Não ã separação de Gaza e Cisjordânia! Abaixo a direção colaboracionista de Abbas, vendida ao Estado sionista de Israel e aos EUA! Fora o imperialismo do Iraque, Palestina, Líbano e todo o Oriente Médio! Pela unidade do movimento de libertação nacional palestino em luta contra o estado colonialista de Israel!
Os milicianos do Hamas capturaram no dia 13 de junho o último baluarte do presidente palestino Mahmud Abbas, sua residência e instalações situadas na costa mediterrânea de Gaza depois de negociar com seus guardiões. Com a conquista desta posição, os milicianos do Movimento de Resistência Islà¢mica (Hamas) tomaram o controle completo da faixa de Gaza, um território de 330 kilômetros quadrados e um milhão e meio de habitantes depois de cinco dias de sangrentos combates com os organismos de segurança e milicianos do Al Fatah.
Em uma contrastante demonstração das novas realidades postas, um combatente mascarado do Hamas se sentou no escritório do presidente da Autoridade Nacional Palestina, que também é conhecido como Abu Mazen, e declarou o fim da autoridade apoiada pelo Ocidente na faixa de Gaza. Numa conversa telefônica imaginária com os EUA um combatente do braço armado do movimento islamista, as brigadas Izz el-Deen- al-Qassam, brincava: “Olá Condolezza Rice. Não há mais Abu Mazen, agora você terá que lidar comigo”.
Por sua vez, Mahmud Abbas dissolveu o governo de unidade nacional, formado pelo movimento nacionalista Al Fatal e o islamista Hamas, e nomeou um gabinete de emergência encabeçado pelo economista Salam Fayad, um ex-funcionário do Banco Mundial com escassa representatividade entre as massas palestinas.
Mudança na relação de forças nos territórios palestinos
Os acontecimentos na faixa de Gaza apontam a uma mudança na relação de forças nos territórios palestinos. Depois da última provocação na qual as forças da guarda presidencial de Abbas[1] atacaram a casa do primeiro-ministro, Haniye e consciente da debilidade do Al Fatah, o Hamas tomou confiança para passar á ofensiva. Isso tem como objetivo pressionar o Al Fatal a ceder uma boa parte do controle sobre o aparato de segurança palestino, o que significa controlar ao mesmo tempo a arrecadação fiscal direta e indireta e a ajuda internacional que representa a principal fonte de recurso da Autoridade Nacional Palestina. Apesar de ter chegado ao poder após uma vitória contundente nas eleições legislativas de janeiro de 2006, o Hamas tem sido incapaz de avançar em seu objetivo final de substituir o Al Fatah como o principal ator palestino.
Isto se deveu principalmente ã oposição fechada da “comunidade internacional” que aplicou sanções duríssimas que agravaram a penúria da população, bloqueando a ajuda internacional, impedindo entre outras coisas que durante meses fossem pagos os salários dos trabalhadores estatais, o que se traduziu, diga-se de passagem, em vários movimentos grevísticos. Apesar de não compartilhar a mesma orientação estratégica para a região, o conjunto dos governos imperialistas, começando pelos EUA e as principais potências da UE, concordaram em construir um duro “cordão de isolamento” ao redor do Hamas para derrubar a direção palestina democraticamente eleita no conjunto dos territórios da ANP. Por outro lado, o controle do Al Fatah da presidência e, portanto das forças de segurança (nas quais o partido histórico de Arafat pretendia que se dissolvessem as organizações armadas vinculadas ao Hamas, o que Haniyeh rechaçou), que forçaram o Hamas a ceder ao ponto de ter que compartilhar o poder, apesar de ter uma maioria clara no parlamento conformando em março deste ano um governo de unidade nacional junto com o Al Fatah. Com suas últimas ações o Hamas trata de impor sua autoridade em Gaza, desde onde busca estender sua influência ã Cisjordânia. Fortalecido com o apoio da Síria e Irã, o Hamas deixou sua