Com a paralisação geral do 20 N a situação nacional e uma das suas características mais novas foi o peso da esquerda, e em especial no PTS, organização irmã da LER-QI na Argentina.
A jornada começou na madrugada. Desde as seis da manhã a Av Panamericana se pôs em pé frente ao primeiro corte na altura da Herny Ford. Trabalhadores da Kraft, PepsiCo, Stani, Fate, professores da corrente "9 de Abril" junto a companheiros da linha 60 e do Frigorífico Rioplatense subiram ao km 35 e cortaram em ambos os sentidos. Bem próximo era possível ver uma coluna de mais de 200 trabalhadores gráficos da Donnelley, Word Color e Printpark que chegavam do norte e se uniam ai primeiro piquete das paralisações. Em um tipo de "cadeia nacional", a TV mostrava o único corte protagonizado pelos trabalhadores industriais. Chegaram a ser 700 quando todos os trabalhadores se concentraram acompanhados pela regional Norte de nosso partido e a Juventude do PTS, os telefônicos da Lista Violeta, a "Marrom" de estatais e as delegações da Frente de Esquerda, ademais de outras organizações de esquerda. Não é um dado menor que sejam os trabalhadores combativos da indústria os que puseram as primeiras cores da paralisação nacional.
A partir do corte da Av Panamericana falaram ao país nossos companheiros delegados sindicais Javier "Poke" Hermosilla e Lorena Gentile da Kraft, Eduardo Ayala da Donneley, junto a Luis Medina da PepsiCo; também esteve presente Christian Castillo, dirigente do PTS. A partir do Aeroparque os declegados da LAN, Charly Platowsky e Eduardo Saab explicavam ã televisão porque apesar da direção do sindicato APA estavam parando. A tela se dividiu em duas para mostrar ao mesmo tempo o corte na Panamericana e quando a Juventude do PTS de Buenos Aires tomou as avenidas Callao e Corrientes, símbolo da unidade operário-estudantil desde a luta de Kraft de 2009. Era o primeiro corte estudantil da paralisação do dia 20/11, e o único com repercussão pública.
Simultaneamente, foi notícia a linha B do metrô. Nosso companheiro Claudio Dellecarbonara explicava na mídia a paralisação, apesar do sindicato ter se alinhado ao governo e não ter chamado à luta, tendo se negado a organizar assembleias que expressaram o apoio majoritário ã medida. Nada impediu que os companheiros da B paralisassem este serviço tomando para si a medida votada na assembleia, com os métodos opostos aos de Moyano da CGT.
Todas estas ações nas quais o PTS se lançou com uma grande força abriram a jornada na qual a classe trabalhadora mostrou sua força no primeiro enfrentamento massivo contra o governo.
Longe dali em Neuquén após ser parte dos cortes, uma grande coluna operária da Corrente Nuestra Lucha de mais de 400 trabalhadores se mobilizava em uma marcha de 4000 companheiros. Operários ceramistas, de Molarsa, têxteis e outros lugares se expressaram com toda a força.
Os companheiros da Regional Sul foram parte do corte da Ponte Puerrydón junto ã CTA e outras organizações de esquerda, com a presença da companheira Myriam Bregman. Também participaram do corte em Lomas de Zamora junto a ATE Sul, o Sitrac, e outras agrupações. Em La Plata estivemos presentes no corte unitário da Autopista. Fomos parte das ações na zona Oeste do GBA, junto aos companheiros da Agrupação "Obreros del Riel" e no corte da Rota 3 de la Matanza.
Na capital nossas agrupações estatais levaram nossas posições nos cortes da ATE: Constituintes e Gral Paz com os trabalhadores da INTI, Entre Ríos e Caseros com os trabalhadores do Hospital Garrahan, frente ao ANSSES contra o fechamento da Ilha de Demarchi, no Ministério contra Macri e na reitoria do IUNA.
Em Rosário na entrada do Pólo Metalúrgico e na Bolsa de Comércio e na marcha unitária. Em Córdoba nos pontos de acesso ao centro da cidade e na mobilização principal, enquanto em Jujuy nos mobilizamos com o SOM. Em Bahía Blanca participamos do ato convocado pelo SUTEBA. Em Mar del Plata nossos companheiros foram parte da mobilização da CTA, enquanto que em La Pampa fomos ao ato chamado pela ATE, Luz y Fuerza e outras organizações.
