Esta carta foi entregue em mãos ás distintas direções do PO e Izquierda Socialista na última quarta-feira, 15 de fevereiro.
Companheiros:
Ontem nos interamos através de declarações do companheiro Altamira em uma nota do diário Página/12 que em seu próximo congresso partidário discutirão uma proposta de constituição de um partido comum das forças que integramos a FIT. Estas declarações nos foram ratificadas por Gabriel Solano. Antes de tudo, queremos saldar o que poderia ser o início de uma séria e profunda discussão entre toda a militância da FIT sobre quais devem ser os caminhos para construir um grande partido de trabalhadores revolucionário na Argentina, e a reconstrução da IV Internacional frente ã crise histórica do capitalismo, tal como vem propondo o PTS há meses dentro da Frente de Esquerda.
Como concordamos plenamente com a definição de Altamira, “nem unidade sem princípios, nem sectarismo liquidacionista”, reafirmamos a necessidade de começar a discutir já os acordos e diferenças teórico/políticas, programáticas e estratégicas que tem nossas respectivas organizações, para além dos denominadores comuns estabelecidos no programa da FIT.
Esta tem sido nossa perspectiva em reiteradas oportunidades [1], buscando explorar as condições para a constituição de um partido comum dos que nos reivindicamos marxistas revolucionários (trotskistas) e pela reconstrução da IV Internacional. Para nós, a FIT reatualizou essa perspectiva, como formulou nosso companheiro Christian Castilho em uma reportagem do “La Verdad Obrera”, logo após as eleições de outubro (27/10/2011). Ali agregávamos um aspecto que consideramos muito importante: “Porque não realizar estas discussões indispensáveis para a construção de tal partido revolucionário de cara a toda a vanguarda que hoje se referencia com a Frente?” Para isso colocamos como perspectiva para a FIT, em fins de outubro, propostas de implementação imediata que agora esperamos poder finalmente concretizar:
1) Um blog e/ou boletim de debate de toda a militância das organizações que integramos a FIT sobre os fundamentos indispensáveis para a constituição de uma organização comum como colocamos acima.
2) A abertura de cada um dos nossos jornais com uma página por número para que as organizações da Frente possam difundir suas idéias e propostas sobre o debate.
3) Sobre internacional, reiteramos a resolução do XII Congresso do PTS de dezembro passado: “Tendo em vista o agravamento da crise capitalista mundial, a resistência que começam a exercer os trabalhadores e a juventude em vários países da Europa e o processo revolucionário aberto no Egito, o XII Congresso do PTS convoca os companheiros das forças integrantes e aderentes da FIT a realizar uma deliberação programática e estratégica para discutir as condições de uma eventual Conferência Internacional pela reconstrução/refundação da IV Internacional, o partido mundial da revolução socialista, fazendo extensiva essa proposta ás organizações internacionais que cada corrente integra. O PTS é parte da Fração Trotskista pela Quarta Internacional (FT-QI) que conta com organizações em doze países da América Latina e Europa”.
Não desconhecemos as diferenças entre as organizações da FIT. Neste aspecto, não coincidimos em considerar secundárias as diferenças históricas que mantemos em torno a, por exemplo, a organização do movimento de desempregados e sua relação com o Estado burguês, onde o balanço das experiências históricas deve nos permitir clarificar o programa com o qual enfrentaremos fenômenos similares; ou sobre questões de candente atualidade como a importante diferença com os companheiros da “Izquierda Socialista” em torno a atitude dos revolucionários frente a intervenção imperialista na Líbia, ou mais atualmente na Síria. Também temos diferenças, a nível nacional, em relação a um tema não menor como é a necessária delimitação com “Plataforma 2012”. Contudo, mantemos a necessidade de iniciar este debate para clarificar a magnitude dos acordos e diferenças programáticas para avançarmos em uma “unidade com princípios” de partidos na Argentina e dar passos importantes na reconstrução da Quarta Internacional.
Neste marco, consideramos essencial demonstrar já a vontade real das forças que integramos a FIT de avançar para além dos acordos eleitorais táticos que já temos estabelecido, evitando o “sectarismo liquidacionista”.
Daqui surge a importância que tem para o desenvolvimento da Frente de Esquerda a publicação de uma revista político-cultural mensal impulsionada pela Assembléia de Intelectuais em apoio a FIT, onde participa uma importante quantidade de companheiros e companheiras que não militam em nenhuma das correntes políticas que formam a Frente em escala nacional. Nos preocupa certa demora para sua concretização, pois acreditamos que seria um verdadeiro salto para nossa Frente: uma publicação desde a esquerda, do mais alto nível editorial e gráfico que sejamos capazes, que seria toda uma novidade na arena política e intelectual do país, já que não existe nada similar, delimitando os partidos capitalistas e sua intelectualidade afim. Temos em nossas mãos a possibilidade de ter uma publicação própria que chegue não só ás universidades, senão através da venda pública e nas bancas de todo país, a todos os setores que se tem tomado a FIT como referência. Este meio seria um instrumento superior para demonstrar a vontade unitária que as eventuais declarações que fazemos sobre fatos políticos de conjuntura nacional e internacional sobre os quais temos acordo.
Esperamos avançar na próxima reunião de coordenação da FIT tanto em conteúdo e forma para discutir o processo de uma eventual unificação de partido, como sobre o primeiro número da revista que se decidiu lançar na última reunião da Assembléia de Intelectuais em apoio a FIT, e todas as iniciativas que vocês e os companheiros da IS possam propor.
Saudações revolucionárias, Comitê Executivo do PTS 14/02/2012
[1] “Por un Partido Revolucionario Unificado”, LVO 109, 30/09/2002 y “Carta a la Izquierda Obrera y Socialista”, Suplemento Especial LVO, 19/12/2007, entre otras.
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