atitude defensiva com respeito ao Al Fatah. A falta de credibilidade da direção histórica do movimento nacional palestino, depois da bancarrota anunciada do processo de Oslo, do qual foi o principal artífice e que desembocou na situação atual, sua colaboração aberta com a CIA e o Mossad contra o Hamas, e o fato de que uma incursão na Faixa de Gaza por Israel para conter o Hamas seria percebida nos territórios e em todo o mundo árabe como um resgate do Estado sionista ao Al Fatah, alentaram ao partido de Haniyeh a avançar. Com isso em mente, o Hamas apostava que Abbas não terá alternativa senão negociar e ceder a suas demandas para evitar uma guerra civil de proporções. Também buscava mostrar que a continuidade do embargo contra seu governo eleito democraticamente só pode redundar em mais caos nos territórios e criar mais base para que as milícias e os bandos criminosos se estabeleçam. Crê-se, por exemplo, que o principal bando criminoso, Dugmush, já tenha se aliado com os militantes ligados ã Al Qaeda. Apostava (e aposta) a que seja vista como uma força política forte pelos estados imperialistas para forçar a estes a negociar com ela se quer evitar uma conflagração maior. Basta pensar em alguns exemplos para ver como o Hamas pretende se localizar como interlocutor sério frente ás potências imperialistas: anunciou a poucas horas de controlar toda a Faixa de Gaza sua vontade de libertar o jornalista da BBC seqüestrado aí. Dias atrás, se distanciou das milícias do Fatah-al-Islam, um grupo de caráter duvidoso concentrado no campo de refugiados de Nahr el-Bared, o que em última instância significa se somar ã União sagrada detrás do governo de Siniora, como já o fez a direção da OLP no Líbano[2]. Entretanto, as primeiras e rápidas respostas de Abbas, dos EUA, da UE, e do estado de Israel não têm sido por ora as que o Hamas esperava.
O Hamas havia aceitado muitas concessões a Israel, mas foi encurralado pela política dos EUA e do estado sionista que incitaram a guerra civil
A Autoridade Nacional Palestina (ANP), o governo e a Assembléia Nacional Palestina (parlamento) são criações e se baseiam nos Acordos de Oslo, que não só reconhece o Estado de Israel, como fortalece o controle do mesmo sobre a Cisjordânia e Gaza. Esta fachada de organismos governamentais não exercem a menor soberania, não possuem um Exército, não têm controle de suas fronteiras, não têm orçamento independente, etc. O giro do Hamas de movimento de resistência contra a ocupação israelense[3] a participar nos resultados materiais do Acordo de Oslo, ainda que ao princípio se resistia ao reconhecimento formal do Estado de Israel, assinala um salto na acomodação deste movimento e o paulatino abandono de sua estratégia inicial.
Esta acomodação, após seu triunfo eleitoral em Janeiro de 2006, foi se aprofundando frente ã enorme pressão internacional. Como reconhece o semanário britânico The Economist, o Hamas havia começado a aceitar ainda que de forma reticente as três grandes condições que a ONU, a UE e os EUA lhe haviam exigido para por fim ao devastador boicote econômico e diplomático: “Ademais, começou a avançar, mas como um caranguejo, de forma exasperante, para estas condições. Na questão de por fim á violência (a primeira das três grandes), havia apoiado em geral uma trégua unilateral, que rompeu imprudentemente no início deste ano por que, segundo dizem, Israel estava assassinando demasiados palestinos; e tem freado seu vil costume dos ataques suicidas. Em uma reunião de fevereiro em Meca, organizada pela Arábia Saudita, como parte do acordo para se unir ao governo de unidade nacional palestino com o Fatah, o Hamas disse que ‘honraria’ os acordos prévios feitos pela OLP (a segunda grande demanda), que em troca implicou ao menos um reconhecimento de fato de Israel (a terceira, e quiçá mais importante das exigências)”[4].
