Por: Gabriel, Eduardo, Edison e Thais, delegados sindicais e cipeiros das agências Butanta, Sete de Abril e Sé
Mais uma vez a greve dos bancários foi traída descaradamente. Não se trata de um evento isolado, não se trata do período de greve em si. Ano após ano a história vêm se repetindo, mas não sem acumular contradições. A CUT não cumpre papel algum de organização dos trabalhadores durante o período de nossa campanha salarial, e muito menos ao longo do ano, ao contrário fazem todo o possível para abortar qualquer luta que ameace o seu controle.
No início de nossa campanha salarial esse ano muitos bancários já diziam: “esse ano a traição será mais descarada do que de costume, o sindicato esta se importando mesmo é com a eleição da Dilma”. Não estavam errados de forma alguma na leitura da situação, esse fator certamente foi determinante para que o sindicato fizesse essa palhaçada com os trabalhadores e enterrasse a greve por uma migalha, num momento onde a mobilização ainda estava longe de atingir seu cume, e assim fizesse dessa a mais rápida greve da última década.
Mas o que leva a CUT a trair sistematicamente a luta dos trabalhadores é mais profundo que uma eleição. A grande questão é que o PT e seu aparato sindical, fizeram uma escolha desde seu início. Escolheram o lado do patrão nessa balança dos inconciliáveis interesses entre esses que nada produzem e vivem de parasitar o outro lado, os trabalhadores que tudo produzem nesse mundo e a cada dia são explorados de forma mais feroz.
Nada mais claro para expressar o lado que a CUT escolheu do que a prática de acordar com a patronal a convocação dos gerentes em massa para descaradamente entrar em nossa casa, nosso sindicato, o que deveria ser o nosso local de organização, para votar e encerrar a greve. Chamam os assediadores a cumprir o seu papel, o de assediar e coagir em nome do patrão. Esse é o papel que cumpre a CUT.
Essa capacidade de trair e enterrar a luta legítima dos trabalhadores pode parecer uma fortaleza da CUT em sua lógica de controle da classe, mas na verdade não passa de sua maior fraqueza. Ano após ano cresce a desconfiança no sindicato, e no campo político com o PT, seu desgaste aumenta, perdem influência. Não são mais referência nem aos trabalhadores mais inocentes, não há ilusões entre nós, são burocratas encastelados no aparato sindical a 10, 20, 30 anos, parasitando os trabalhadores. Mas também não são referências para os gerentes, esses têm como referência o patrão. O sindicato não tem trabalhadores ao seu lado, e por isso precisa centrar toda sua atuação em impedir com manobras, e se necessário a força, qualquer luta real, atuando sempre de forma a desmobilizar a categoria.
As grandes manifestações de Junho 2013 deram o primeiro alerta a esses canalhas. Após isso os trabalhadores a cada dia entram mais em cena. O recorde de abstenções e votos nulos no processo eleitoral são apenas uma expressão difusa do que se relembrou a partir daquele momento, que apenas a luta muda a vida. O que fica cada vez mais claro para os trabalhadores é que o PT não é uma alternativa.
A cada luta traída a CUT e o PT desarmam politica e ideologicamente os trabalhadores, derrubam-lhes a gana de ser sujeito da própria vida. E dessa forma abrem cada vez mais espaço para os patrões na correlação de forças entre as classes. Os traídores não podem nos servir de exemplo. Nosso exemplo esta na greve dos garis, que contra o patrão, o governo e seu próprio sindicato traidor realizaram uma incrível luta, fundamentada na auto-organização e na solidariedade. Nosso exemplo esta na greve de mais de 100 dias da USP, onde os trabalhadores com a ajuda de um sindicato combativo, dobraram o governo Alckmin-PSDB e deram um verdadeiro exemplo de uma greve que luta pelos direitos de toda nossa classe, buscando além de seus próprios direitos, educação e saúde de qualidade para a população.
Como em outros anos alguns saíram dessa greve falando “eu já sabia, esse sindicato é uma palhaçada”. Mas muitos foram os que saíram dizendo que “precisamos arrancar esses vendidos traídores do nosso sindicato”. Não temos dúvida que esse sentimento crescerá dia após dia, não apenas entre os bancários, mas em toda nossa classe. Arrancaremos nossos sindicatos das mãos desses burocratas em cada luta que tomemos em nossas mãos.
Buscamos ser parte disso não apenas na categoria bancária, mas em cada uma das categorias em que o Movimento Nossa Classe esta inserido. Em bancários buscamos agrupar um setor de vanguarda, principalmente nas regiões do Centro e Osasco da Caixa Econômica Federal, e através de frentes com outros setores como o "Avante Bancários” que impulsionamos e o MNOB (PSTU/Conlutas) - que buscamos trazer para uma postura mais classista e combativa - temos retomado os métodos de luta da classe operária com piquetes de verdade, onde esta colocado se quem manda são os patrões parasitas, ou os trabalhadores que fazem o serviço, alimentando em cada um de nós e dos que estão conosco nosso papel de sujeito na realidade.
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