No quarto dia da histórica greve dos metroviários de São Paulo, que pararam a principal capital do país a quatro dias da abertura da Copa do Mundo, o Tribunal Regional do Trabalho julgou a greve abusiva. Mostrando mais uma vez que está a serviço das classes dominantes, o Poder Judiciário viola abertamente o direito democrático de greve alegando que os metroviários deveriam manter 100% dos serviços em funcionamento nos horários de pico. Respaldando a intransigência do governo Alckimin, a Justiça mantém os 8,7% de aumento salarial inicialmente proposto pelo governo e se nega a atender todas demais reivindicações dos grevistas. Com o objetivo de quebrar a crescente disposição de luta que vem se verificando em setores cada vez mais amplos da classe trabalhadora depois do triunfo da greve dos garis do Rio de Janeiro, o Tribunal determina o corte dos dias parados e uma dura multa contra o sindicato. Com isso buscam impor, através de uma punição exemplar aos metroviários, uma derrota ao conjunto da classe trabalhadora.
Mas os metroviários deram uma resposta contundente. Numa assembleia com 3 mil trabalhadores, aprovaram a continuidade da greve por ampla maioria e o reforço dos piquetes. Num uníssono, os trabalhadores agitaram o canto de guerra que era entoado pelos garis do Rio e se espalhou pelo país como expressão de combatividade: “Não tem arrego! Não tem arrego!”. Ainda assim, o governo do Estado segue ameaçando com a demissão em massa dos grevistas como forma de pressionar o retorno ao trabalho.
Os metroviários em greve se colocam como expressão avançada da combatividade que vem se alastrando pela classe trabalhadora quando várias categorias decidem se enfrentar contra a suposta “legalidade” a serviço dos patrões e dos governos para defender suas demandas. Para tal, apoiam-se na sua unidade para a luta e na busca de uma aliança com a população que sofre com serviços públicos caríssimos e de péssima qualidade enquanto rios de dinheiro são destinados aos estádios da Copa para maximizar os lucros da FIFA e seus sócios capitalistas. Apesar do chamado “plano de contingência” através do qual a empresa trabalha para furar a greve utilizando chefes, pessoal da administração e em treinamento, o impacto da paralisação é enorme, não só pelo prejuízo econômico aos capitalistas locais, mas principalmente pelos riscos ã Copa.
No segundo dia de greve, sexta-feira 6/6, a repressão policial ao piquete da estação Ana Rosa, que por várias horas impediu o funcionamento do plano de contingencia, fez com que a greve adquirisse um novo patamar, ganhando as páginas da imprensa internacional. A brutalidade do governo ficou demonstrada com as bombas e as balas de borracha descarregadas sobre os metroviários que buscavam defender seu direito de greve e denunciar os enormes riscos aos quais a empresa estava submetendo a população ao colocar o sistema para funcionar com pessoal sem devido treinamento. Se logo após a greve dos rodoviários o governo havia militarizado toda a cidade, como dezenas de policiais instalados nas áreas externas de estações centrais do metrô, logo após o piquete de Ana Rosa esses policiais passaram a se instalar no interior das estações portando ostensivas metralhadoras.
Com a instalação das Forças Armadas nas ruas para garantir a “lei e a ordem” na Copa e com o silencio frente ã intransigência e a ameaça de corte de ponto por parte de Alckimin, o governo petista de Dilma torna-se cúmplice da repressão deferida pelo governo tucano do Estado de São Paulo contra os metroviários.
Atuando junto com independentes na agrupação Metroviários pela Base, nós militantes da LER-QI temos orgulho de estarmos na linha de frente da luta para colocar de pé essa forte greve, da organização pela base para desenvolver um novo ativismo que foi a base da combatividade dos piquetes, da preparação da categoria para enfrentar a Justiça, do chamado ã unificação de todas as lutas em curso, como a greve dos trabalhadores da USP, numa paralisação nacional e da construção de uma aliança com a população através da defesa da redução das tarifas e da estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores, defendendo também a liberação de catraca em diversos momentos. Agora, estamos defendendo com todas as nossas energias: fortalecer a greve e os piquetes. Com a unidade dessa categoria que tem um enorme peso social e com o apoio de trabalhadores e jovens é possível vencer!
A CUT, a CTB e a Força Sindical deveriam fazer ao apoio que declararam na assembleia dos metroviários de sexta-feira 7/8 e convocar uma paralisação nacional que fortaleça essa luta e a unifique com as demais lutas que ocorrem no país. Na medida em que não fazem isso, demonstram sua submissão ao governo de Dilma e Alckimin e sua conivência com a tentativa de impor uma derrota sobre os metroviários.
Todos os sindicatos, organizações políticas, entidades estudantis e populares dirigidos pela esquerda têm a obrigação de fortalecer a mais ampla solidariedade ativa à luta dos metroviários de São Paulo, comparecendo ás ações da categoria e realizando atos e cortes de rua nas várias regiões do país.
Cartão vermelho para o TRT! Pelo direito de greve!
Fortalecer a greve e os piquetes!
Todo apoio aos metroviários!
Abaixo a repressão aos grevistas e ã militarização do metrô!
Nenhuma punição aos grevistas e atendimento das reivindicações!
Todos ao piquete e ato na estação Ana Rosa segunda 9/6 ás 7hs da manhã!
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