Os chefes de Estado da Alemanha (Angela Merkel), Reino Unido (David Cameron), Estado Espanhol (Mariano Rajoy) e Itália (Matteo Renzi) confirmaram sua participação neste domingo na manifestação convocada pelo governo de Hollande com todos os partidos do regime francês após o atentado contra o semanário satírico “Charlie Hebdo”. Os Estados Unidos enviarão um representante. Algumas horas antes será realizada uma cúpula “contra o terrorismo” com ministros europeus e representantes norteamericanos.
“Será um importante sinal da amizade franco-alemã que nos une”, afirmou a Chanceler alemã Angela Merkel, e agregou que confirmou pessoalmente sua presença ao presidente francês, François Hollande.
“A Europa inteira” está “ao lado da França”, continuou Merkel e reiterou sua condenação ao “atentado bárbaro” contra Charlie Hebdo. A chanceler alemã conclamou a “levantar a voz quando se atacam os valores da democracia”.
Pouco depois se somou ao prêmier britânico David Cameron, que em sua conta do Twitter garantiu que aceitou o convite de Hollande para participar da macha unitária.
Também o presidente espanhol. Mariano Rajoy, se somou ã convocação. “Estarei em Paris nesse domingo apoiando o povo francês. A Espanha está com a França contra o terrorismo e pela liberdade”, disse também em sua conta do Twitter.
Matteo Renzi, primeiro ministro italiano, também confirmou sua presença em um tweet, escrito em uma curiosa combinação de francês e italiano.
“No domingo estarei com Hollande em Paris. Não permitiremos que o medo mude a Europa.”
A líder da ultradireitista e xonófoba Frente Nacional, Marine Le Pen, se queixou de não ter sido convidada a participar da manifestação. Após sua visita ontem ao palácio de Elísio (sede da presidência francesa), expressou com indignação: “Não obtive do presidente da República a confirmação clara da suspensão da proibição ao nosso movimento, seus representantes eleitos, que milhões de franceses esperavam ver nos cortejos,” disse indignada. E acusou o Partido Socialista e a UDI (uma formação de centro direita com perfil social que foi parte da presidência de Sarkozy) de haver rompido a unidade nacional (a UMP se declarou a favor de não proibir ninguém de participar). Para além desse desencontro, é uma novidade que a FN seja convidada ao palácio de Elísio por um presidente de “esquerda”.
O ex-presidente Nicolas Sarkozy e líder da conservador União por um Movimento Popular (UMP) respondeu ao chamado de Hollande e se somou ao clima de “unidade nacional”. “Foi declarada guerra ã França, a suas instituições, ã República, pelos bárbaros que negam a própria ideia de civilização e os valores universais da humanidade”, sustentou em um comunicado. “Esta situação trágica chama cada um de nós a respeitar a unidade nacional que devemos ás vítimas”, acrescentou.
A manifestação do próximo domingo, com a presença de todos estes chefes de Estado, incluindo o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, será um fato inédito e terá uma enorme repercussão mundial. Uma política para mostrar uma grande “frente ocidental pela democracia” e “contra o terrorismo”.
Após o brutal atentado da última quarta-feira, os líderes da Europa imperialista, desde os social liberais e conservadores até os representantes da direita xenófoba, como Marine Le Pen, junto com os representantes do imperialismo guerreirista norteamericano, querem se mostrar como os defensores da “liberdade” e da “democracia”.
Mas os que falam em nome da “democracia” são os verdadeiros terroristas de Estado na África e no Oriente Médio, os aliados do Estado genocida de Israel. Os que reforçam a doutrina de “Guerra contra o Terrorismo” idealizada por Bush contra os povos do mundo e demonizam milhões de muçulmanos que vivem na miséria nos subúrbios da Europa.
E também são os que proíbem manifestações de solidariedade ã Palestina ou por Rémi Fraisse, como Hollande; os que na Itália, como Renzi, impulsionam reformas trabalhistas anti-operárias e perseguem os imigrantes; os que criminalizam os protestos impondo a “Lei Mordaça” no Estado Espanhol, os que, como Angela Merkel, perseguem os refugiados na Alemanha. E todos eles, que vêm aplicando os planos de austeridade e cortes contra os trabalhadores em toda a Europa e votando leis xenófobas contra os imigrantes que moram nas periferias das grandes cidades, são acuados pela polícia nos bairros pobres e sobrevivem na precariedade absoluta ou em prisões.
Frente ã opção de “Civilização ou Barbárie” na boca dos responsáveis cotidianos pelas guerras imperialistas e pela fome de milhõres, a luta é tanto contra a extrema direita como contra a “frente republicana”, igualmente anti-imigrante, anti-operária e anti-popular.
Os grandes problemas enfrentados pelas massas exploradas e oprimidas da França e Europa não terão solução efetiva sem tomar o poder dos exploradores.
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