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Chávez e os meios de comunicação
por : Milton D’León

13 Jul 2007 | Polêmica: com respeito ao caso RCTV

Publicamos a continuação uma carta que nos fez chegar um companheiro ã redação de La Verdad Obrera e a resposta de Milton D’León, da Juventude de Esquerda Revolucionária (JIR), sobre a não renovação da licença ã RCTV e a política que os revolucionários devemos levantar.


Correio de Leitores

A verdade é que não entendo vocês em seu artigo sobre a RCTV. Vocês têm que tomar uma posição porque senão confundem. Primeira opção: apoiar a medida do governo, e assinalar todas as limitações que têm, ou não apoiá-la neste caso devem chamar a restituição do canal aos antigos donos.Qual é a posição de vocês? O que dizem aos trabalhadores, rechacemos a intervenção do governo burguês na RCTV e tomemos nós mesmo sob o nosso controle? Com qual política foram vocês na concentração que Chávez chamou para reafirmar sua determinação (se é que foram)? Eu estou de acordo com vocês sobre muitas das considerações que fazem acerca do conteúdo de classe do governo Chávez, na concepção de Trotsky acerca da liberdade de expressão, mas ao não aplicar todas estas caracterizações ã situação revolucionária venezuelana e as ilusões que os trabalhadores venezuelanos têm em seu condutor, vocês terminam em não ter uma política que oriente esses mesmos trabalhadores sobre o que têm que fazer com a medida tomada contra a RCTV. A apóio ou não a apóio?

Max


Chávez e os meios de comunicação

Em sua pergunta, o companheiro somente coloca duas possíveis alternativas: apoiar a medida do governo ou reivindicar que o canal continue nas mãos dos antigos donos, cabeças conotados, da reação interna como todos os outros donos dos grandes meios que continuam em mãos privadas. Sob a afirmação de que “terminam em não ter uma política que oriente a esses mesmos trabalhadores sobre o que tem que fazer com a medida tomada contra a RCTV", na verdade há um pensamento político de apoiar a medida de Chávez, pois ninguém de esquerda responderia que “retorne a seus antigos donos”. A suposta "encerrona" não é mais que uma pergunta mal colocada desde uma política revolucionária ao não ver nenhuma perspectiva de saída operária, ainda que correta desde uma lógica de campos: Chávez ou a reação. No caso concreto, o companheiro não vê a possibilidade de uma política operária independente frente aos meios reacionários e crê que “leva a confundir os trabalhadores".

Em nossa declaração de 31/05 dissemos claramente: "Afirmamos que todos estes meios nas mãos dos grandes empresários são uma grande ameaça contra os trabalhadores e do povo... acreditamos firmemente que é essencial iniciar uma incansável luta contra os meios e a imprensa reacionária. Mas acreditamos que o modo mais efetivo de combater aos meios e a imprensa que hoje a burguesia segue detentando para manter seu domínio e sistema de exploração, é os tomar em nossas próprias mãos, criando e extendendo os próprios meios e a imprensa da classe operária e do povo pobre ã serviço de seus reais interesses. Não pensamos, sob nenhum ponto de vista que, como resultado de medidas de proibição dos meios e da imprensa reacionária a partir deste Estado, os trabalhadores, camponeses e o povo pobre se livrarão da influência das idéias reacionárias e do pensamento dominante da classe capitalista".

Defendemos, como a história demonstrou, que qualquer restrição da democracia na sociedade burguesa, como a atual na Venezuela, quem acaba suportando as últimas conseqüências destas medidas são os próprios trabalhadores e o povo. Por isso afirmamos que os trabalhadores são os que devem livrar por seus próprios meios e organizações a total e completa liberdade de imprensa e não mediante o ppunho do aparato governamental como substituição desta luta. Longe de ir atrás de medidas bonapartistas, ainda que seja contra um meio reacionário, a classe operária deve confiar somente em seus métodos de luta e forjar seus espaçoes e instrumentos midiáticos conquistados por sua própria luta e métodos de ação direta. Isto não significa tomar uma posição categórica? A medida de Chávez é uma medida bonapartista do estado burguês, e isto não se pode perder de vista. Se adota para fortalecer o poder do estado burguês sobre a opinião pública para convencer mais ainda de seu projeto de conciliação de classes e regimentação domovimento operário, como o demonstra seu projeto de cercear a autonomia sindical e construir um PSUV de mãos com empresários. Não, não apoiamos esta medida do estado burguês, por mais adornada de esquerda que esteja agora de que é contra a imprensa reacionária (falsidade demostrada ao pactuar hoje com o principal golpista dos meios, Gustavo Cisneros), pois terminará caindo sobre os trabalhadores. Contrariamente a pensar que isto implicaria que o canal se mantenha com seus antigos donos -como única alternativa que resta para o companheiro Max-, dissemos categoricamente que somente onde os meios de produção em geral e os de produção de informação em particular estejam nas mãos dos trabalhadores, teremos uma real liberdade de expressão de todas as correntes da opinião pública em geral, em plena condição de igualdades para garantir realmente esta liberdade.

Por isso afirmamos que uma verdadeira luta a levantar, como política operária independente, é se preparar para tomar os meios em nossas mãos que hoje a burguesia continua possuindo, tal como o fizeram recentemente os trabalhadores e o povo de Oaxaca quando se apoderaram dos meios reacionários e os colocaram ã serviço da luta.

Milton D’León

 

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