A luta pelos sindicatos
Desde os dias anteriores ã paralisação nossa militância e agrupações lutaram para que esta pudesse chegar onde a burocracia oficialista chamava a pelegar. Na enorme maioria da indústria os sindicatos respondem ã CGT oficialista. Ai estava concentrada a luta mais dura e os militantes operários do PTS tomaram esta luta como um grande desafio apoiados no clima de aberta deliberação e descontentamento. Na Alimentação, Gráficos, e Saboneteiros, a Agrupação Bordô tirou declarações que foram distribuídas massivamente na base das fábricas dirigidas pelas internas combativas, mas também nas encabeçadas pela burocracia de Daer e Ongaro, exigindo que os sindicatos rompessem sua subordinação ao governo, convoquem assembleias e se somem ã paralisação. As agrupações classistas e antiburocráticas da SMATA e UOM fizeram seus próprios boletins, que chegaram ã dezenas de fábricas em todo o país, enfrentando ã política adaptada de Pignanelli e Caló, agrupados agora com antioperário governo de Cristina Kirchner. No setor pneumático (Fate) com uma declaração comum, impulsionada pelos 6 delegados opositores a Wasiekjo e a Micheli, se exigiu ã Seccional San Fernando do STUNA, que convoque uma assembleia e a paralisação, e se negaram apesar de ser parte da CTA opositora. Desde o dia anterior ã paralisação começaram as assembleias nos lugares em que o PTS tem presença e responsabilidade.
Os companheiros da linha "B" do metrô discutiram em acaloradas assembleias sua posição, ante a negativa da direção do sindicato a organizá-las em todas as linhas para que não se expressasse o apoio majoritário ã medida. Em PepsiCo se votou na assembleia parar 4 horas por turno e cotar a Panamericana. Em Donnelley, Word Color e Printipack de gráficos se votou a paralisação por 24 horas e o corte, e na ex-Jabón Federal em uma massiva assembleia se votou a paralisação de toda a jornada.
Em Kraft em que se vem de um duro conflito de três meses que incluiu descontos que puderam ser revertidos com cortes e mobilizações fora da fábrica e contra o sindicato, demos uma forte luta que se sabia difícil para que a fábrica parasse. Na maioria das assembleias a abstenção foi predominante pelo que consideramos que não era correto forças a paralisação, mas dezenas de companheiros foram parte do corte na Panamericana.
No dia anterior ã paralisação uma assembleia de Lear votou parar, apesar da burocracia da SMATA que não pôde fazer nada e os mesmos 20, quase todos os companheiros, se retiraram da fábrica deixando os burocratas "verdes" só e dentro da fábrica. Os representantes da Lista Bordô de Kraft Victoria (Stani) exigiram a paralisação e apesar da interna não ter aberto a boca, o setor de impressão se autoconvocou e resolveu parar.
Na capital a partir da interna da LAN e da agrupação "El despegue" na contramão de outros grêmios aeronáuticos, Llano e a direção da APA chamaram a não parar apoiando o governo e sendo funcionais ás patronais. Os delegados da LAN do Aeroparque, deram a luta e o resultado foi o triunfo categórico dos trabalhadores.
Com dezenas de boletins por grêmio, demos uma grande luta entre os docentes, nas fábricas da alimentação contra Daer, em telefônicos, na Coca Cola de Pompeya, em que se realizou uma paralisação de 24h. Nos bancos públicos, em que a paralisação foi contundente, os delegados de base da Marrom bancária dos Bancos Província, Ciudad y Nación, difundimos milhares de panfletos e impulsionamos assembleias em nossas sucursais chamando a parar por nossas próprias reivindicações, e com uma política independente. Tanto na administração pública nacional como na municipal, a Marrom Classista impulsionou na semana prévia ã paralisação, assembleias no INDEC, Música, Garrahan, Parques Nacionais, e outros setores mais, além de divulgar milhares de declarações: "Nem 8N, nem 7D, por uma paralisação ativa e plano de luta nacional", e demos uma dura luta no plenário geral contra a direção do grêmio e com cartazes e panfletos exigimos a paralisação.
Este papel dos delegados e lutadores antiburocraticos foi um fato inocultável do qual deram conta vários jornalistas: a relação entre a esquerda e o movimento operário que se expressou na paralisação é um sinal de alerta para os patrões. Tem que dar conta que sem este componente, a paralisação convocada por Moyano e Micheli não teria chegado a lugares fundamentais em que a esquerda, o PTS em particular, lutou para aprofundar e ampliar a paralisação nacional. Em todo o país, lutamos palmo a palmo com os setores combativos do movimento operário e da juventude. Isso nos dá mais força para aprofundar a luta para por em pé uma grande Assembleia Nacional de Trabalhadores e por construir em todos os sindicatos fortes agrupações classistas e antiburocráticas.
|