Em 22 de maio o estado de Araguá foi cenário de uma importante paralisação industrial, convocada pela União Nacional de Trabalhadores (UNT) regional. A central operária estadual convocou a medida de força “em solidariedade com os trabalhadores de Sanitários Maracay, e exigindo sua expropriação sem indenização, em defesa incondicional dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, contra “a repressão da Policia e da Guarda Nacional... como o ocorrido aos trabalhadores de Sanitários Maracay”, em defesa da “Autonomia sindical... [devido à s] declarações feitas por altas autoridades do Governo Nacional que questionam a autonomia sindical”. Ademais, segundo a própria UNT regional, “porque se elimine a concessão a RCTV, e que se siga igual medida para Globo Vision, Venevisión e outros meios de comunicação golpistas... [que] sejam expropriados e entregues aos seus trabalhadores”. Também expressaram sua solidariedade “com os Trabalhadores Petroleiros, da Administração Pública e demais Setores populares e estudantis em luta”, e exigiam “a saída imediata de Didalco Bolívar do Governo”, organizador da violenta repressão de 24 de abril. É de destacar que a UNT de Araguá é dirigida praticamente pela corrente sindical CCURA que conta com uma importante influência nos sindicatos de base da região.
Desde manhã, os trabalhadores da maioria das empresas e fábricas do Estado se somaram ã paralisação que incluiu piquetes e fechamentos de vias em importantes ruas, rodovias, cruzamentos e avenidas, ficando tanto o Estado como sua capital, Maracay, praticamente incomunicável com o resto do país durante muitas horas. Segundo a UNT-Araguá, contou com a adesão de quase uma centena de sindicatos, uma importante adesão em muitas fábricas e mais de 3.000 operários mobilizados nos fechamentos e piquetes. Esta ação, foi decidida com o conjunto dos sindicatos da região ligados ã UNT-Araguá e envolveu milhares de trabalhadores tendo centralidade em suas reivindicações a solidariedade com Sanitários Maracay. Conseqüência também do cansaço diante aos contínuos atropelos e violações dos direitos trabalhistas e sindicais, a paralisação é uma importante ação que questiona de fato as conseqüências que têm para os trabalhadores o projeto e a política de Chavez.
Os quase 600 operários da Sanitários Maracay tomaram e colocaram a produzir a fábrica sobre seu controle já há 6 meses, rechaçando a “co-gestão” armadilha que o governo propôs como no caso da Invepal. Em apoio a esta luta exemplar, a ativa paralisação regional nos setores industriais do Estado expressou claramente sua solidariedade, assim como o repúdio ã selvagem repressão de 24 de abril, que terminou com um saldo de 12 feridos e 20 detidos que seguem em processo de liberdade condicional diante os Tribunais de Justiça, enquanto o dono Pocaterra, quem violou todos os direitos trabalhistas, conspirou e roubou a Nação, goza impunemente de plena liberdade. Em lugar da repressão solicitamos ao Governo Nacional que se exproprie sem indenização a Sanitários Maracay e que seja entregue a seus trabalhadores para que sigam produzindo sobre controle dos mesmos, como o vêm fazendo”, expressa o comunicado da UNT regional.
Ao meio-dia, os piquetes e fechamento de vias foram paulatinamente levantados após conseguir a instalação uma mesa de negociação entre representantes do governo nacional, estadual, deputados regionais e a UNT-Araguá, junto a uma delegação dos operários da Sanitários Maracay. A jornada de luta terminou com uma massiva assembléia geral de todos os setores em luta nas instalações da Sanitários Maracay, onde se avaliou como um êxito a ativa paralisação regional. A Juventude de Esquerda Revolucionária (JIR), fração pública do Partido Revolução e Socialismo (PRS), apoiou ativamente esta importante jornada de luta, e junto aos trabalhadores da Sanitários Maracay, desde cedo da madrugada esteve em todas as atividades e no fechamento da principal via de acesso ã cidade esquina ã esquina junto aos operários.
A JIR vêm levando adiante uma intensa atividade em solidariedade aos trabalhadores da Sanitários Maracay. Há de se destacar, o ato de 10 de maio, no Ateneo Popular de Caracas, onde se realizou um primeiro Encontro com os operários da Fábrica, em que cerca de 60 presentes escutaram durante mais de 2 horas as exposições dos trabalhadores. No sábado, 19 de maio, na cidade de Guarenas (Estado Miranda) teve lugar um segundo Encontro que a JIR organizou junto ã Frente Unido dos Trabalhadores pela Vida, pela Saúde e pelo Emprego (FUTRAVISEM). Mais de 120 trabalhadores de distintas fábricas e sindicatos da cidade escutaram aos oradores da fábrica ocupada e gestionada pelos operários. Logo se abriu o debate acerca da situação na se tenha conflito, seus alcances nacionais em quanto põe em questão o projeto chavista do “socialismo do século XXI” no qual os verdadeiros beneficiados seguem sendo os grandes capitais nacionais e estrangeiros (agora “associados” ao estado nacional), e como estender ainda mais a campanha em solidariedade com a luta. Nesta perspectiva, para o próximo 14 de junho, está programado um novo Encontro com os trabalhadores da Sanitários Maracay, desta vez na Universidade Central da Venezuela, em Caracas.
|