De 6 a 8 de junho de 2007 será sediada em Heiligendamm, Alemanha, a próxima cúpula do Grupo dos Oito (G8), o encontro dos chefes de estado e do governo dos 7 países imperialistas mais importantes do planeta: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Inglaterra e Japão, mais a Rússia. A reunião será celebrada em um balneário da costa do Mar Báltico, perto da cidade Rostock e, com antecedência, se prognostica que não será um evento que transcorrerá de maneira pacífica.
Como vem ocorrendo desde 1999 em Seattle, e para além da queda que sofreu o movimento após a invasão imperialista no Iraque em 2003 que não pôde deter, a cúpula em Heiligendamm será acompanhada de protestos protagonizados por grupos de jovens ativistas e diferentes organizações e indivíduos pertencentes a diversas correntes políticas ou sociais. Entre eles se encontram os movimentos pelo meio ambiente e anti-nucleares, movimentos anti-globalização ou da esquerda radical, grupos antifascistas e autonomistas, juventudes de partidos políticos e outros. Este ano estes grupos levam a cabo um árduo trabalho de organização de marchas de protesto, atos de desobediência civil, bloqueios. No entanto, as medidas de segurança que o toma o governo alemão com vistas ã cúpula são escandalosas. A sede do evento foi rodeada com uma cerca metálica de 12 quilômetros e 2,50 metros de altura arrematada com arame farpado, que custou mais de 12 milhões de euros. Dentro da zona de segurança e até 200 metros por fora da cerca proibiram durante a cúpula todo tipos de reuniões, assim como no aeroporto e outros pontos da região. O policiamento contará com 16.000 efetivos de todo o país, o maior dispositivo jamais montado na República Federal da Alemanha em tempos de paz. A marinha alemã e dois barcos de guerra norte-americanos vigiarão as águas do Mar Báltico. O tráfico aéreo no espaço pertencente ao lugar do encontro também será suspendido durante os três dias. Nas redondezas foi esvaziada uma prisão do estado de Mecklenburgo e colocada ã disposição para os manifestantes que, uma vez detidos, poderão ser aprisionados por até dez dias. O ministro do Interior, Schäuble, também decidiu o restabelecimento temporário do controle nas fronteiras internas do espaço Schengen [1] com a Alemanha.
Repressão governamental...
O governo da mão da Fiscalía, desatou um feroz ataque aos militantes de movimentos contra ã cúpula, começando com uma onda de prisões. Na madrugada de quarta-feira, 9 de maio, em vários estados, mais de 900 policiais, sobre o pretexto de que se planejavam ataques durante a cúpula dpoG8 em Heiligendamm, arrasaram cerca de 40 moradias em Bremen, Berlim e Hamburgo, casas-projetos e oficinas de organizações de esquerda, confiscando computadores e outros meios, assim como informações de todo tipo. O fiscal geral da República, suspeitando da “criação de uma organização terrorista com o fim de impedir a cúpula do G8” e amparado pela lei 129 (lei especial antiterrorista), deu a ordem para que as forças repressoras do Estado imperialista alemão levassem a cabo o encamninhamento cujo objetivo fundamental é o de criminalizar e intimidar aos grupos mais radicais do movimento anti-G8. Depois da ã repressão a imprensa escrevia que o governo pretendia modificar a lei em questão para fazer-la ainda mais repressora (o número mínimo de pessoas que constituiriam uma organização terrorista se rebaixaria de três a uma). Corroborando o fato de que se trata de repressão preventiva contra o ativismo anti-G8, os 21 suspeitos de atos terroristas que haviam sido presos, foram postos em liberdade por falta de provas. No entanto, a campanha repressora e de criminalização do movimento de protesto contra o G8 continua. O ministro do Interior, Schäuble, anunciou que se realizariam prisões massivas e que as operações policiais seriam muito duras. O governo de coalizão entre democratas-cristãos e social-democratas pretende evitar uma radicalização e extensão do protesto, que segundo as pesquisas tem altos índices de aceitação entre a população, apesar da campanha midiática para desmoralizar o protesto. Como reflexo, ainda que distorcido, de descontentamento entre as massas, as eleições no estado de Bremen, de 13 de maio, corroboraram mais uma vez a erosão institucional. Os partidos de coalizão governamental ganharam, mas perdendo muitos votos, e A Esquerda [2] se consolidou e estará representada pela primeira vez em um parlamento do oeste do país. Tudo isto dentro do cenário de duas importantes greves no setor de serviços e das telecomunicações [3], que contribuem a tencionar a situação. Dali saiu, nos últimos dias a mensagem do sindicato VER.DI de apoiar as manifestações contra a cúpula.
... e resposta da juventude ativista
Como resposta ao repressivo ataque policial ocorreu espontaneamente várias manifestações em diferentes regiões e cidades do país, como mostra de solidariedade com os perseguidos pela justiça alemã e o Estado. Milhares de pessoas saíram espontaneamente ás ruas no dia seguinte para protestar contra a repressão policial e reafirmar seu compromisso de luta contra a cúpula dos expropriadores imperialistas. Durante várias horas numerosos grupos de jovens se enfrentaram com a policia lançando pedras e montando barricadas. A guerra do governo, que vai desde a violência explícita passando pela intenção de dividir o movimento entre manifestantes pacíficos e “terroristas”, chegando a recorrer ã supressão das liberdades democráticas constitucionais, com o objetivo de garantir o marco legal para a repressão durante os quatro dias da cúpula, demonstra, mais uma vez, que a democracia burguesa faz uso de seus aparatos para garantir a exploração aos trabalhadores e o povo, e para reprimir a todos aqueles que lhe opõe.
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