Nas últimas semanas, as explosões em dutos de PEMEX (reivindicadas pelo Exército Popular Revolucionário - EPR - exigindo a aparição com vida de seus dois militantes desaparecidos), abriram uma discussão nos meios de comunicação e do regime sobre como melhorar a "segurança nacional", o que significa na realidade "como controlar o descontentamento popular". E isto ocorre com a transformação das massivas mobilizações contra a Lei do ISSSTE (Seguro Social) do mês de maio, e enquanto se preparam novas ações para o final de agosto, e onde a campanha repressiva pode reanimar a luta pelos direitos democráticos. Nesse marco, a recomposição do movimento oaxaquenho, apesar das perseguições e desaparecimentos, mostra que é o "calcanhar de Aquiles" de Calderón, o que está levando a setores do mesmo PAN (Partido da Ação Nacional) a enxergar numa hipotética renúncia do governador Ulisses Ruiz (URO) a forma de conter a mobilização e evitar que incentive novas lutas em outros pontos do país. E Oaxaca, por seus métodos e sua ação, é o epicentro indiscutível da mobilização nacional contra o governo.
Calderón necessita evitar a instabilidade e em particular os obstáculos que representam o questionamento ás reformas "estruturais" (proveniente também de vários setores patronais) assim como os recentes escândalos de corrupção que evidenciaram os vínculos entre o panismo e setores do narcotráfico.
Os atentados contra PEMEX
Depois dos atentados, e com o objetivo de fortalecer sua imagem como garantia dos negócios capitalistas, Calderón avançou na militarização das funções policiais, e anunciou a criação do "Comitê Especializado de Alto Nível em matéria de desarmamento, terrorismo e segurança internacional" (La Jornada 21/07/07).
O governo utilizou os atentados reivindicados pelo EPR para relocalizar as Forças Armadas como instituição pilar de seu governo, como mostram seus discursos e a maior militarização em distintas entidades, enquanto que se reduzem os orçamentos na saúde e na educação e milhões sofrem de fome e miséria, o governo continua aumentando o orçamento para as Forças Armadas e a Segurança Nacional.
Continua a repressão sobre os ativistas e lutadores
Como parte desta política governamental, continua a repressão contra distintos movimentos e lutas. Em Chiapas, corpos de elite dirigidos diretamente desde o Campo Militar n° 1, buscam fustigar as comunidades zapatistas e continuar a "guerra de baixa intensidade". Em Atenco, a "justiça para ricos" negou os amparos aos presos políticos condenados a 67 anos de prisão.
Em Oaxaca é onde esta escalada é a maior: as desaparições de Gabriel Alberto Cruz Sanchéz e Edmundo Reyes Amaya, junto a perseguição constante contra a esquerda e a Assembléia Popular dos Povos de Oaxaca (APPO), mostra que as forças repressivas utilizam métodos similares aos utilizados na "guerra suja”. O objetivo imediato contra os planos, os serviços de inteligência militar e o CISEN instauraram - com o pretexto do combate ao EPR e ao "terrorismo" - um verdadeiro estado de sítio.
E frente ao desprestígio provocado pela fraude e pelo constante ataque ás conquistas operárias e populares, Calderón deve usar mais diretamente as forças armadas, para facilitar o caminho ã escravista reforma trabalhista, a privatização de energéticos, entre outras medidas. Mas uma maior dose de “mão dura" poderia aprofundar a brecha entre o governo e o povo trabalhador, incentivando a mobilização. Como em Oaxaca, onde a política de URO, longe de desmobilizar gera novas ações de luta e de resistência.
Por uma grande luta contra a antidemocracia e a repressão do governo
Frente ao ataque do governo, é necessário retomar a mobilização nas ruas, unificando a luta contra a repressão, com ações para derrotar as contra-reformas estruturais.
Em primeiro lugar, é preciso impulsionar um grande Movimento Nacional contra a Repressão e a Antidemocracia. Pra além das diferenças que existam entre as distintas organizações, é fundamental uma luta unitária contra as perseguições, cuja primeira demanda deve ser a apresentação com vida de Gabriel Alberto Cruz Sanchéz e Edmundo Reyes Amaya e todos os desaparecidos, e pela libertação imediata e incondicional dos presos políticos de Chiapas, Atenco, Oaxaca e de todo o pais. Abaixo a repressão! Se atacam um, atacam todos!
Este chamado deveria ser encabeçado pela APPO e a Seção 22, junto aos sindicatos que se mobilizaram contra o governo, aos organismos de direitos humanos, assim com o EZNL e outras organizações indígenas perseguidas. Para começar suas demandas, este movimento tem que ser independente das instituições deste regime antidemocrático, como o Congresso da União. É importante que as organizações operárias e populares que integram a Convenção Nacional Democrática (CND), e exijam a sua direção que, se realmente querem lutar contra a antidemocracia, coloquem suas forças a serviço desta mobilização, já que, depois do dia primeiro de julho, suas ações se limitaram a discursos contra o governo.
Para organizar e dar bases firmes a este Movimento Nacional, é preciso conformar uma Coordenação Nacional contra a Repressão, onde estejam as organizações de direitos humanos, sindicatos e organizações populares, camponesas e indígenas, para discutir um programa que coloque, por exemplo, a dissolução das forças repressivas e a organização de comitês de auto-defesa contra as perseguições.
Como dissemos acima, é preciso lutar conjuntamente contra os planos de fome, repressão e antidemocracia. Para isso, é imprescindivel que os trabalhadores retomem o caminho da mobilização. Se o governo tem a força para amedrontar e reprimir, é - em grande medida - porque as organizações sindicais não estão nas ruas lutando por suas demandas e em solidariedade com Oaxaca. A tarefa de agora é que a APPO, a CNTE (professores) e os demais sindicatos e organizações populares e democráticas, convoquem uma Paralisação Nacional no campo e nas cidades, e uma grande mobilização nacional com bloqueio de estradas, contra a repressão e os planos de Calderón e do FMI.
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