Lamentamos dar a triste notícia da morte de nosso companheiro, dirigente operário, Leo Norniella. Desde que se soube desse fato duro, operários da Pepsico Snacks, de outras empresas da Zona Norte (principal zona industrial da Argentina), amigos, militantes e dirigentes do PTS, chegaram ao hospital, enquanto na fábrica, tanto a Comissão Interna (da qual Leo fazia parte) como os próprios dirigentes ligados ã burocracia sindical exigiram e conquistaram que a patronal desse liberação por luto.
Leo tinha já há bastante tempo uma depressão. Na noite passada, teve uma crise que o levou a tomar muitos comprimidos de calmante, motivo pelo qual foi internado no Hospital Castex. Na madrugada de hoje, quinta 12/3, seu quadro clínico se complicou e terminou falecendo no hospital devido a uma parada cardiorrespiratória.
Leo foi membro da direção nacional do PTS durante vários anos. Havia começado a militar desde muito jovem, em meados dos anos 90, na regional San Martín da Juventude do PTS. Apesar de contar hoje com somente 39 anos, já fazia mais de 20 anos que militava, primeiro como dirigente juvenil e depois como organizador e dirigente operário do PTS.
Há 17 anos entrou para trabalhar na fábrica Pepsico Snacks, da categoria da alimentação, sendo um dos pioneiros do trabalho do PTS no movimento operário industrial da grande Buenos Aires. Primeiro se transformou em assessor de uma nova Comissão Interna independente da burocracia, e depois foi eleito como membro desta, transformando-se rapidamente na principal referência da fábrica, junto a Catalina Balaguer. A patronal e a burocracia do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação (STIA) não economizaram ataques contra eles, ao ponto de provocar um incidente com enfrentamento físico dentro da fábrica com o objetivo de que ele fosse demitido, no ano de 2002. Katy, sua companheira naquele momento, assume a defesa e atua como delegada de fato, sem ter estabilidade como dirigente sindical, motivo pelo qual também é despedida. Essa luta abriu uma intensa e enorme campanha que levou a reincorporação de ambos, culminando na “resolução Balaguer”, que criou uma jurisprudência para o reconhecimento dos “delegados de fato”.
Após isso, houve dezenas de manobras contra a Comissão Interna, como não avisar o vencimento do prazo para a apresentação das chapas, o que levou ao boicote da eleição e a entrada da polícia de Buenos Aires na fábrica, a mando da empresa e do sindicato para garantir as eleições fraudulentas. Simultaneamente a todo este processo, Javier “Poke” Hermosilla, também joven militante do PTS e amigo pessoal de Leo, entrou para trabalhar em Kraft Foods (monopólio mundial de alimentos) e se transforma em membro da Comissão Interna.
Um dos últimos grandes acontecimentos foi a tentativa de fraude nas eleições da Comissão Interna, onde fizeram votar dezenas de terceirizados que a empresa havia efetivado há pouco tempo, com o único fim de que votassem na burocracia sindical. Esta tentativa de fraude foi derrotada por um piquete de mais de 100 operários e operárias que impediram a eleição fraudulenta. O sindicato se viu obrigado a convocar novas eleições, onde novamente ganhou a chapa classista e do ativismo. Nas últimas eleições do sindicato (STIA) Leo Norniella foi eleito diretor de base pela chapa “Bordó”, impulsionada pelo PTS e independentes. Por isso, não foi parte da nova Comissão Internada Pepsico, a qual se incorporou, entre outros, Camilo Mones, demitido da grande luta de Kraft de 2009 que entrou para trabalhar na Pepsico, e Mônica Ortiz, atual companheira de Leo.
Leo não era um caudilho sindical, mas um quadro político. Quem queira conhecer seu pensamento, pode ler as discussões com intelectuais como Daniel James e Juan Carlos Torre, ambos historiadores do movimento operário, publicadas na Revista Ideas de Izquierda (n° 2 e 4 respectivamente), assim como a reportagem junto a Lorena Gentile (da Comissão Interna de Kraft, e do PTS) e Roberto Amador (ativista demitido da fábrica Gestamp) publicado no n°11 da revista, onde expressa seu profundo conhecimento do movimento operário atual, não somente do ponto de vista sindical, mas também político.
É por isso que a norte de nosso companheiro Leo é um duro golpe para o PTS em geral e em especial para os companheiros e companheiras aguerridos da regional de nosso partido da Zona Norte, que há 9 meses estão sustentando uma luta duríssima contra as demissões na fábrica Lear, participando na ocupação da Madygraf – ex-Donnelley, que está produzindo sob controle dos trabalhadores, e seguem dirigindo as principais fábricas da alimentação, entre outras.
Ainda que por sua situação pessoal, já fazia algum tempo em que não tinha responsabilidade de direção no PTS a nível nacional ou regional, ninguém duvidava que era uma das grandes personalidades de nossa organização. Reiteramos nossos pêsames a seus pais, irmãos, sua companheira Mônica e a seus companheiros, companheiras e amigos mais próximos.
Como dissemos quando morre um revolucionário: Leo Norniella, até o socialismo, sempre!
12/3/15
Direção nacional do PTS frente ã morte de um dos nossos dirigentes operários
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