uma greve indefinida exigindo o nivelamento de seus salários, aumento justo e outras demandas, o mesmo ocorreu com os mineiros de Cerro Verde; no departamento de Puno, Aymaras e Quechuas realizaram uma dura luta contra toda atividade mineira em suas localidades e em defesa de suas terras. Nesses dois últimos meses a situação tem se esquentado ainda mais, pois setores de Ancash, Andahuaylas e Cajamarca, saíram a lutar por uma série de demandas que questionam – uma vez mais – o papel servil que mostra o governo frente ás transnacionais mineradoras e petroleiras.
O que acontece é que no Peru, nesses últimos anos de boom econômico, a extração mineira tem sido a ponta de lança da economia, por exemplo, Perucámaras informou que 32% do total exportado pelas oito regiões do norte e noroeste do Peru foi nada menos em vendas de ouro de US$ 3.120 milhões, sendo as exportações de ouro da zona de Cajamarca 72% das exportações totais dessa zona do país.
Conga, zona mineradora em conflito
O projeto Conga da empresa Yanacocha – Newmont, já tem antecedentes dentre os negócios fraudulentos que os diferentes governos vem estabelecendo a favor das grandes transnacionais. Conga é o resultado que conseguiu em seu favor Yanacocha – Newmont através de um erro do tribunal de justiça contra a empresa francesa Blue Ridge Management Group, durante o governo corrupto de Fujimori e Montesinos, e no que intervieram o embaixador dos Estados Unidos e até a CIA.
As organizações sociais e autoridades regionais e locais tem rechaçado o Projeto Conga porque se localiza na cabeceira de bacias de alta vulnerabilidade, abarca zonas declaradas áreas de conservação e afetaria mais das quatro lagoas consideradas no EIA (Estudos de impacto ambiental) elaborado pela mineradora: que solicitam a retirada de maquinaria do projeto Conga e a inviabilidade do mesmo.
Entretanto, o governo de Ollanta Humala, com discursos desenvolvimentistas e nacionalistas tratou de convencer o povo cajamarquino das bondades dos milhões de dólares que favoreceram os planos do governo de inclusão social advogando assim pelas transnacionais mineradoras.
O povo e os trabalhadores ao não deixarem-se convencer pela demagogia nacionalista do governo tem saído ás ruas para protestar e pedir – através de uma paralisação regional – a retirada definitiva do Projeto Congo e da empresa Yanacocha-Newmont. Frente a estas demandas justas do povo e dos trabalhadores, o governo decidiu aprofundar a repressão ao declarar o estado de emergência em quatro províncias de Cajamarca por 60 dias como medida transitória até “restabelecer a paz e a ordem interna” nesta região do país. Numa mensagem a Nação, Ollanta Humala informou que o estado de emergência regerá nas províncias de Cajamarca Celendín, Hualgayoc e Contumazá a partir das 00.00 horas do dia 5 de dezembro. A decisão se tomou logo que dirigentes de Cajamarca se negaram a levantar o protesto que iniciaram há onze dias contra o projeto Minas Conga e que impede o livre trânsito, assim como os serviços básicos a população.
A CGTP e a esquerda não levantam uma política independente
A central operária CGTP e a esquerda peruana tem se somado aos ventos nacionalistas do governo de Humala. Mario Huamán, burocrata histórico e cabeça da CGTP, ao invés de colocar-se ao lado da luta dos trabalhadores e o povo pobre, tem cumprido um papel de conciliador das lutas dos trabalhadores. A esquerda peruana, ao ocupar cargos políticos, não tem feito outra coisa que colocar-se a serviço da patronal e de apostar pelo governo da “grande transformação”. Hoje pede que se levante o estado de exceção em Cajamarca e se ponha fim ã repressão mas sem romper amarras com o governo de Humala.
Organizações de esquerda peruana entre as que se encontram grupos ligados a correntes internacionais como a UIT ou a LIT-CI denunciam corretamente o caráter repressor e agente das transnacionais de Humala, mas sem fazer nenhuma referência e avaliação autocrítica de ter chamado votos em Humala quando este formou parte dos corpos repressivos na serra peruana e hoje exerce como garantidor dos negócios transnacionais.
Desde a FT-CI, dizemos aos operários, trabalhadores, camponeses, ao povo explorado e setores populares que devemos lutar desde uma política de independência de classes, pela nacionalização sem indenização alguma e pelo controle operário e das comunidades campesinas e indígenas das empresas mineradoras.
07-12-2011
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