por Manu Georget*
Enquanto a Frente de Esquerda (Front de Gauche) fala de insurreição ou reivindica a Comuna de Paris, na verdade, do que está falando? O que há por trás desse discurso que se reivindica radical? Se nos atentarmos ao seu programa e ao que ele diz, veremos bem, que este rejeita totalmente o ponto de vista revolucionário, pois a “revolução” de Mélenchon é eleitoral, o que quer dizer que a única mensagem que se quer passar com seu discurso radical é o de votarem nele. Ao fim das contas, ele procura orientar todas as forças sociais e de luta no quadro das instituições, ou seja, ele busca canalizar, por meio das eleições, o descontentamento social que existe nos trabalhadores.
Jean-Luc Mélenchon não faz mais do que alimentar ilusões nas instituições burguesas ditas democráticas, e faz acreditar que a mudança social pode passar pela via das eleições. Ele celebra e comemora a tomada da Bastilha e a Revolução Francesa de 1789, não para afirmar seu aspecto insurrecional (e assim oposto ã sua atitude eleitoralista), mas para manter um discurso nacionalista. O projeto da Frente de Esquerda é construir, sob uma falsa crítica ao capitalismo, um projeto que, na verdade, quer destacar a nação. Ele não faz mais do que ser útil aos interesses imperialistas da França e prejudicial aos trabalhadores do mundo inteiro.
O programa da Frente de Esquerda não está a serviço dos trabalhadores e da juventude explorada, mas este visa aprisionar o proletariado numa ideologia social-chauvinista que fora tantas vezes, na história de nosso país do mundo todo, uma das armas principais da contra-revolução. Esta ideologia é tão mais perigosa hoje quando a crise capitalista cria um terreno favorável para que os capitalistas tentem convencer os trabalhadores de que os responsáveis pelo seu sofrimento são...os demais trabalhadores !
Não há uma só crítica em profundidade ã sociedade capitalista francesa, nem ã classe exploradora que está ã sua cabeça. O programa econômico da Frente de Esquerda propõe um projeto de modernização da indústria francesa. Ele denuncia uma oligarquia que representa a finança e que, de qualquer forma, teria corrompido a “república francesa”. Ele avança assim para a ideia de que haveria uma “gentil burguesia industrial” com a qual os trabalhadores compartilhariam os mesmo interesses, tomando como modelo o período de acumulação do pós-guerra, anos de ouro do imperialismo francês onde reinava a produtividade e a paz social, graças aos monopólios de Estado e ã integração dos sindicatos a serviço dos patrões.
Os trabalhadores não precisam do projeto social-chauvinista de conciliação de classes da Frente de Esquerda! O que precisam é de uma mudança radical da sociedade, de acabar com a dominação dos capitalistas, ou seja, de uma revolução social.
Para lutar e vencer frente ao Estado Burguês e suas instituições, os trabalhadores devem conquistar uma consciência de classe, ou melhor, que a classe operária deve ter confiança em sua capacidade para organizar a sociedade de maneira solidária, sem se submeter aos capitalistas.
Para barrar a gangrena do capitalismo, pensemos luta de classes, construamos uma organização revolucionária que seja dotada de um programa político com uma perspectiva internacionalista, a fim de desenvolver a unidade dos trabalhadores e da juventude explorada de todos os países contra a classe dominante. Esta organização revolucionária, este programa político e esta união dos trabalhadores e da juventude devem estar a serviço da luta contra o sistema de exploração e da colocação de uma nova sociedade na ordem do dia, sem opressores nem oprimidos. É nessa perspectiva que nós lutamos, com meus camaradas da Courant Communiste Révolutionnaire (Corrente Comunista Revolucionária), no seio do NPA e da luta de classe.
* Ex-dirigente da CGT (Confederação Geral do Trabalho) e demitido da Philips Dreux na luta contra o fechamento da fábrica em 2010 e militante da CCR – Corrente Comunista Revolucionária.
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