Efetivamente, nos acordos de Meca patrocinados pela Arábia Saudita, que deu lugar ã conformação do governo de unidade nacional que agora caiu, o Hamas não falava mais da libertação do conjunto da Palestina, senão somente de um estado palestino nas fronteiras de 1967. Mas, apesar deste giro acomodatício ás pressões da “comunidade internacional” e do Estado sionista, a conformação deste governo foi boicotada abertamente pelo estado de Israel que se negou a reconhecê-lo e retirar as sanções, apoiado pela política norte-americana e pela direita conservadora norte-americana pró-sionista.
Impedidos pelo fracasso militar no Iraque e posteriormente do Exército sionista no Líbano de impor uma relação de forças a seu favor, tanto os EUA como Israel tem tratado de impedir que outros atores regionais tirem vantagens, lançando a tradicional política colonialista de divide e reinarás, ás vezes com resultados contrários aos desejados[5], como o atual avanço militar do Hamas em Gaza, ou o fracasso que significa para a administração norte-americana a situação de atual descontrole no Iraque. Sobretudo, tem feito de tudo para evitar que ambas as derrotas fossem aproveitadas pelo movimento de massas da região.
Concedeu por um lado ã UE o controle da operação de ocupação do Líbano em respaldo ao governo de Siniora e para conter por bem, ou por mal, o Hezbollah. No Iraque, por sua vez, sua política se baseia no desgaste das forças do movimento de massas, alentando o círculo vicioso dos enfrentamentos étnicos para limitar o impacto da justa resistência iraquiana contra a força de ocupação anglo norte-americanas que tomam como alvo principal os ocupantes e seus aliados locais do governo títere e das forças de segurança. No caso de Gaza e da Cisjordânia tem buscado a divisão do movimento nacional palestino.
Que esta política macabra tenha sido a opção levada adiante pelos EUA e Israel no caso da Palestina é algo que saiu ã tona de forma clara com as sensacionais declarações do recém afastado coordenador para o Oriente Médio da ONU, Álvaro de Soto, em declarações que foram publicadas pelo jornal britânico The Guardian[6] enquanto se davam os enfrentamentos na Faixa de Gaza. Sobre estas declarações, o editorial do jornal francês Le Monde de 14/6 afirma: “Amargo, desanimado, Álvaro de Soto, faz um balanço duríssimo do conflito israelo-árabe em um informe que tinha que ficar secreto, redigido após dois anos de missão como enviado especial da ONU para o Oriente Médio. Faz ao mesmo tempo um balanço impiedoso do fracasso diplomático do qual são responsáveis tanto os EUA, como a Europa e a ONU, destacando que este só levava a um beco sem saída. Uma política que advogava em favor, ou dizendo melhor, alentava as violências inter-palestinas que desembocam nos dias de hoje na violenta ofensiva dos islamistas do Hamas para tomar o controle da Faixa de Gaza.
O que Álvaro de Soto coloca sem rodeios? O caos e a violência atuais são não só vinculados ao domínio total do Fatah, corrupto, como também da cegueira da qual o Ocidente sofreu depois do triunfo eleitoral do Hamas. Acusa os EUA, mais que nunca alinhados detrás de Israel, por ter se oposto resolutamente ás “ambigüidades construtivas”, as únicas capazes de converter os islamitas ao realismo político, e por ter “alentado o confronto entre o Hamas e o Fatah”. No informe o funcionário da ONU faz eco das palavras de um importante diplomático norte-americano que colocava ante os enfrentamentos fratricidas ‘eu gosto daquela violência’, convencido de que tinham levado o Hamas ã derrota. A obstinação norte-americana levou ao fracasso do governo nacional palestino e arruinou a mediação saudita que propunha uma agenda global de paz baseada numa normalização completa das relações entre os países árabes e Israel em troca da criação de um Estado palestino em função das fronteiras de 1967. Álvaro de Soto coloca que a perspectiva da criação de um Estado palestino é cada vez mais difícil, inclusive ‘impossível’, e denuncia ao mesmo tempo a situação em Gaza se transformou em uma ‘prisão ao ar livre’. O funcionário da ONU se alça contra a ‘política dos fatos consumados’, e o fato da ONU ter tratado Israel ‘com extrema consideração, e inclusive ternura’. ‘Não creio, prossegue Soto no informe, que a ONU esteja fazendo um favor a Israel ao não falar francamente de seus erros no processo de paz”[7].
