Na última terça-feira, 1 de outubro, um ato com centenas de estudantes, funcionários e professores exigindo democracia na USP culminou com a ocupação da reitoria por parte dos estudantes. Depois da recusa do Conselho Universitário (CO) a sequer fazer uma reunião aberta, os estudantes entraram no prédio. O DCE colocou para o movimento sua proposta de manter uma ocupação na reitoria com a seguinte pauta: anulação da reunião de hoje do CO e a realização de um plebiscito organizado pela própria universidade a respeito da estrutura de poder. Neste plebiscito constariam apenas as propostas “oficiais” apresentadas na própria reunião do CO, que incluem as do DCE e da Adusp, mas não, por exemplo, a votada pelos trabalhadores em seu congresso ou de outros setores da universidade.
A ocupação da reitoria ocorre em um momento de mobilização na USP, em que diversos cursos vêm protagonizando importantes mobilizações por suas pautas específicas, como nas greves da EACH e Direito, mas também em mobilizações na FEA e FAU. Não apenas na universidade, mas em todo o país a situação política depois de junho é bastante distinta: a derrubada dos aumentos das passagens mostrou a todos que é possível a partir de nossa mobilização independente arrancar dos governos as nossas demandas. Ainda que os atos massivos não estejam mais nas ruas, ainda há importantes mobilizações como as greves de professores no Rio, a greve dos Correios e de Bancários, mobilizações da juventude por diversas questões ao redor do país. As promessas dos governos podem ter conseguido acalmar temporariamente, mas não puderam calar o impulso que levou milhões ás ruas.
Neste sentido, a ocupação da reitoria da USP tem um enorme potencial para conseguirmos colocar de pé novamente o movimento estudantil, ligando as demandas de cada curso com os problemas mais profundos da universidade e da sociedade, e ligando-se com os trabalhadores efetivos e terceirizados da USP e as mobilizações em curso. Para isto, precisamos ir a cada curso discutir com os estudantes nas salas de aula e a necessidade de comparecer ã assembléia geral de hoje, fortalecer a ocupação e construir uma greve unificada, transformando a ocupação não em um fim em si mesmo mas em um ponto de apoio para mobilizar todos os cursos.
A proposta do DCE de levantar como pauta da ocupação um plebiscito organizado pela reitoria está no sentido oposto: coloca todo o potencial da mobilização dos estudantes para exigir da reitoria mais um instrumento institucional de pressão, no qual a única expressão dos estudantes será votar em propostas feitas pela própria burocracia acadêmica ou, no máximo, pela direção do DCE. É necessário que confiemos nas forças de mobilização dos que são a maioria da universidade, os estudantes e trabalhadores. É porque temos nas nossas mãos a força de parar a universidade que também consideramos insuficiente a proposta do DCE para democratizar a universidade, que se baseia em eleições diretas e paritárias pra reitor. Não apenas na “paridade” o voto de um professor vale o de cerca de 16 estudantes ou 5 funcionários efetivos (os terceirizados sequer votariam!), mas também aponta como problema apenas quem é o reitor, esquecendo-se que a universidade é gerida por um punhado de professores titulares reunidos no CO, que decidem seus rumos de acordo com seus interesses particulares.
É hora de colocar dentro da USP o espírito de junho, avançando para exigir a democratização radical da universidade! Temos que fazer a reitoria recuar nos principais ataques que fez ao movimento nos últimos anos, e para isto exigir a retirada dos processos existentes contra o Sintusp e estudantes, a reintegração dos estudantes que permanecem expulsos e de Brandão! Levantemos a bandeira da dissolução do CO e uma Estatuinte Livre e Soberana convocada a partir de nossa mobilização. Por um governo da universidade composto pelos professores, funcionários e com maioria estudantil! Lutemos pela democratização do acesso ã USP, com a implementação de cotas para negros proporcionais ã população do Estado e pelo fim do vestibular que mantém a juventude pobre, negra e trabalhadora de fora! Lutemos pela democratização do trabalho na universidade, acabando com as empresas terceirizadas cujos donos são os próprios membros do CO e exigindo a efetivação imediata de todos os terceirizados, com iguais direitos e salários aos dos efetivos!
Por uma universidade sem burocratas!
Dissolução do CO e do reitorado!
Estatuinte Livre e Soberana!
Por um governos tripartite com professores, funcionários e maioria estudantil!
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