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Fim ã ofensiva militar na Faixa de Gaza
por : Diego Dalai

17 Jul 2014 | Desde a madrugada de segunda-feira, 07/07 o Estado de Israel laçou uma ofensiva militar chamada “Barreira Protetora” sobre a Faixa de Gaza consistindo no bombardeio massivo deste território palestino densamente povoado e ameaçando com uma incursão terrestre.
Fim ã ofensiva militar na Faixa de Gaza

Desde a madrugada de segunda-feira, 07/07 o Estado de Israel laçou uma ofensiva militar chamada “Barreira Protetora” sobre a Faixa de Gaza consistindo no bombardeio massivo deste território palestino densamente povoado e ameaçando com uma incursão terrestre.

Em apenas dois dias lançou por terra, mar e ar mais de 400 toneladas explosivos, causando graves danos materiais, mais de 60 mortos em sua maioria civis (quantidade em constante aumento) e centenas de feridos. A ofensiva já é a mais importante desde 2012 e é provável uma incursão terrestre para o que foram mobilizados centenas de tanques e blindados e milhares de soldados na fronteira. O ministro de Defesa, Moshe Yaalon, advertiu que o operativo militar “não terminará em poucos dias”.

Novas desculpas para a ofensiva militar e a repressão

O governo sionista do primeiro-ministro Benjamín Netanyahu, do partido Likud (A Consolidação), que governa a coalizão com o ultra-direitista Israel Beitenu (Israel nossa casa) do chanceler Avigdor Lieberman, tenta justificar estes novos ataques sangrentos no lançamento de mísseis por parte do Hamas, o movimento islamista que governa a Faixa após haver-se imposto nas eleições de 2006. A ultra-direita sionista encabeçada por Lieberman vinha pressionando fortemente por uma ação militar e até anunciou a ruptura da coalizão eleitoral com o Likud, ainda que não rompa com o governo. A ofensiva também conta com o aval explícito do imperialismo norte-americano (e europeu) que reivindicou o “direito de Israel a defender-se”.

A escalada havia começado algumas semanas atrás com o sequestro de 3 jovens israelenses posteriormente encontrados mortos na Cisjordânia, crime que Israel atribuiu ao Hamas e que nem esta organização (nem nenhuma organização palestina) nunca reconheceu. Netanyahu pôs em marcha então uma série de bombardeios “seletivos” e incursões com comandos noturnos que irromperam em dezenas de lares palestinos “a procura de criminosos”. Esta operação (“Guardião de meu Irmão”) causou vários mortos e mais de 400 detidos, em sua maioria militantes do Hamas e seus familiares, o que provocou mobilizações e protestos em distintas cidades da Cisjordânia fortemente reprimidas pelo exército sionista.

Promovendo o ódio nacionalista

Deste modo, o governo fomentou o ódio antipalestino, o que provocou diversos atos de linchamento de setores israelenses direitistas sobre a população palestina e que terminou com o selvagem assassinato de um jovem palestino em Jerusalém, queimado vivo por jovens israelenses. Também circularam pelo mundo as imagens do brutal espancamento pela polícia israelense sobre um garoto palestino de 15 anos preso durante a repressão a uma marcha. Desta maneira o governo de Netanyahu é responsável direto de todos estes crimes e violações aos direitos humanos, assim como o principal promotor dos enfrentamentos entre a população palestina e israelense.

Os verdadeiros objetivos do ataque ao povo palestino

Esta nova ofensiva nada tem a ver com a farsa de “proteger a segurança de seus cidadãos”, razão pela qual afastou e impediu sistematicamente qualquer avanço no “plano de paz” inclusive mesmo estando desenhado a suas medidas e têm o aval norte-americano. O objetivo principal do governo israelense é romper o acordo de governo unificado da Cisjordânia e da Faixa, assinado em junho pelo Al Fatah e o Hamas, porque eventualmente poderia fortalecer a posição negociadora palestina (apesar de que a Autoridade Palestina vem submetida ã política de Israel e do imperialismo), e é parte da estratégia de Israel de seguir avançando na ocupação, por meio dos assentamentos de colonos judeus nos territórios ocupados em 1967 e impedir qualquer perspectiva de autodeterminação nacional palestina.

