1- A capitulação do governo do Syrisa-Anel, com a assinatura do terceiro memorando, foi a culminação de uma série de concessões por parte de Tsipras perante a Troika. O terceiro memorando significa um novo “pacto colonial”, com o aumento de impostos para a população, reforma das pensões, privatizações, ataque aos acordos trabalhistas e novos cortes.
Syrisa transformou-se em um aplicador direto dos planos neoliberais mais duros contra os trabalhadores e o povo grego. Nessas eleições, Syrisa buscará legitimar-se para impor essas medidas contra o povo trabalhador. Não está descartado, mesmo pelo resultado de que termine em um governo de coalizão, como quer a Troika. Sua incrível abertura ao PASOK frente aos resultados das pesquisas menos favoráveis do que esperava Tsipras, demonstram isso.
2- Este verão na Grécia confirmou-se tragicamente a falência da estratégia do “governo de esquerda” e do neo reformismo, que defenderam grande parte das organizações da esquerda europeia e mundial desde 2012. A capitulação do Syrisa mostra o fracasso de uma política que buscava pressionar para “moderar” os planos de austeridade buscando um estímulo da demanda, mediante uma negociação com os “sócios europeus” no interior das reacionárias instituições da UE.
3- Unidade Popular, o partido criado a partir da divisão da plataforma de esquerda do Syrisa junto a outros grupos da esquerda grega, questiona o memorando e a política de “austeridade”, porém compartilha com o Syrisa uma estratégia reformista e parlamentarista, em que a chave é conseguir posições nas instituições capitalistas, em contraposição ao desenvolvimento da movimentação operária e popular. Sua estratégia de “saída ordenada da zona do euro” é uma alternativa soberana da esquerda que busca uma “reconstrução da economia nacional”, diante a volta a moeda nacional, maneira de gerar liquidez e uma desvalorização em relação ao euro para aumentar a competitividade com base em diminuir o poder de compra dos trabalhadores já diminuído por anos de recessão e austeridade. Os trabalhadores não devem optar por nenhum desses planos: austeridade ou desvalorização que não questionam os lucros capitalistas. Por outro lado, a UP continua com uma estratégia de conciliação de classes que já levou a catástrofe.
No caso da KKE, que também se opõe ao terceiro memorando e se localiza a esquerda do Syrisa, sua negativa permanente a desenvolver a frente única bloqueia a necessidade de retomar a mobilização operária contra os planos do governo.
4- Nos próximos meses, o novo governo que assumir começará a aplicar os cortes exigidos pela Troika. Depois do combate perdido com a UE, a decepção e o ceticismo pesam fortemente sobre os trabalhadores e os setores populares, que perderam a confiança em uma saída imediata da situação. Porém, mais cedo que nunca, a única solução progressista só pode vir ao retomar o caminho da mobilização operária e popular, desenvolvendo a frente única para luta nas ruas contra as medidas de austeridade. Os trabalhadores gregos demonstram uma enorme disposição de luta e resistência com mais de 30 greves geraiss e centenas de greves parciais no setor público e privado nos últimos anos. Contudo, essa energia foi dissipada pelas direções sindicais burocráticas ligadas ao PASOK e Nova Democracia. É necessário impulsionar a organização das bases nos locais de trabalho e estudo, para superar esta trava e implantar toda a força da classe trabalhadora, lutar para construir uma verdadeira greve geral e levantar um programa anticapitalista para dar saída a crise.
5- Se bem temos diferenças programáticas e estratégicas com Antarsya, em particular porque não defende claramente a perspectiva do governo operário e a luta pelos Estado Socialistas da Europa contra a UE do capital, consideramos que é progressivo que a maioria de suas forças tem resistido a Unidade Popular e sua política de colaboração de classes anti-euro, desde uma posição independente das variantes reformistas, apresentando uma alternativa unitária da esquerda que não está com Syrisa nem com a UP e o KKE. Por este motivo, chamamos a votar Antarsya nestas eleições.
6- Durante os meses anteriores, a esquerda do Syrisa ganhou presença nos meios de comunicação e no parlamento, porém foi incapaz de mobilizar importantes forças sociais de trabalhadores que se opuseram ao terceiro memorando.
É necessário defender um programa anticapitalista que inclua medidas como a de rejeição a todos os memorandos, o não pagamento da dívida, a nacionalização dos bancos sobre controle operário e outras medidas de emergência, que só podem ser impostas diante a mobilização operária e popular lutando por um governo dos trabalhadores.
Com este objetivo, é fundamental dar passos na construção de um partido revolucionário da classe operária, baseado na luta de classes, com forte inserção nos principais locais de trabalho e entre a juventude combativa.
7- A união europeia, depois de “chantagear” e “asfixiar” o povo grego para impor o terceiro memorando, segue mostrando sua cara mais reacionária com a resposta frente a chamada “crise migratória”, com medidas xenófobas que restringem a liberdade dos movimentos e fortalecem o controle sobre os refugiados e imigrantes “sem papeis”. A Grécia é um dos focos desta crise migratória. Frente ao aumento da xenofobia e das políticas reacionárias dos governos europeus, é necessário desenvolver uma perspectiva que unifique a luta pelos direitos dos imigrantes e refugiados e a luta pela abertura das fronteiras com a luta da classe trabalhadora de conjunto contra os capitalistas.
Contra a Europa do capital, que não pode oferecer mais que miséria e tragédias sociais para os trabalhadores e o povo, reivindicamos a luta por governos operários, na perspectiva dos Estados Unidos Socialistas da Europa.
Nicolás Del Caño, Myriam Bregman y Christian Castillo (PTS-Argentina)
Diana Assunção (MRT-Brasil)
Daniela Cobet (CCR – NPA- França)
Pela Fração Trotskista – Quarta Internacional
PTS (Argentina) – MRT (Brasil) – PTR (Chile) – MTS (México) – LORCI (Bolivia) – LTS (Venezuela) – JRI (Uruguay) - Classe contra Classe (Estado Español) – RIO (Alemanha) – e militantes da CCR do NPA da França y na Grã Bretanha.
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