Por Milton D’Leon, LTS
A grande polarização eleitoral entre Chávez e Capriles dava pouca margem para que se expressasse com certa importância uma alternativa independente operária e de esquerda. A isso se somou o caráter antidemocrático do regime eleitoral que nega espaços gratuitos nos meios televisivos, de rádio ou impressos, que desfavorecem ás organizações que não dispõe de grandes meios recursos, permitindo que os grandes partidos , aproveitado-se dos meios do Estado, e outros dos grandes meios privados, tenham a disposição o monopólio desses meios para fazer propaganda.
Se bem tudo isso tenha sido uma grande limitação para que a figura operária de Orlando Chirino e suas ideias fossem mais difundidas e conhecidas em todos os setores, não é menos certo que a campanha desenvolvida desde o PSL, o partido de Chirino, foi praticamente testemunhal, sem desenvolver uma campanha séria nacionalmente, tendo em conta todas as limitações, realizando uma campanha de conteúdo político muitas vezes confuso e limitada, sem realizar eventos políticos importantes, sendo o maior, o realizado em Caracas que não teve mais que 80 pessoas. Desde o PSL não se convocou uma frente ativa ao redor da candidatura de Chirino, nem se chamou ã coordenação das distintas organizações que o apoiavam abertamente ou com voto crítico, para dar um impulso maior ã campanha, não desenvolveram uma política centrada em fábricas e concentrações territoriais operárias (bairros operários, etc), nem sequer ao redor das organizações sindicais ou correntes internas que se orgulham de dirigir ou das em que tem cargos importantes, o que demonstrou por outro lado, as costuras dessa agrupação.
Uma campanha mais séria e com maior vontade política de brigar por uma fração da classe operária e da juventude, mas sobretudo, mais nítida e clara politicamente, que instalasse com contundência que se tratava de uma opção verdadeira e radicalmente distinta das principais opções patronais, com certeza teria permitido obter um resultado melhor (4103 votos, 0,02%), para além da polarização existente e dos recursos limitados. A “campanha” foi tão rotineira e prestada ã confusão e pouca delimitação dos programas burgueses em disputa, que nem sequer desmentiam, se realmente as declarações de Chirino tenham sido deturpadas ou não, em seus meios eletronicos e escritos quando apareciam em jornais de grande circulação nacional, como El Universal, que é lido por milhares de pessoas, onde o jornalista fazia Chirino aparecer defendendo a “iniciativa privada” ou que “tem-se que sentar com os investidores para fixar regras claras e recuperas as instituições para atrair investimentos” (aparecendo assim como uma candidatura com elementos mais parecidos tanto com os apresentados por Chavéz como com os que colocava Capriles). Frente a uma carta pública da LTS onde apenas pedíamos que clarificassem frente os trabalhadores tais declarações, e se haviam sido deturpadas pelo jornal ou não, e que exigissem inclusive direito de resposta, jamais fizeram nenhum esclarecimento público, limitando-se unicamente a lançar impropérios ã LTS por tal pedido e nenhum impropério ao jornal burguês que supostamente havia colocando na boca de Chirino um programa quase de tipo burguês, ficando tais afirmações como certas, para todos os que haviam lido a entrevista . Lamentável.
De nossa parte, e apesar de todas diferenças com o PSL e Chirino, realizamos uma ativa e militante campanha por uma candidatura operária independente expressa no voto crítico no candidato operário, campanha que ficou documentada e que abarcou desde a publicação massiva de materiais discutindo com os trabalhadores e estudantes, suplementos, cartazes de caráter nacional, atividades de rua com pixações em diversas cidades do pais assim como a realização de eventos políticos como Debates explicando o por que era preciso apoiar um candidato operário e da esquerda, expresso nesta ocasião no voto crítico em Orlando Chirino.
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