Tal como a juventude que hoje se levanta em nosso país contra o aumento das passagens, e decretam greves nas universidades, como é o caso da UNESP, no México os jovens e trabalhadores têm se enfrentado com a crescente repressão do Estado. Prisões arbitrárias e repressões a todos os setores que saem a lutar pelos seus direitos são uma constante. Socializamos abaixo a declaração da organização irmã da LER-QI no México, na qual se denuncia esta prática por parte do governo da capital chefiado pelo PRD, e se convoca a uma ampla campanha internacionalista a todas as organizações de esquerda, sindicais, da juventude, e de direitos humanos pela liberdade imediata de todos os presos e pelo fim das violações aos direitos humanos. Para enviar assinaturas individuais e moções de entidades em solidariedade: [email protected]
A Liga de Trabalhadores pelo Socialismo (LTS), organização irmã da LER-QI no México, a Juventude Anticapitalista Socialista e Revolucionária (JASyR), a Agrupação de mulheres Pão e Rosas e organizações irmãs exigimos a liberdade de nossos militantes e de todos os presos políticos após a manifestação ocorrida na capital do país no dia 10 de junho.
Por volta das 19h30 da noite a mobilização em comemoração ao dia 10 de junho foi dispersada e reprimida. Com um brutal aparato repressivo a polícia avançou sobre a concentração ao final da marcha e deteve arbitrariamente mais de 20 jovens na rua 20 de Novembro. Dezenas de manifestantes foram emboscados pelos policiais na mesma avenida. A praça central foi coberta por gases lacrimogêneos que da mesma maneira atingiam o bloco de professores. Entre os presos estão também integrantes da Liga de Trabalhadores pelo Socialismo (LTS), da Juventude Anticapitalista, Socialista e Revolucionária (JASyR) e a Agrupação de Mulheres Pão e Rosas.
Nossos companheiros (militantes socialistas) foram detidos na esquina da Avenida 20 de Novembro e Regina, a uma grande distância de onde supostamente se deram os “enfrentamentos”, dos quais o governo da capital se vale para justificar a repressão, quando se dirigiam ás suas casas depois de ter participado na histórica mobilização. Uma vez mais, como no primeiro de dezembro, a polícia do governo do PRD que está adiante do Distrito Federal atuou ilegalmente, detendo arbitrariamente nossos jovens companheiros (homens e mulheres), e golpeando-os selvagemente (como as imagens mostradas pela imprensa internacional na Turquia contra a juventude), aprofundando a direitização do governo da capital que se autodefine como “progressista”, e continuando a política de criminalização do protesto social, e em particular, da juventude, com a campanha de desprestígio e difamação reproduzida pela mídia.
Por estas violações elementares aos direitos humanos, é que os advogados defensores dos presos realizaram as queixas correspondentes ante a Comissão de Direitos Humanos do Distrito Federal, e um amparo contra a detenção ilegal da qual foram objeto. Foram golpeados pela polícia e aprisionados com duríssima violência, colocados numa camionete branca sem brasão e de placa 426vm. Os detidos se encontram na Agencia 50 do Ministério Público.
Dentre os presos estão os companheiros:
Sergio Abraham Méndez Moissen, professor da Faculdade de Ciencias Políticas e Sociais e estudante de Doutorado em Estudos Latino-americanos na UNAM, que participou ativamente do movimento #YoSoy132, é autor de diversos artigos de teoria e política marxista, co-autor do libro México en Llamas (1910-1917) Interpretaciones marxistas de la Revolución, coordenador da Cátedra Livre Karl Marx que é impulsionada na Faculdade de Filosofia e Letras da UNAM há 10 anos, além de ser coordenador do selo editorial Armas da Crítica e colaborador do Centro de Estudos e Publicações Leon Trotsky no México.
Alex Osorio, militante da LTS e da JASyR, estudante do cursinho 2 da UNAM, esteve ativo durante o momento mais agudo do YoSoy132 e na campanha de libertação dos presos do primeiro de dezembro a partir da Coordenadora 1Dmx.
Jesús Pegueros Briceño, militante da LTS e da JASyR é ativista da Faculdade de Economia da UNAM, porta-voz em múltiplas ocasiões do movimento #YoSoy132.
Nancy Cornejo Cázares, militante do Pão e Rosas é poeta e estudante de Letras da FFyL, ativista desta faculdade. Se solidarizou com os trabalhadores do SME despois do decreto de extinção da LyFC; participou do MPJD e da assembleia de sua escola para o #YoSoy132.
Edgar Gonzalo Arredondo González, militante da LTS e da JAsyR Diversidad, é estudante de Estudos Latinoamericanos da FFyL; participou do MPJD e das assembleias do #YoSoy132, sendo parte do #YoSoy132Gay; é ativista de direitos da comunidade LGBTT e contra os crimes de ódio.
Todos estes companheiro(a)s são integrantes de nossa organização e participam abertamente da vida política universitária e do movimento estudantil. Consideramos sua prisão, o selvagem acionar da polícia e os processos que o Ministério Público tenta impor como uma expressão da perseguição macarthista impulsionada no DF pelo governo do PRD, orientada contra as organizações políticas da esquerda, que como a LTS e a JASyR são parte das lutas e dos movimentos dos trabalhadores e da juventude.
As repressões continuam acompanhadas de uma campanha midiática escandalosa que tenta justificar a repressão contra a juventude que luta. Os jovens, que ontem participaram desta histórica mobilização, hoje são criminalizados pelo governo de “esquerda progressista” no DF, pois criminalizam o descontentamento social e da juventude com leis “antiterroristas” e votam reformas junto ao PRI e ao PAN contra a população trabalhadora.
As organizações abaixo-assinadas repudiamos a repressão, as sérias violações aos direitos humanos perpetradas pela polícia da capital e exigimos a libertação imediata e incondicional de nossos militantes e de todos os presos políticos da marcha de 10 de junho. Exigimos também julgamento e castigo aos responsáveis pela repressão e violações dos direitos humanos ao ato de 1 de dezembro, e do dia de ontem: hoje mais que nunca 10 de junho não será esquecido!
Fazemos um chamado ás organizações dos Direitos Humanos, estudantis, políticas e sociais, aos intelectuais, aos sindicatos como a UNT, SME, SUTIEMS e a CNTE que manifestem seu repúdio ás arbitrárias detenções contra a juventude e contra a repressão do PRD no Distrito Federal e nos Estados da República.
Liga de Trabajadores por el Socialismo e organizações integrantes da Fração Trotskista-Quarta Internacional (PTS (Partido de los Trabajadores Socialistas) da Argentina, LOR-CI (Liga Obrera Revolucionaria por la Cuarta Internacional) da Bolivia, LER-QI (Liga Estrategia Revolucionaria) do Brasil, PTR-CcC (Partido de Trabajadores Revolucionarios) do Chile, LTS (Liga de Trabajadores por el Socialismo) da Venezuela, LRS (Liga de la Revolución Socialista) de Costa Rica, simpatizantes da FT no Uruguai, Clase Contra Clase do Estado Espanhol, Grupo RIO, sessão simpatizante da Alemanha e Militantes da FT no CCR/Plataforma Z do NPA da França) Agrupación de Mujeres Pan y Rosas Latinoamérica. Juventud Anticapitalista Socialista y Revolucionaria.
Halconazo: nome dado a manifestação ocorrida no dia 10 de junho de 1971, quando mais de 70 estudantes foram assassinados por grupos de choque como os Halcones("Falcães").
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