A partir do balanço das jornadas de junho, de uma análise das perspectivas que se abrem e das tarefas que se colocam na situação nacional, em recente Plenária Geral da Liga Estratégia Revolucionária, votamos um chamado a todos os setores que militam e simpatizam conosco a construir a partir da base um Encontro de Trabalhadores e Estudantes, onde unifiquemos trabalhadoras e trabalhadores, efetivos e terceirizados, a juventude que saiu ás ruas, a que está nas fábricas, nas escolas, nas universidades, as mulheres, os negros e negras.
Nosso chamado é, em primeiro lugar, à quelxs que, ainda sem fazer parte da LER-QI, que batalha pela construção de um partido revolucionário dos trabalhadores e da juventude, dedicam parte das suas vidas a construir conosco uma série de agrupações na juventude e em várias categorias de trabalhadores. Aos integrantes e simpatizantes da Juventude ás Ruas, ás mulheres e LGBTT que constroem ou simpatizam com o Pão e Rosas e vão participar conosco do Encontro do Movimento Mulheres em Luta, aos que constroem conosco o Boletim Classista, aos trabalhadores da USP, efetivos e terceirizados, que concordam com nossa prática política no Sintusp e simpatizam com nossas idéias e programa, aos que constroem ou simpatizam com o Metroviários pela Base, com o Professores pela Base e em diversas outras categorias. Aos que estão atuando conosco no movimento operário industrial, enfrentando a ditadura patronal e com muita paciência e audácia construindo uma alternativa ã burocracia sindical.
Chamamos a juventude que em junho saiu ás ruas e desde então faz suas primeiras experiências com a necessidade de uma organização independente da burguesia, da burocracia sindical/estudantil e aliada aos trabalhadores. Que nas universidades e escolas veem a necessidade de se organizar e de construir desde a base um forte movimento capaz de conquistar as demandas de junho.
Nosso chamado é especial aos trabalhadores em luta, como os bancários que estão nesse momento em greve, aos que estamos lado a lado nos piquetes no centro de São Paulo criando uma nova tradição na categoria, em primeiro lugar aos que constroem conosco a agrupação Uma Classe e, junto a outros setores, uma alternativa na oposição em bancários. Aos carteiros de São Paulo que atuam conosco e estão tirando as lições da traição da burocracia sindical que por hora impede que estejam engrossando esta greve nacional.
Aos negros e negras que querem dar uma resposta revolucionária ã opressão cotidiana que sofrem, seja na mais direta da repressão policial, com tantos Amarildos a cada dia, mas também com o racismo velado dessa sociedade da falsa "democracia racial", que não resiste a nenhum olhar atento nem aos dados.
Chamamos também os militantes de direitos humanos que atuam conosco na luta contra a repressão de ontem e hoje. Os artistas e intelectuais que tem relação conosco e estão inquietos depois de junho sobre quais são as lições e tarefas a levar adiante.
Abre-se uma nova etapa no país que coloca novos desafios
A mudança do país a partir das jornadas de junho é um elemento que tem que levar a todas as organizações e ativistas de esquerda repensar toda a sua lógica de atuação. Aceleram-se os ritmos das transformações no país com a entrada em cena do movimento de massas. Foi-se o tempo em que somente assistíamos a roda da história seguir em frente, em meio ã crise econômica internacional, pela televisão. A correlação de forças para avançar em conquistas fica mais favorável. E seria um enorme equívoco acreditar que o fato de não termos visto mais manifestações de ruas como as de junho significasse uma “volta ao anterior”.
Por isso, queremos construir um Encontro de Trabalhadores e Estudantes, onde sejamos centenas e possamos tirar lições a partir das experiências de cada setor, unificando forças para nos dirigirmos a milhares e fortalecer uma alternativa revolucionária para a juventude e para os trabalhadores. Tirar as lições do que foram as jornadas de junho, e também as paralisações nacionais de trabalhadores, é um passo decisivo para ter uma política correta para o próximo período.
