Por Flávia, estudante de economia da Unicamp
Vemos a cada compra do mês que os alimentos estão consumindo cada vez mais a nossa renda. Todos os dias os jornais nos bombardeiam com notícias sobre a inflação destacando como é importante o aumento das taxas de juros (hoje em 11% as maiores do mundo) e no trabalho as chefias nos dizem que é hora de começarmos sacrifícios abrindo mão de nossa luta por aumentos reais nos salários, principalmente nas datas bases, como as que virão para o próximo semestre. Como os trabalhadores e o povo pobre devem encarar este fantasma que tanto nos assombra?
Primeiramente é importante definirmos a inflação no geral, como um fenômeno no qual o total da riqueza produzida numa economia é inferior ao total de moeda em circulação (desde a nota de 10 reais até o cartão de crédito). Porém, são várias as formas e ritmos do aumento geral de preços no capitalismo, variando por fatores políticos e econômicos.
O que é certo é que a inflação é uma febre que vai e volta dentro do sistema capitalista e só será resolvida com a superação desse sistema. É uma forma de garantir os lucros dos capitalistas e o fôlego desse modo de produção que só pode se manter sob a miséria e precarização da vida dos trabalhadores. É sinônimo de uma transferência da riqueza das mãos dos trabalhadores e do povo pobre, que são aqueles que mais sentem os efeitos do aumento contínuo dos preços, para os cofres dos capitalistas.
As formas que os governos e a patronal encontram para colocarem sob as costas dos trabalhadores o ônus dos “ajustes” para “combater” a inflação, que nada mais são que formas de sustentarem os seus lucros, são: arrocho dos salários, corte nos gastos dos governos com serviços sociais e aumentos nos preços e tarifas de serviços básicos para a população (luz, água, transportes, etc.).
Um programa de combate ao aumento do custo de vida e ã desvalorização dos salários passa por confiarmos em nossa organização e nossas próprias forças, sem qualquer ilusão em políticas supostamente “progressistas” dos setores “produtivos” da burguesia, como faz a Força Sindical, a CUT e outros pelegos. Por isso defendemos o reajuste automático dos salários conforme o aumento do custo de vida provocado pela inflação, que deve ser estendido a todos os benefícios, pensões, aposentadorias e auxílios sociais; junto ao aumento geral dos salários a partir da aplicação de um piso nacional com o salário mínimo do Dieese (hoje em R$ 2.979,25); o congelamento dos preços sob controle popular (sindicatos, donas de casa, comitês de bairro); controle operário dos índices de preços e abertura de contas das empresas para que todos vejam que os preços abusivos têm uma só origem: a sede de lucro dos capitalistas e não os “custos” com salários!
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