Por LER-QI ABC Paulista
Desde segunda-feira passada, dia 31 de Março, os trabalhadores coletores e da varrição da limpeza urbana de seis cidades do ABCDMR, com exceção de Rio Grande da Serra, cruzaram os braços reivindicando aumento salarial de 15,39% e melhores condições de trabalho. Conscientes do exemplo deixado pelo Rio de Janeiro, em meio ao Carnaval da cidade maravilhosa, os trabalhadores vem dando um forte exemplo de combatividade a cada dia que resistem aos assédios dos patrões ameaçando-os com demissões e perseguições políticas. Os trabalhadores e trabalhadoras de Santo André foram capa de um dos principais jornais regional com faixas e cartazes dos atos de quarta e quinta-feira, onde a base pressionou o sindicato para que houvesse mobilização para conquistar o apoio da população e pressionar o governo de Carlos Grana (PT) para agilizar o atendimento das reivindicações.
Os inimigos dos garis do ABCDMR
O prefeito, tentando se ausentar de sua responsabilidade, dizia que as empresas que se recusavam a aceitar o aumento exigido pelos trabalhadores, “ignorando” o fato de que a responsabilidade pela terceirização de um serviço tão essencial como a limpeza urbana é da direção do PT nas prefeituras em todo o país. Que apesar do nome “Partidos dos trabalhadores” governa para os grandes empresários e favorece empresas como as que agora se recusam a dar um aumento justo para estes trabalhadores. Enquanto os políticos seguem com casos de corrupção e desvios de verba continuam recebendo salários exorbitantes. Desafiamos o prefeito a tentar sobreviver com o salário de um coletor ou varredor! Se valoriza os trabalhadores, então, porque não os efetiva como trabalhadores da prefeitura e oferece iguais salários, iguais direitos para todos?
O SIEMACO (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Manutenção de áreas Verdes Públicas e Privadas do ABC), sindicato que representa os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados da limpeza urbana de todo ABCDMR é assim como no Rio de Janeiro dirigido pela UGT, e durante toda a semana tentou impedir a unificação das seis cidades em greve e tentava abafar o exemplo do Rio de Janeiro com um terrorismo, de que seria ruim para a imagem dos trabalhadores do ABCDMR se ligar a esse exemplo, assim, atuava ã serviço dos patrões para dividir os trabalhadores e enfraquece-los. Na última assembleia realizada na sexta-feira (04.04), a burocracia da UGT vergonhosamente traiu os trabalhadores não permitiu o mínimo de democracia, proibiu o uso do microfone por qualquer trabalhador e nem colocou em votação a decisão do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de ilegalidade da greve. O sindicato que devia se colocar ao lado dos trabalhadores dizia: “Contra a Justiça não se faz greve. A decisão foi tomada, o sindicato patronal não vai aumentar a proposta de 10% e não tem mais o que fazer. A posição oficial do sindicato é pelo fim da greve e vamos conversar com os trabalhadores para que cumpram essa determinação” [1]. O rechaço ã política traidora do sindicato foi grande. Com muitos gritos, os trabalhadores anunciavam que se o sindicato não iria, eles seguiriam em luta por suas reivindicações. Organizados por Comissões por locais de trabalho, saíram da assembleia com muitas tarefas para reorganizar o movimento e exigir suas demandas.
O jornal petista ABCDMaior, distribuído gratuitamente, também tentou desmoralizar a luta dos garis afirmando na sexta-feira [2] da Assembleia Geral, que a greve era considerada abusiva e anunciava a tentativa de derrota orquestrada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e a burocracia sindical da UGT: “A audiência determinou reajuste de 10%, conforme proposta das empresas do setor. O julgamento autorizou a compensação dos dias parados, mas não concedeu estabilidade no emprego aos grevistas.”
Organização independente e pela base sem confiança no sindicato traidor, governos ou nos patrões!
Sábado agora, 05 de Abril, foi um dia muito importante para reafirmar a greve sem o sindicato pelego e para retomar os métodos históricos de organização da classe trabalhadora para reorganizar a greve pelas próprias mãos. Com muitas contradições devido ao cenário subjetivo de reorganização dos trabalhadores, os garis do ABCDMR deram a prova do papel protagonista que a classe trabalhadora pode tomar. Os principais aterros sanitários da região, Peralta (Santo André) e Lara (Mauá) seguem paralisados, sendo Peralta o mais radicalizado que emana força para todas as bases das seis cidades. A formação das comissões eleitas pela base e revogáveis tem sido fundamental para que não se desarticule a greve e criar uma outra forma de organização da luta na contramão dos métodos burocráticos do sindicato da UGT, fazendo com que os trabalhadores sejam sujeito da luta e decidam juntos os rumos da luta.
Hoje, segunda-feira, haverá uma grande oportunidade para os trabalhadores unificarem as seis cidades em greve a partir de suas comissões eleitas e revogáveis e uma assembleia geral. Essa organização é decisiva para que os garis possam calar as ameaças de reposição dos dias parados, das demissões e do “inegociável” aumento de 15%. Também há um ato confirmado que deve ser o resultado do fortalecimento da luta antiburocratica que os garis vem protagonizando.
Ampliar a rede de solidariedade ativa a luta dos trabalhadores garis do ABCDMR
Nós da Liga Estratégia Revolucionária junto com os estudantes da Juventude ÀS RUAS e as mulheres do Pão e Rosas estamos desde os primeiros dias ao lado dos garis, apoiando suas reivindicações e organizando solidariedade ativa nas universidades que estamos. Desde a chapa de DCE na USP Maré Laranja como nas entidades estudantis que dirigimos Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp e o Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG prestamos solidariedade e seguiremos colocando nossas pequenas forças junto com o Movimento Nossa Classe para cercar de solidariedade as lutas operárias que se levantam no cenário nacional.
A partir do apoio dado pelos Metroviarios de São Paulo e dos Garis do RJ, fazemos um amplo chamado ás organizações de esquerda, movimentos sociais, grupos de direitos humanos, a se solidarizar com a greve dos garis do ABCDMR. Acreditamos que se a ala majoritária da ANEL e da CSP-Conlutas, ambas dirigidas pelo PSTU, tomarem com hierarquia essa campanha que estamos levantando no facebook “Todo apoio a luta dos garis do ABCDMR” [3] podemos discutir em cada local de trabalho e organizar um fundo de greve para criar condições que estes trabalhadores sigam lutando e conquistar mais apoio popular (que já juntamos diversas fotos e mais de 450 curtidas).
Assim, com uma forte demonstração de solidariedade, os trabalhadores e a juventude demonstram que depois das jornadas de Junho do ano passado e da vitória dos garis do Rio de Janeiro, os trabalhadores voltam ao cenário político nacional com toda força.
COMO NO RIO, NO ABC OS GARIS PODEM VENCER!
Estamos ao lados dos trabalhadores garis por:
AUMENTO DE 15,39% Já! QUE OS PREFEITOS GANHEM IGUAL OS GARIS!
NÃO A REPOSIÇÃO DOS DIAS PARADOS! PELO DIREITO DE GREVE!
NENHUMA DEMISSÃO OU PERSEGUIÇÃO POlà TICA! POR SINDICATOS SEM
BUROCRATAS, DE VOLTA PARA A MÃO DOS TRABALHADORES!
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