Ante a escalada da situação, Abbas, seguindo a linha da Rússia e dos Estados árabes que se pronunciam por um cessar fogo imediato e pediram uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, repudiou os ataques israelenses e aposta na “pressão internacional” sobre Israel para freá-los. Pelo contrário, o Hamas chama a combater, redobrou o lançamento de mísseis (que têm um mínimo efeito destrutivo), prometeu um “terremoto” se Israel invade a Faixa e até declarou a todos os israelenses como “brancos legítimos”.

É incerto até onde chegará a escalada militar e os efeitos que possa provocar em uma região tão instável como o Oriente Médio, e onde a grande maquinaria militar sionista sofreu importantes reveses como no Líbano em 2006. Mas o certo é que todos os oprimidos e explorados em qualquer lugar do mundo devemos nos solidarizar com a causa palestina e lutar pelo cessar imediato dos ataques israelenses na perspectiva de por fim ã ocupação dos territórios da Palestina histórica e ã opressão sobre os povos árabes por parte do Estado de Israel.

Chaves:

O Estado de Israel

É um estado artificial, montado pelo imperialismo com o aval da ONU em 1948 e baseado na limpeza étnica do povo palestino originário desses territórios. Utilizou a guerra, bombardeios e outras operações militares como método corrente para manter o domínio sobre os povos árabes. Legalizou a tortura e os assassinatos seletivos de dirigentes e militantes.

Por isso não pode haver uma solução de fundo sem desmantelar este Estado baseado na limpeza étnica e construir uma Palestina livre, independente e laica sobre o conjunto de seus territórios históricos, onde possam conviver em paz palestinos e israelenses, uma Palestina operária e socialista.

As Ofensivas militares e bloqueio sobre a Faixa de Gaza desde 2006

Junho-Novembro 2006: Operação Chuva de Verão (Junho). Foram detidas várias dezenas de altos dirigentes do Hamas. Operação Nuvens de Outono (Novembro). Durante estes meses morreram mais de 400 palestinos. Desculpa: sequestro do soldado israelense Gilad Shalit

Junho 2007: Hamas assumiu o governo na Faixa. Israel estabeleceu um férreo bloqueio comercial e financeiro por ar, mar e terra.

Fevereiro- Março 2008: Operação Inverno Quente. Fortes bombardeios causaram centenas de palestinos mortos. Desculpa: morte de um israelense atingido por um míssil do Hamas.

Dezembro 2008: Operação Chumbo Fundido. Após 20 dias de bombardeios o exército entrou na Faixa, sendo o maior operativo militar que causou 1400 palestinos e 13 israelenses mortos. Desculpa: lançamento de mísseis (de curto alcance e escassa eficácia) do Hamas.

Novembro 2012: Operação Pilar Defensivo. Israel bombardeou a Faixa durante 8 dias matando quase 200 palestinos. Desculpa: lançamento de mísseis do Hamas. Alguns superam os 40 km de alcance e chegam a Tel Aviv, ainda que sem maiores danos e sendo interceptados pelo sistema anti-mísseis Cúpula de Ferro.

Al Fatah: principal corrente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), cujo dirigente histórico era Yasser Arafat. Em finais dos anos 80 reconheceu ao Estado de Israel e passou a uma poítica de conciliação como parte de sua estratégia de criar um Estado palestino nos territórios ocupados desde 1967. Com a morte de Arafat em 2004 e a nova condução de Abbas, avançou a uma política aberta de colaboração e é a causa em última instância do crescimento na popularidade do Hamas.

Hamas: Organização palestina fundada em 1987. Sua estratégia é estabelecer um Estado islà¢mico no conjunto do território histórico da Palestina e se localiza numa posição mais radical que o Al Fatah, já que segue sem reconhecer a legitimidade do Estado de Israel, ainda que nos últimos anos deu sinais de querer moderar esta postura e mantém uma política de resistência armada ã ocupação.

 

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