Acreditamos que a partir de um encontro como esse, podemos ter novas forças para fazer um chamado mais forte para os setores que se colocam no campo anti-governista e anti-burocrático a construir um pólo nacional que possa ser uma alternativa de luta para os trabalhadores e a juventude em todo o país, por exemplo, batalhando pela unificação das greves em curso.
Por uma corrente classista de trabalhadores nacional
Os trabalhadores voltaram a lutar nos últimos anos no Brasil. Antes mesmo de junho, o Brasil vem há anos em um ascenso de greves, que tem nos seus setores mais precários os setores mais combativos, como da construção civil. A paralisia dos sindicatos em junho mostram que a energia dos trabalhadores mostra a necessidade de se recuperar os sindicatos para os trabalhadores, de se retomar a organização do conjunto dos trabalhadores. Por isso, nesse encontro, queremos debater a necessidade de uma Corrente política-sindical de trabalhadores nacional, que colabore na superação da fragmentação em distintas categorias e agrupações que temos hoje, pois a divisão entre categorias e entre efetivos e terceirizados nos debilita para enfrentar a burocracia sindical, os patrões e o governo. Que todas nossas agrupações em diversas categorias de trabalhadores possam também fazer parte de uma mesma corrente nacional somente fortalecerá a luta em cada categoria, pois a transformação pela qual o país está passando abre espaço para obtermos conquistas que só podem se efetivar em lutas para além de uma ou outra categoria, e que para isso temos que nos unificar no combate a burocracia que controla os sindicatos.
Unificar forças pelos nossos objetivos!
Queremos reunir centenas de jovens, mulheres, negros e trabalhadores que militam a cada dia por um objetivo comum de combater esta sociedade de miséria e exploração, mas também novos companheiros que despertaram a partir das jornadas de junho. Pode ser um grande momento não somente para fortalecer a construção de agrupações como a Juventude As Ruas e do grupo de mulheres Pão e Rosas, como fortalecer as agrupações de trabalhadores que poderão sair com uma corrente nacional em comum. Ao mesmo tempo, é um momento privilegiado para socializar todas as experiências de luta que vários setores viveram e debater estratégias na luta contra este sistema capitalista, onde nós da LER-QI consideramos fundamental abrir a discussão sobre a necessidade de uma ferramenta política para a classe operária, que para nós é um partido operário revolucionário.
Por um internacionalismo proletário e militante
Queremos debater também as lições das lutas dos trabalhadores e da juventude em todo o mundo. Querem nos dividir não somente entre categorias, entre efetivos e terceirizados, mas também entre países, querendo que nos identifiquemos mais com a burguesia de nossos países que com a classe trabalhadora de todo o mundo. Nós estamos no pólo oposto. Nos sentimos parte de cada batalha dos trabalhadores e da juventude em outros países. Por isso, vamos trazer para o Encontro membros da nossa organização internacional, a Fração Trotskista - Quarta Internacional, como da Argentina, em que a esquerda vem emergindo politicamente através da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, e Chile em que há um importante processo de lutas juvenis e operárias.
Queremos, a partir de uma perspectiva internacionalista, tirar lições não somente das lutas desses países, mas também dos processos em todo o mundo, particularmente do mundo árabe, onde há um processo revolucionário mais avançado que coloca ã prova o programa e a estratégia dos partidos e correntes que se reivindicam revolucionários como debatemos neste jornal com um artigo sobre o processo na Síria. Essa perspectiva internacionalista é ainda mais importante frente a que estamos já no sexto ano de uma crise econômica internacional que está dando lugar a grandes processos de luta de classes em todo o mundo, atualizando a perspectiva da revolução.
Além disso, nós da LER-QI queremos socializar com todos a política que recentemente votamos em conferência internacional, de lançar um Movimento por uma Internacional da Revolução Socialista, que para nós é a Quarta Internacional. Para nós, essa ferramenta política é essencial e evidentemente não será construída a partir do desenvolvimento evolutivo da LER-QI, e sim de um processo de rupturas e fusões com outras organizações e indivíduos de esquerda.
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