Como acerca de um ano, o povo da capital de Oaxaca encabeçado pela Seção 22 do SNTE (sindicato de professores) e a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), tomou as ruas para realizar sua Guelaguetza [1] popular. Com uma marcha de mais de um quilômetro, a APPO começou a festa alternativa que até quase um ano era patrimônio dos grandes empresários, hoteleiros e magnatas do turismo [2]. Com danças tradicionais, desfiles, carros alegóricos, fogos de artifício, o povo o oaxaqueño, mais uma vez tomou uma das principais ruas do centro histórico. Nesse mesmo 16 de julho, dia da mega marcha - a maior depois da repressão do ano passado - um contingente de pelo menos 10.000 professores, trabalhadores e jovens, caminharam até o Hotel Fortín, onde o governo do tirano Ulisses Ruíz realizaria sua Guelaguetza, para tomar o auditório. Os policiais atacaram o contingente de manifestantes com gás lacrimogêneo, pedras, paus e cacetetes, encontrando a resistência dos jovens e professores que combateram durante quatro horas. Utilizaram, como há um ano, barricadas para se defender, desde onde os gases lacrimogêneo voltava ã polícia. Em um momento os professores e os jovens tinham o controle da situação e fizeram os corpos repressivos retrocederem, entretanto, finalmente a policia conseguiu dispersar os manifestantes, com um saldo de 50 feridos, mais de quarenta detidos e até agora dois desaparecidos.
O que começa a ser conhecido como “a batalha do Fortín” e a mega marcha, são expressão contundente de que o movimento popular de Oaxaca, apesar do duro golpe que recebeu no ano passado, longe de desaparecer, está se recompondo. A APPO demonstrou que ainda tem grande influência sobre setores de massas da capital oaxaquenha. E é que o processo do ano passado pôde ser interrompido pela repressão e a política das direções, mas não fechá-lo; as demandas e reivindicações que motorizaram o surgimento da heróica Comuna de Oaxaca seguem vivas: a renúncia do odiado repressor Ulisses Ruíz e o acabar com as condições de pobreza, exploração e marginalização a qual padece o povo e os trabalhadores. O governo de Ulisses Ruíz se manteve, por uma parte, graças ao cacetete. Dezenas de presos políticos seguem nas prisões do tirano e o sumiço forçado se tornou algo a ser usado normalmente, como é o recente desaparecimento de dois militantes do grupo armado EPR. Por outro lado, graças ã política conciliadora de setores da direção do movimento. Este processo de recomposição mostra que a radicalidade das massas oaxaquenhas coloca em jogo no ano passado transformou sua subjetividade e combatividade. Estamos diante de um processo aberto e “a batalha do Fortín” pode ser um novo marco que reanime a luta do povo oaxaquenho e cause impacto sobre os trabalhadores que se movilizaram nos últimos meses contra a Lei do ISSSTE.
Desde a LTS-CC, estamos com o magistério oaxaquenho e a APPO em sua luta pela aparição com vida dos desaparecidos, a liberdade aos presos políticos, punição aos culpados pela repressão e o assassinato de dezenas de lutadores e pela saída do aparato repressivo, em particular do exército do estado.
Abaixo Ulisses Ruíz!
Viva a luta da APPO e o povo de Oaxaca!
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