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Uma luta histórica que comove o país e aprofunda as mobilizações de junho
por : Leandro Ventura, Rio de Janeiro

11 Oct 2013 | Dia 7/10 foi marcado por mais uma imensa manifestação no Rio de Janeiro. Mais de 50 mil professores, estudantes e diversos setores de trabalhadores e jovens em apoio a sua luta tomaram as ruas. Um dia de fúria e renovada repressão policial também. Fúria que se expressou em ataques a importantes símbolos do poder como a Câmara de Vereadores, o Clube (...)

Dia 7/10 foi marcado por mais uma imensa manifestação no Rio de Janeiro. Mais de 50 mil professores, estudantes e diversos setores de trabalhadores e jovens em apoio a sua luta tomaram as ruas. Um dia de fúria e renovada repressão policial também. Fúria que se expressou em ataques a importantes símbolos do poder como a Câmara de Vereadores, o Clube Militar (instituição que apoiou e ainda defende a ditadura) e ao Consulado Americano. A repressão por sua vez instaurou sua corriqueira caça a manifestantes e imposição de estado de sítio nesta cidade que esta começando a se acostumar com barricadas e já não aceita a repressão policial com o mesmo silêncio. O caso Amarildo teve uma reviravolta tendo a polícia que admitir que torturou, matou e sumiu com o corpo do pedreiro negro. Esta denúncia soma-se a repetidos escândalos que se abrem por ataques de policiais infiltrados, por forja de provas. Com esta repressão o governo do Rio está conseguindo minar sua mais importante conquista dos últimos anos, a aceitação da polícia assassina e racista pela população (louvada em filmes e músicas poucos anos atrás). A tudo isto se soma uma série de medidas de caça aos que a mídia e o governo denominam "vândalos".

Há quase 60 dias os profissionais da educação da cidade do Rio de Janeiro entraram em greve, depois de 19 anos. Com uma adesão massiva de cerca de 80% e assembleias multitudinárias tem se enfrentado com a campanha midiática contrária que inclui capa de jornal com falsos julgamentos do judiciário, declarações de falsos aumentos e negociações, ameaças de corte de ponto pela prefeitura de Eduardo Paes (PMDB, importante aliado de Dilma e o PT faz parte de seu governo, com o vice Adilson Pires) e mais que nada com a polícia do contestado governador Sérgio Cabral (PMDB também). Como sempre, a justiça se apresenta como instrumento da repressão ao direito de greve, escandalosamente permitindo arbitrariedades e ameaças dos governantes.

A sanha repressiva da dupla Paes-Cabral (com o silêncio cúmplice do PT e do PCdoB) chegou ao ponto de impedir a circulação (mesmo a pé) em diversas vias da cidade para que fosse votado um plano de cargos e salários que os professores se opõem. Só com métodos de estado de sítio que estes governantes – contando com a casta de políticos corruptos da Câmara Municipal e Assembleia Legislativa – têm conseguido aprovar seus planos. Porém, mesmo assim, os professores seguem em luta e o país todo tem se comovido, organizando manifestações em apoio. Os 50 mil de 7/10 possivelmente serão amplamente superados em nova manifestação dia 15/10 (dia do professor).

O que os profissionais da educação do Rio (professores, merendeiros, educadores infantis, outros) conseguiram é expressão de uma continuidade mas também de uma transformação do “espírito de junho”. Milhares na ruas mas agora com uma centralidade fundamental de uma categoria da classe trabalhadora. Uma categoria que não fazia greve há 19 anos é o centro da política nacional, ganhando apoio popular por representar a defesa de direitos sociais fundamentais como a educação pública e de qualidade!

Este cenário se dá em meio a um ressurgir do movimento estudantil, com greves e ocupações nas importantíssimas USP e Unicamp em São Paulo, bem como uma tendência a paralisações e assembleias em numerosos cursos secundaristas e universitários no Rio. Está colocada a possibilidade de uma greve geral da educação, primeiro no Rio, mas mesmo nacional. No Rio há diversas categorias da educação em greve e o único limite para esta confluência são as direções tanto dos estudantes como dos trabalhadores.

Em primeiro lugar, a União Nacional dos Estudantes (UNE, dirigida burocraticamente pelo PCdoB) e setores da educação ligados ã CUT têm participado de manifestações mas negam-se a fazer qualquer construção séria desta luta em suas bases universitárias nem dos secundaristas da UBES. A CUT por sua vez nega-se a tomar qualquer ação de solidariedade no maior sindicato do país, o sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp), pois segue atrelada aos governos petistas e aos capitalistas. Cabe aos setores antigovernistas organizarem uma imensa campanha para confluência das lutas e para que esta tendência objetiva de greve geral da educação se realize.

O Sindicato dos Profissionais da Educação (SEPE) dirigido por correntes do PSOL e minoritariamente pelo PSTU poderia chamar a juventude e todas as categorias do Rio a se somarem à luta e coordenarem as ações. No entanto, sequer coordenar a luta municipal com a greve da educação estadual que o mesmo sindicato dirige estão fazendo, realizando atos e assembleias separados. Uma profunda mudança na orientação é necessária: poderíamos ter uma coordenação carioca da educação e incisivas ações unitárias. Desde aí seria possível incidir nas bases da CUT chamando ações nacionais pela vitória da luta dos trabalhadores da educação no Rio. Podemos colocar de pé uma luta dos trabalhadores e do movimento estudantil em todo o país não só pela vitória no Rio, mas, mais que isto, para dar seguimento ã reivindicação popular de junho por educação pública, gratuita e de qualidade, lutando pelas condições de trabalho dos professores, mas também pelo fim do filtro social do vestibular entre outras reivindicações históricas da juventude.

Para nós da LER-QI, junto aos companheiros da Juventude ás Ruas e do grupo de mulheres Pão e Rosas, trata-se de uma luta exemplar que permite e exige levar a cada categoria e, antes de mais nada, ao movimento estudantil, a possibilidade de mudar completamente sua rotina e colocar-se no tom de “junho” e deste “outubro quente”, derrotando os governos Paes e Cabral. Façamos greves em cada universidade e escola estadual que não esteja em greve, tomemos ações de coordenação e luta em todos os locais de estudo etrabalho. Viva a luta da educação do Rio! Pela imediata revogação do plano de carreira imposto pelos vereadores e o prefeitoPaes! Pelo imediato atendimento ás reivindicações dos profissionais da educação!

 

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