A política norte-americana e sionista: continuar o isolamento
Tel Aviv, junto com Washington e a UE, têm redobrado sem perder tempo suas ações contra o Hamas[8]. Os EUA e a UE levantaram o embargo que impedia a ajuda ã ANP, numa rápida e clara mostra de apoio ao golpeado presidente Abbas. Este último dissolveu anticonstitucionalmente o governo de Haniyeh, não vacilou em decretar oficialmente o estado de emergência nos territórios que ainda estão sob seu controle, tanto como a ilegalidade imposta ás brigadas Izz-al-Deen al-Qassam. Também dissolveu o Conselho de Segurança Nacional dirigido por Mohammed Dahlan (uma figura de Al Fatah que é odiada pelo Hamas), deixando aberta uma pequena porta de poderia tornar mais factível uma eventual negociação entre ambas frações, conscientes de que a separação da ANP em duas entidades territoriais evita para Israel toda negociação séria sobre um Estado Palestino, debilitando-se desta maneira mutuamente. Não por causalidade, Israel que poderia liberar até 400 milhões de dólares retidos em impostos, exige a Abbas tomar a “decisão estratégica” de cortar completamente todos os laços com o Hamas. Dessa maneira, Israel com o aval dos imperialismos norte-americano e europeu, busca criar um governo palestino totalmente dócil a seus ditames, enquanto isola internacionalmente o Hamas e força seu colapso econômico. Já os EUA pediram ao Egito que reforce o controle da fronteira para impedir a passagem de contrabando de todo tipo, em especial de armas.
Uma das principias limitações desta orientação radica no fato de que Israel, desde a desde a derrota aberta de Tsahal no Líbano, atravessa uma importante crise. Esta derrota em agosto do ano passado trouxe à luz uma crise multifacetária que tem raízes na situação econômica, política e geopolítica relativamente delicada do país. O governo de unidade nacional de Olmert está fortemente questionado pela direita, em particular pela sua atuação no Líbano. A direita falando de anarquia na Faixa de Gaza alenta um banho de sangue. Partidos como o Likud and Yisrael Beiteinu tem se pronunciado por uma invasão israelense na Faixa de Gaza para derrotar o Hamas. Esta situação está agravada pela renúncia em meio a escândalos do presidente Katzav, substituído por um dos artífices de Oslo, Shimon Perez, trânsfuga do partido trabalhista e partidário de uma solução mais dialogada ao problema palestino que os falcões mais radicais do Likud.
Isto não impediu as forças de defesa israelenses de se posicionar ao redor da Faixa de Gaza a partir do dia 17 de junho para cercar o conjunto do território hoje em dia totalmente controlado pelo Hamas, decretando ao mesmo tempo o bloqueio total dos combustíveis destinados a Gaza[9].
Os reacionários governos da região que integram a Liga Árabe se apressaram em sair em apoio ao governo “legítimo” de Abbas. Uma vez mais os Estados árabes demonstram seu verdadeiro rosto e revelam ser os melhores aliados do imperialismo ianque e do Estado sionista, para além das tensões pontuais que possam ter com eles, como no caso da Arábia Saudita que era o promotor do recém acabado governo de unidade nacional.
Em síntese, a emergente estratégia norte-americana seria isolar a Gaza dirigida pelo Hamas enquanto tenta apontar Abbas como líder moderado que pode governar e obter a paz com Israel, ainda que tenha que reconhecer que a política norte-americana depois deste novo fracasso[10] na região não está em condições de impor muitas coisas a Israel. Haverá que ver como seus planos contra as aspirações de libertação nacional do povo palestino se concretizam mais ainda no encontro em Washington entre o primeiro ministro israelense, Olmert e o presidente norte-americano, George W. Bush, cujo eixo serão os acontecimentos na Palestina.
Abaixo os planos reacionários de Israel abençoados pelos EUA e pela UE!
