Quedas na periferia, forte queda da bolsa japonesa e baixa das taxas de desconto nos EUA
A novidade desta semana é que os países semicoloniais se incorporaram com violência ã crise financeira internacional, ao se desfazer ou se verem obrigados a se desfazer, os investidores japoneses e muitos hedge funds (fundos de cobertura de risco) das posições especulativas e investimentos de ativos na periferia, em especial na Ásia. Nos últimos anos foi usual pegar empréstimos a taxas de juros inexistentes em ienes (a moeda japonesa), para logo investi-los em ativos de risco (“carry trade”) na periferia. Isto é o que explica -entre outras coisas- a forte queda nos países emergentes em especial da Ásia nesta semana.
O BNP Paribas calcula na bagatela de 1,2 bilhões de dólares os ativos financeiros acumulados por esta prática que inundaram os mercados e ativos da periferia asiática ou em lugares tão remotos como Islà¢ndia, Nova Zelà¢ndia ou Brasil. Os fluxos de ienes têm sido uma das principais fontes que inundaram os mercados de ativos nos dois últimos anos, junto com o superávit de petrodólares dos países exportadores de petróleo, assim como as grandes reservas em divisas de países como China ou Rússia. A liquidação destes ativos para voltar a pagar caro pelos empréstimos feitos no Japão é o que explica a forte alta do iene. A escala do movimento especulador lembra a violenta alta do iene em 1998, um fator central nas cadeias de reações que levaram ã crise bancária global de uma década atrás. Estas recordações e o panorama sombrio que se inicia sobre a economia mundial, abalou a Bolsa de Tokio hoje que caiu 5.4 %, sua maior queda desde os atentados de 11/9/2001. As quedas golpearam fortemente as ações dos fabricantes japoneses de maquinaria como Komatsu, que haviam aumentado suas vendas na China e aos países produtores de matérias primas.
Mais tarde, em um surpreendente movimento, a Reserva Federal reduziu sua taxa de desconto (taxa a qual faz empréstimos aos bancos), o que demonstra a gravidade da crise financeira e mostrando uma disposição ã baixa das taxas de lucros federal como vinham exigindo desesperados os especuladores e grandes tubarões das finanças de Wall Street. É que como dissemos em artigos anteriores, a crise tem seu epicentro e ameaça golpear duramente o coração das finanças mundial. Na Europa: os principais bancos europeus já perderam mais de 10% de seu valor acionário. E isto é só o começo!
Europa do Leste, o elo mais débil da crise financeira internacional
Um movimento menor de “carry trade” similar ao do iene, mas com francos suíços, inundou a Europa do Leste nestes anos, financiando uma bolha imobiliária regional. Mais de 80% de todas as hipotecas na Hungria do último ano tem sido em francos suíços. O déficit de conta corrente é de 25% do PIB na Letônia e Bulgária e 18% na România. A Hungria tem um déficit fiscal e de conta corrente. Estes déficits vêm aumentando rapidamente. A Europa do Leste se encontra como a Ásia na pré-crise de 97 e pode ser o primeiro elo da cadeia capitalista a estourar.
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