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A juventude nas ruas mexicanas
por : LTS-CC, México

07 Jun 2012 | Publicado originalmente em 31/5 no jornal La Verdad Obrera do PTS Argentino. O movimento “Yo soy 132” no México se soma aos fenômenos juvenis que percorrem ã América do Norte.

Por Javier Lucero, Liga de Trabajadores por el Socialismo - Contracorriente (México)

Publicado originalmente em 31/5 no jornal La Verdad Obrera do PTS Argentino. O movimento “Yo soy 132” no México se soma aos fenômenos juvenis que percorrem ã América do Norte. Estes vão desde os Occupy nos EUA aos jovens da província canadense de Québec que têm levado adiante uma histórica greve estudantil que dura mais de 100 dias, com mobilizações de rua com mais de 250.000 pessoas. Temos publicado artigos que buscam dar conta deste fenômenos juvenis e estudantis e assim como outros similares, que, com diferentes graus de radicalização, organização e subjetividade vem ocorrendo ao redor do mundo no marco de uma crise histórica do capitalismo, que na Europa se converteu em crise política. Estes fenômenos incluem os jovens protagonistas da chamada “primavera árabe”, os indignados e estudantes do Estado Espanhol e ao movimento estudantil chileno que este ano voltou a ganhar as ruas. Apresentamos a seguir extratos de um artigo da LTS do México – organização irmã da LER-QI – sobre o movimento “Yo soy 132” e sua intervenção nas assembléias que estão se realizando nestes dias.


Durante as últimas semanas vem ocorrendo um importante processo de mobilizações juvenis contra as práticas anti-democráticas do regime no México, mobilização que não se via em década. Isto, no marco de uma situação reacionária em nível nacional, expressa no aprofundamento da militarização, na violação dos direitos humanos da população, enquanto são comprovadas as relações de vários generais e outros comandantes que dizem combater o narcotráfico dos cartéis, assim como a prisão de ex-governadores do PRI e PRD por lavagem de dinheiro e nexos com o narcotráfico.

Neste processo eleitoral onde os partidos políticos Gastão bilhões de pesos na propaganda, contrastando com as miseráveis condições de vida e os raquíticos salários do povo trabalhador e milhões de desempregados, uma faísca bastou para acender a pradaria de um movimento juvenil-estudantil que toma as ruas do país para repudiar aspectos deste anti-democrático regime político: a relação de personagens políticos com os grandes meios de comunicação e a permissividade cúmplice das instituições eleitorais.

Esta faísca foi o repúdio expresso pelo estudantes universitários – no começo nas escolas privadas, mas logo, estendendo-se ás instituições públicas – contra o repressivo PRI e seu candidato presidencial Enrique Peña Nieto, fortemente impulsionado pelos monopólios midiáticos. Peña Nieto é visto como o melhor garantidor dos negócios da classe dominante depois do desgaste do panismo (do atual presidente Felipe Calderón) e sua pouca funcionalidade para seguir governando. Peña Nieto representa o poder priista responsável pela repressão do movimento estudantil de ’68 e ’71, e nos últimos anos, dos massacres de águas Blancas em 1995, Acteal em 1997, Atenco em 2006 e, recentemente, a repressão aos estudantes de Michoacán.

O movimento e seus desafios

Esta juventude expressa o descontentamento potencial do povo pobre e trabalhador do México e sacode o processo eleitoral que, aos olhos de muitos, parecia liso e sem novidades, para levar o PRI de volta ã presidência do país.

Este movimento mostra um fenômeno político social que deve buscar se desenvolver e se fortalecer com a incorporação de todos os setores oprimidos, e com os milhões afetados pelos planos de miséria. Para isto deve evitar que o movimento se institucionalize detrás de uma saída eleitoral. Isto é o que pretende o chamado Movimento Regeneração Nacional (MORENA), que é encabeçado pelo candidato de centro-esquerda Andrés Manuel López Obrador, para que não votem no PRI e no PAN, e que busca atrair a simpatia do movimento para buscar votos para sua candidatura. O próprio López Obrador vem se reconciliando com os empresários e a igreja, e não exige terminar com a militarização.

Para conseguir transformações radicais que favoreçam a nós, a juventude e o conjunto dos explorados e oprimidos deste país, devemos evitar que o potencial que a juventude mostrou nestas semanas se veja convertido e encaminhado ás urnas para sua institucionalização e limar seu programa progressista.

Desenvolver formas democráticas de organização

O movimento se estendeu e chegou rapidamente ás universidades públicas, entre elas a UNAM, onde vem ocorrendo passos importantes, ainda que incipientes na organização do estudantado com base na melhor herança do CNH do movimento estudantil de 1968 e o CGH da greve de UNAM de ’99, da qual a LTS e a Contracorriente fomos orgulhosos participantes; este é o método assembleário, onde sejam votados delegados rotativos e revogáveis que atuam sob o mandato da assembléia.

Temos travado, também, uma luta política nas mais de 12 estruturas do movimento em que participamos destacadamente (que inclui diversas escolas e faculdades da UNAM, assim como outras universidades da zona metropolitana), para que o questionamento aos monopólios da comunicação avance na perspectiva da luta pela expropriação e nacionalização das duas principais televisões do país. Lutamos também para que seja um eixo do movimento a independência política dos partidos do regime. O justificado rechaço popular ao PRI e PAN não devem levar o movimento a fortalecer a um dos partidos do mesmo regime.

É necessário colocar fim ã militarização, por isto seguimos tentando colocar de pé um movimento nacional contra a militarização do país e a punição aos policiais e militares assassinos da população. Um movimento que exija a liberdade dos presos políticos e a apresentação com vida dos desaparecidos.

Unido a isto, chamamos a mobilizar contra a precarização, desemprego e pelo acesso irrestrito dos filhos dos trabalhadores ã educação pública superior.

A aposta para ganhar nesta luta é a massificação do movimento. Para isto fazemos o chamado a impulsionar um grande Encontro Nacional Estudantil que abrace a necessidade de soldar a mais forte solidariedade entre estudantes e trabalhadores para enfrentar o inimigo comum: o regime e seus embates contra nossos direitos.

À par destas lutas políticas, dentro das assembléias temos colocado a necessidade de que este movimento tenha uma perspectiva internacionalista e se solidarize com os jovens e o movimento estudantil estadunidense, canadense, chileno e do Estado Espanhol, se pronunciando em apoio aos mesmos e contra a repressão que tem sofrido.

Chaves para compreensão:

• Em 11/5 o candidato presidencial do PRI (Partido Revolucionário Institucional, que governou o México de 1930 até o ano 2000) Enrique Peña Nieto foi repudiado por um grupo de estudantes durante um ato na Universidade Iberoamericana. O candidato do PRI desqualificou os estudantes dizendo que eram “girados” e “infiltrados”.

• No dia seguinte 131 estudantes da Iberoamericana subiram ã Internet um vídeo com seus nomes e números de credenciais como resposta ás desqualificações de Peña Nieto.

• Na semana de 13 a 20/5 se realizaram diversas mobilizações sob a consigna “Yo soy 132” (Eu sou 132)

• Nos dias seguintes uma multitudinária mobilização repudia a “desinformação” dos meios massivos de comunicação.

• Desde o sábado de 26/5 vêm ocorrendo assembléias em colégios e faculdades de todo o país.

 

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