Israel desta maneira busca se aproximar cada vez mais do seu objetivo de isolar as milícias em Gaza e construir uma enorme barreira de três blocos desconectados na Cisjordânia, anexando todas as melhores terras e deixando os palestinos com estes “Bantustans”. Esta ficção de estado será uma série de povoados super-povoados e não conectados entre si, com a maioria da terra de má qualidade, sem acesso ã maioria dos recursos hídricos, atravessado pelas rotas militares israelenses e com colônias militarizadas. Esta ficção de estado será suscetível de constantes intervenções militares pela forças de defesa israelenses, além de ser economicamente inviável e dependente da ajuda internacional para sua subsistência.
Frente a este plano dizemos:
Não ã separação de Gaza e Cisjordânia!
Abaixo a direção colaboracionista de Abbas, vendida ao Estado sionista, aos EUA e ã UE, que com sua política colabora ativamente para debilitar e dividir a luta das massas palestinas!
Pela unidade do movimento de libertação nacional palestino em luta contra o estado colonialista e racista de Israel!
A política do Hamas, apesar de sua resistência armada a Israel, leva a luta de libertação nacional palestina a um beco sem saída ao lutar por um estado teocrático que impede ganhar a uma grande parte das massas palestinas, especialmente os elementos seculares, cristãos e islamitas não fundamentalistas. Por sua vez, defende a colaboração de classe e a negociação com a burguesia local e os Estados árabes reacionários da região, desde os atuais opositores a Washington, como Síria ou Irã, ou os mais pró norte-americanos como Arábia Saudita e Egito em vez de confiar na mobilização independente da classe operária árabe, a única que com sua ação pode derrotar o Estado sionista. Frente a este falso caminho, os marxistas revolucionários estamos pela única solução de fundo: a destruição do Estado sionista reacionário de Israel e sustentamos um Estado palestino laico, democrático e não racista, só possível com a Palestina operária e socialista, onde possam conviver em paz árabes e judeus, em todo o território da Palestina histórica (que inclui tanto o que Israel atualmente ocupa, como Gaza e Cisjordânia), na perspectiva de uma Federação de Repúblicas Socialistas do Oriente Médio.
Não ao envio de uma “força de paz internacional” a Gaza, como tem defendido a Itália que já enviou um importante contingente ao Líbano sob o governo de Prodi! Fora o imperialismo do Iraque, Palestina, Líbano e todo o Oriente Médio! A classe operária e a juventude em particular nos países imperialistas, começando pelos setores de vanguarda que se manifestaram ultimamente contra o ida de Bush ã Europa e ã reunião do G8 de Rostock teriam que tomar em suas mãos, mediante suas próprias ferramentas de classe estas reivindicações, localizando-se decididamente ao lado do povo palestino e das massas resistentes da região contra o imperialismo norte-americano, as potências da UE e Tel-Aviv!
Fração Trotskista - Quarta Internacional
Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional
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– Notas
[1] Estas forças são treinadas e equipadas com um aporte norte-americano de 59 milhões de dólares. Também recebem armas dos países árabes vizinhos, despacho permitido ao menos por uma vez por Israel.
[2] As direções da OLP no Líbano foram as primeiras a se distanciar, e condenar o acionar do Fatah el Islam e brindar seu apoio ás forças armadas libanesas que estão bombardeando há mais de duas semanas o campo de refugiados situado no norte do país sem lograr derrubar a resistência deste grupo e, sobretudo causando um enorme dano ã população dos acampamentos.
[3] Hamas não reconhecia a ocupação do conjunto dos territórios palestinos ocupados desde 1948 quando se criou o Estado de Israel e não só os territórios ocupados pelo exército sionista na guerra de 1967 como é a posição do Al Fatah.
[4] “Palestine and Israel.As bleak as it gets .A civil war among Palestinians is bad for the Israelis too”, The Economist, 14 de junho 2007
[5] Nos EUA muitos conservadores pró-sionistas como Elliott Abrams do NSC ou David Wurmser na OVP querem liquidar todo traço do processo de Oslo e da solução utópica e reacionária de “dois estados” e impor uma confederação palestina com a Jordânia. Numa recente entrevista com Financial Times, o líder do partido direitista israelense Likud, Benjamin Netanyahu, sugeriu um cenário pós Oslo similar: “Algum tipo de esforço federado ou confederado entre a Jordânia e os palestinos poderia introduzir esta função de segurança e paz”. FT Interview: Benjamin Netanyahu”, Financial Times 23/5/2007.
