Por Pão e Rosas
Desde o Pão e Rosas Brasil, enviaremos uma delegação com as companheiras Marília Rocha, metroviária, e Rita Frau, professora, levando uma calorosa saudação ás companheiras do Pan y Rosas da Argentina, que compartilham conosco dessa visão. Saudamos a grande delegação que as companheiras estão organizando junto ás mulheres trabalhadoras da indústria, da educação, da saúde e dos serviços, as mulheres imigrantes, trabalhadoras dos engenhos de açúcar, donas de casa, empregadas domésticas, estudantes e jovens, rumo a um grande movimento pelos direitos da mulher trabalhadora e da juventude.
Nos dias 06, 07 e 08 de outubro ocorrerá na Argentina, na cidade de Posadas (província de Missiones), o XXVII Encontro Nacional de Mulheres. É um Encontro tradicional do movimento de mulheres na Argentina, que sempre cumpriu um papel importante na organização e na luta das mulheres. Desde o início, de 1986 até 2003 o Encontro mantinha um caráter anti-governista, porém, nesta última década, fruto da atuação da igreja e dos setores reformistas e governistas, mas também do PCR (Partido Comunista Revolucionário da Argentina), o Encontro foi se esvaziando e se tornando cada vez menos vivo e um espaço onde as mulheres não podiam se organizar de forma independente. O fato de ter Cristina Kirchner, uma mulher, no poder, trouxe também uma ilusão de que se pode por essa via mudar a vida das mulheres.
No Brasil vivemos uma situação parecida no movimento de mulheres. A presidente Dilma além de ser uma mulher ainda carrega consigo as ilusões que boa parte da classe trabalhadora tinha de que o PT faria um governo em benefício dos trabalhadores. Isso fez com que boa parte do movimento de mulheres no Brasil, dirigido pelas governistas do PT e PCdoB a partir principalmente da Marcha Mundial de Mulheres, acreditasse que bastava lutar para que as mulheres pudessem galgar espaços de poder.
Porém, tanto na Argentina como no Brasil as coisas foram muito diferentes das ilusões prometidas pelas reformistas e governistas. Cristina Kirchner e Dilma, ambas de mãos dadas com a igreja e impedindo ás mulheres o direito básico de decidir sobre suas vidas e seus corpos, não avançaram em nada para a descriminalização e legalização do aborto. No Brasil e na Argentina, milhares de mulheres continuam morrendo todos os anos vítimas de abortos clandestinos, principalmente as mulheres negras, imigrantes e pobres, com a cumplicidade dos governos.
O discurso de crescimento econômico e do “Brasil-potência” sobre o qual se assentaram os governos de Lula e de Dilma, não passa de uma falácia. Este crescimento não significou nenhuma melhora nas condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Pelo contrário, a garantia de crescimento dos lucros dos patrões brasileiros e estrangeiros instalados no país se dá justamente sob a base do enorme crescimento do trabalho precário e terceirizado, que afeta especialmente as mulheres, que já sofrem com a dupla jornada de trabalho. Na Argentina, no mesmo sentido, as companheiras do Pan y Rosas vem denunciando a violência contra a mulher, as redes de tráfico de mulheres, a discriminação nas fábricas e a situação das trabalhadoras imigrantes.
Por isso dizemos que nenhum governo que defenda os interesses da burguesia, seja ele dirigido por um homem ou por uma mulher, pode representar as mulheres trabalhadoras! Desde o Pão e Rosas Brasil, enviaremos uma delegação com as companheiras Marília Rocha, metroviária, e Rita Frau, professora, levando uma calorosa saudação ás companheiras do Pan y Rosas da Argentina, que compartilham conosco dessa visão. Saudamos a grande delegação que as companheiras estão organizando junto ás mulheres trabalhadoras da indústria, da educação, da saúde e dos serviços, as mulheres imigrantes, trabalhadoras dos engenhos de açúcar, donas de casa, empregadas domésticas, estudantes e jovens, rumo a um grande movimento pelos direitos da mulher trabalhadora e da juventude. Saudamos especialmente as mulheres da agrupação Marrón que, junto aos seus companheiros trabalhadores, acabaram de protagonizar um importante triunfo dessa chapa classista no Sindicato Ceramista de Neuquén.
Nós, mulheres do Pão e Rosas no Brasil, que no ano passado lutamos junto ás trabalhadoras terceirizadas da empresa de limpeza União na USP, que foi uma pequena expressão da combatividade das mulheres trabalhadoras cansadas da sua situação de semi-escravidão, temos orgulho de ser parte da mesma luta que as companheiras do Pan y Rosas na Argentina travam contra a exploração e a opressão ás mulheres. Atuamos nessa perspectiva a partir da Secretaria de Mulheres do Sintusp (Sindicato de Trabalhadores da USP), encabeçada pela companheira Diana Assunção, diretora do Sindicato e uma das processadas pela Reitoria da USP, defendendo a unidade das fileiras operárias e os direitos dos setores mais explorados de nossa classe. A partir da atuação entre professores da rede estadual de São Paulo, há um ano e meio defendemos uma ampla campanha pelo direito ao aborto legal, livre seguro e gratuito e educação sexual em todos os níveis escolares, combatendo a interferência da Igreja na educação e em nossas vidas, em luta política com a burocracia sindical (PT-CUT) que se nega a levar adiante. Neste momento nossas companheiras metroviárias estão defendendo a unidade entre efetivos e terceirizados ao lado dos trabalhadores terceirizados da empresa Façon que lutam pelos seus salários não pagos, e mais de um ano não recebem seus direitos como o FGTS e INSS. E assim defendemos a efetivação dxs trabalhadores e trabalhadoras terceirzadxs sem concurso público! No Encontro Aberto da Juventude As Ruas, onde se organizam também as companheiras estudantes do Pão e Rosas Brasil, votou-se com centralidade uma forte campanha pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito.
Desde nossas companheiras no movimento estudantil, professoras, metroviárias, trabalhadoras da USP, terceirizadas e bancárias nos sentimos parte dessa delegação especial de lutadoras junto ao Pan y Rosas da Argentina. Queremos que essa experiência internacionalista nos ajude a fortalecer a luta das mulheres em nosso país, mas que, acima de tudo, fortaleça a unidade das mulheres trabalhadoras e jovens, pois nossa luta, assim como a do conjunto da classe trabalhadora, não tem fronteiras. Nos vemos em Missiones!
|