[6] “End of Mission Report”, The Guardian 13/6/2007.
[7] « Un échec cinglant », Editorial de Le Monde, 14/6/2007. Em outras passagens não citadas por este editorial se diz que as demandas do Quarteto - os EUA, a ONU, UE e a Rússia - de que o Hamas se comprometa ã não-violência, reconheçam a Israel e aceite os acordos prévios “transformou efetivamente o Quarteto de um grupo de quatro, promotor de negociação, guiado por um documento comum (o mapa do caminho para a paz)”...” em um corpo que fazia de tudo menos impor sanções a um governo livremente eleito por um povo baixo ocupação, assim como estabelecer pré-condições inalcançáveis para o diálogo”. Toda a crítica a Israel foi abandonada. De Soto escreve que se requeria uma “lupa do estilo Sherlock (Holmes)” para encontrar referências ás faltas israelenses em cumprir com suas obrigações. “Com todo o eixo posto sobre as falhas do Hamas”, prossegue “a empresa israelense de assentamentos e a construção de uma barreira tem se mantido...”
[8] Contra outros setores do establishment e de outros atores regionais ou órgãos imperialistas prestigiosos como o semanário The Economist, que aconselhavam redobrar os esforços para moderar em vez de isolar o Hamas: “Hamas, todavia, não pode avançar. Mas vem mudando suas posições intransigentes do passado. Se é verdade que é demasiado grande para ser ignorada ou destruída, e esteve se aproximando do caminho correto, seguramente será necessário redobrar os esforços para atrai-lo mais para o tortuoso caminho do pragmatismo e da negociação. Isso significa que, ante tudo, deve ser julgada pelos fatos e não pelas palavras. Certamente não se pode esperar compreensão se continua disparando foguetes contra civis em Israel - ou deixemos que outros partidos em Gaza façam o mesmo. Mas se ao menos Hamas impõe um novo cessar-fogo e mostra que pode comprometer em outros assuntos (como liberar o soldado israelense capturado e emendar seu anti-semitismo), o boicote deve ser aliviado. Tem significado um preço terrível para os palestinos comuns e encorajado o Al Fatah a tentar derruba-lo violentamente”. Mas consciente da impossibilidade deste caminho no imediato e no marco da volátil situação regional recomenda abrir uma negociação direta com a Síria que reavivem as perspectivas de paz nesta convulsionada região: “Agora mesmo, os israelenses podem dizer sem contradições que não têm sócio palestino. Os israelenses não são tampouco um sócio muito negociador. Não é certo que o Partido Trabalhista permaneça na coalizão governante durante muito tempo, depois de eleger esta semana um novo líder, Ehud Barak, que como primeiro-ministro quase obteve um acordo de paz com Arafat em Camp David em 2000. Enquanto os palestinos lutam diretamente com a Síria para acordar a devolução dos Altos do Golà, conquistados em 1967. Isso fortaleceria as perspectivas de paz em toda a região, incluindo os territórios palestinos”.
[9] « Israel tem que reforçar o isolamento da Faixa de Gaza e não deixar passar nada mais que eletricidade e água » disse no dia 17 de junho o ministro israelense das infra-estruturas, o falcão Binyamin Ben Eliezer (« Israël gèle la fourniture de carburants ã Gaza. Le gouvernement palestinien d’urgence entre en fonctions ã Ramallah. », L’Orient-Le Jour, 19/06/07).
[10] Foi Bush que alentou a realização de eleições nos territórios ocupados que foram ganhos pelo Hamas, questão que foi considerada um erro por Sharon e posteriormente armou o Al Fatah, apesar de que esta tenha se demonstrado uma força totalmente desmoralizada para o combate.
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